• Capítulo 41 •

216 41 143
                                    

    Ainda no after, as luzes coloridas piscavam de forma rítmica. Luísa e Maiara encontraram um canto mais afastado na pista de dança, e o som pulsante da música preenchia o ambiente. Elas se moviam em perfeita sintonia, envoltas em um jogo de olhares e sorrisos.

    Lembranças daquele dia tão semelhante com o de hoje rodopiavam na cabeça de Maiara, e isso a fazia se deixar levar. Um after como aquele, música alta como aquela, escuridão como aquela e a mesma companhia.

    — Você dança muito bem, ruiva. Posso garantir que isso é uma qualidade rara — Luísa comentou. Estavam tão perto que sentiam o calor da outra.

    Maiara olhou por cima do ombro e abriu um sorriso.

    — Sabe, dançar é uma forma de se expressar. E eu gosto de ser autêntica em tudo o que faço — respondeu com uma piscada.

    Luísa devolveu o sorriso sem reparar. O álcool corria em suas veias com um calor palpável. Inclinou-se para sussurrar no ouvido de Maiara, seu hálito quente causando arrepios na mulher:

    — Ruiva, você não tem ideia do quanto seu sorriso é perigoso.

    Maiara riu. O álcool também estava começando a deixá-la mais solta.

    — Ah, é? E por que é perigoso?

    Luísa apenas sorriu, evitando a resposta que realmente queria dar. Não podia deixar que a bebida lhe levasse a lugares arriscados.

    — Ah, eu gosto do perigo. Por isso ainda sou sua amiga, sabia? — as palavras alternativas deslizaram fácil na boca de Luísa.

    Maiara se virou. Não deixou de notar como a penumbra do lugar deixava o olhar de Luísa profundo.

    — Ficar perto de mim é como um desafio pra você, então? — Maiara arqueou uma sobrancelha, como se achasse graça.

    Luísa meneou a cabeça. A música alta criava uma bolha ao redor delas, onde apenas o pulsar da batida e a tensão entre as duas existiam.

    — Você não sabe o quanto, ruiva — Luísa retrucou.

    Maiara sorriu, como se aquilo fosse uma grande brincadeira. Mas não era uma brincadeira para Luísa.

     — E se eu quiser saber? — Maiara deu de ombros, um gesto despreocupado.

    Luísa riu como resposta.

    — Quem sabe em algum momento eu te mostre? — Sorriu.

    Maiara continuou fitando seus olhos profundos e alguns segundos se passaram naquela hipnose. Com um estalo na mente, voltou a apenas curtir a música e se deixar fluir pelos movimentos.

    Ambas perceberam como de repente ficou mais quente ali, após aquela simplória interação. Pareciam conscientes de cada centímetro do corpo e como ele interagia com o mundo e com a outra.

     — Eu acho que… eu preciso ir tomar um ar — Maiara disse minutos depois.

    — Tudo bem, vai lá — Luísa disse, quando na verdade queria pedir que ela ficasse.

    Maiara assentiu e foi o mais rápido que pôde lá pra fora. Ansiava que a brisa fria da noite varresse para longe todos os seus pensamentos conflitantes.

    Em contrapartida, Marília e Maraisa fizeram um caminho silencioso até o hotel. O sabor adulterado da bebida da mulher ainda ecoava na mente de Maraisa. Ao questionar, a loira tentou tranquilizar, sugerindo que Murilo talvez tenha exagerado no licor e alterou o gosto. Maraisa não comprou aquilo. Parecia conveniente demais.

Jogo da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora