• Capítulo 27 •

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    Em dado momento, estiveram a caminho da “NaHouse”, estúdio do Eduardo Pepato, produtor delas – pelo que Maraisa soube –, que ficava a mais ou menos meia hora de onde estavam hospedadas. O plano era dar uma conversada sobre os projetos em andamento, ver se conseguiam avançar em alguma coisa, e trabalhar com as novas composições decidindo o caminho delas.

    Agora, Maiara estava de pé ao lado do tal Pepato enquanto ele estava sentado de frente para dois enormes monitores com todo o lado técnico de produção e mixagem musical. Marília estava sentada em um sofá enquanto folheava um caderno onde estava suas composições. Maraisa estava escorada no braço desse mesmo sofá enquanto dedilhava o violão para achar a nota específica que a composição da irmã, que estava transcrita no caderno no seu colo, pedia.

    Outras 2 pessoas também estavam presentes mas, sinceramente, Maraisa não ficou muito interessada em saber quem eram. Já tava claro que ela deveria saber e não tava a fim de fazer algum joguinho pra descobrir.

    — E essas são as inéditas que vão entrar no repertório do de São Paulo? — Maiara quis confirmar, e Pepato fez que sim com a cabeça antes de se virar pra Marilia.

    — Qual é mesmo o nome da composição que você quer mostrar?

    — “Nunca”. Pelo menos por enquanto — Marilia respondeu. — Mostrei pra Maiara hoje. Eu tava pensando se dava pra encaixar no novo repertório das Patroas ou em algum das gêmeas. O repertório pro próximo volume de Todos Os Cantos já tá todo bonitinho, fechadinho, eu não queria mexer. Só se não tiver escolha. Você me diz o que você acha.

    Pepato assentiu e em seguida se levantou. Marilia fez igual e se aproximou dele. Conversaram por alguns minutos e ele demonstrava compreensão pelo que Marilia estava dizendo enquanto ela mostrava seu caderno aberto e ia deslizando o dedo pela folha. Maiara se balançava quase imperceptívelmente pra frente e pra trás em uma espécie de dança enquanto gesticulava em uma mão e seus lábios se moviam, formando palavras que estavam sendo proferidas baixas demais pra Maraisa escutar. Ela estava repassando uma canção na cabeça.

    — Vem, eu vou tentar te acompanhar — Pepato enfim disse, apontando para o teclado e o pedestal com microfone.

    Marilia concordou distraidamente e desprendeu o microfone do pedestal. Maiara saiu do outro lado do ambiente e foi pro lado de Maraisa, abraçando ela pela cintura e inclinando a cabeça sobre seu ombro.

    — Gosto do que você tá tocando. Você fez alguma alteração na letra?

    — Só nesse verso aqui — apontou para a folha do caderno da irmã. — Consegue ler? Coloquei “a confusão em que eu vivi” para ter concordância com “não tinha como ser feliz”, ao invés do “passei”.

    Maiara concordou com o ajuste e observava Pepato fazendo um teste no som. Marilia esperava uma confirmação dele, o que teve logo em seguida. Maraísa os olhava com curiosidade.

    — Vai, pode brigar sozinha — Marília começou a cantar, olhando a letra apesar de ter ela de cor. — Paciência tem limite e eu não vou perder a minha...

“...'Tá se esforçando pouco
Sua ofensa 'tá entrando em um ouvido e saindo no outro
É que eu já não tenho mais saúde pra ficar nessa disputa
Se eu sair por essa porta, eu só levo a culpa
Não conta comigo pra isso, desculpa.

Nunca vai ouvir "to terminando"
De quem já falou tanto "eu te amo"
Nunca vai ouvir um palavrão de quem pôs um anel na sua mão
Nunca vai ouvir "to terminando"
De quem já falou tanto "eu te amo"
Nunca vai ouvir um palavrão de quem pôs um anel na sua mão
Nunca, oh, nunca...
(...)”

Jogo da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora