capítulo 26

35 7 3
                                    


— Ah... Oi! - Sorrio para ele na porta

— Posso saber quem fez minha filha sofrer tanto assim? - Pergunta se referindo a música, sorrio pelo o nariz dando espaço para ele entrar.

— Precisa de algo? - Pergunto vendo ele deixar a bandeja encima da cama.

— Não é... - ele me olha. — Hum... Eu... - Ele coça a nuca, gargalho vendo seu nervosismo. — Acho que desaprendi a conversar com você. - ele se senta na cama.

Fecho a porta do quarto e me aproximando sentando na cama também.

— Eu sei que você quer saber o porquê eu estou aqui... - pego uma uva da bandeja e como. — Mas eu só não sei se me sinto confortável em falar. - Ele assente.

— Eu te entendo abelhinha. - Ele sorri confortante. — Você ficou muitos anos longe do seu pai, e eu estou indo rápido demais...

— Não. - O corto. — Você está se saindo bem... - ele sorri fraco. — Mas eu não me sinto confortável porque... - Engulo seco. — A situação lá não foi nada confortável. - ele franze o cenho, mas depois balança a cabeça.

— Depois voltamos nisso, filha eu só preciso saber que você ainda me ama... Eu só quero saber se você me detesta pelo... Pelo o sumiço.

— Não te detesto. - Respondo. — Talvez eu esteja um pouco decepcionada, mas eu sei que isso não foi culpa sua.

— Posso saber como você está agora?

— Estou bem... Sabe, quando se passaram dois anos depois que você foi embora, eu pensei que tinha aprendido a viver com a sua ausência, mas não, sua ausência me trouxe inúmeras traumas e inseguranças. - Vejo ele sorrir triste. — Você sumiu do nada, e quando eu cheguei aqui não sabia o que fazer ao seu lado. - suspiro.

Não sei se deveria estar contando isso para ele, mas ele é o meu pai, acho que ele tem que saber tudo.

— E agora aqui eu estou ganhando pessoas incríveis, mas ninguém vai preencher o vazio que eu tenho aqui dentro, esse é um vazio que só você pode preencher, pai. - Vejo os olhos dele se encherem de lágrimas, e ele dá um sorriso sincero, sorrio também.

Primeira vez que me senti confortável de conversar com ele, e de chamar ele de pai... Ele é o meu pai!

— Filha eu te juro, te juro que vou preencher esse vazio. - Ele pega na minha mão. — Eu prometo que vou te dar todo o amor que eu não dei nesses anos! Eu prometo cuidar de você, vou estar com você em todos os momentos!

Me aproximo dele, ele também se aproxima a envolve os seus braços em mim e me abraça, me deito em seu tórax e fecho os olhos para sentir o afeto.

— Hum... - Me levanto e olho para ele. — Eu posso saber por que você foi embora? - os olhos dele se escurecem. — Só se você se sentir confortável, é claro.

— Claro filha... - Ele se mexe na cama para ficar confortável, coloco meus pés encima da cama e me sento também, cruzando as pernas.

— Ok...

— Ok.. - Ele tosse falso. — Quando sua mãe morreu eu me senti um péssimo homem, um péssimo marido e um péssimo pai, me culpei por não ter ido no mercado com vocês e não ter protegido vocês. Depois disso eu fiquei me perguntando como que eu iria cuidar de você sendo que não tinha forças nem para ficar de pé.
— Foi aí que eu decidi ir embora...

Meu Verdadeiro Lar - Cretinos Nível Hard (1° Livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora