V.14

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[n/a] Sem promessas, mas algo vai acontecer no próximo cap. 

°

Jude respirou fundo. 

Tinha as costas apoiadas na parede do vestiário e os olhos fechados, recitava um velho verso que tinha aprendido quando novo, um ritual habitual antes de cada jogo, controlava a respiração se concentrando em cada parte de seu corpo, sentindo os músculos aquecidos e tensos, sentindo a firmeza do próprio físico e os pensamentos que acompanhavam a explosão de adrenalina que era entrar em campo. 

Ele tinha passado o dia anterior a deriva, sem saber ao certo o que fazer com seu segredo, que não era mais um segredo aquela altura do campeonato, com Erling o avaliando e procurando, visivelmente, na própria mente a solução para um problema urgente, eles tinham discutido de forma superficial o que aconteceria depois daquele jogo, mas a promessa de Haaland era clara: ele não contaria para Pep da lesão. 

Jude tinha pedido ajuda em dobro para cuidar de sua panturrilha, Poppy e Zidane tinham enfaixado sua perna antes dele entrar na van a caminho do estádio onde o jogo mais importante aconteceria. 

Eram as quartas de final contra um grande adversário, o time tinha certa tradição em perder para o rival nesse momento do campeonato, mas dessa vez seria diferente, tinha que ser diferente. O campeonato chegava ao fim e se eles ganhassem estariam automaticamente classificados para aquele que compreendia toda a Europa, era uma decisão importante demais para ser deixada de lado apenas por ser uma quarta de final. 

Ele tinha passado todo o caminho até o Old Trafford, que durava cerca de uma hora e meia, tentando acalmar a própria mente, deveria estar relaxado, deveria ser seu jogo, ele deveria dominar aquilo que tinha dedicado sua vida. 

Assim Haaland tinha os olhos fechados durante o caminho, claramente não estava dormindo, ninguém conseguiria dormir naquelas condições, então ele apenas estava "meditando" como De Bruyne costumava dizer. 

A van estava em silêncio, o caminho de volta seria diferente dependendo do resultado do jogo, então Jude não se importou em usar os fones de ouvido para abafar os diferentes ruídos, escutava uma música e tentava distrair seus pensamentos quando prestou atenção numa delas, que falava claramente sobre um homem, ou melhor, o corpo de um homem num estado que Jude estava evitando. 

Ele abriu os olhos, tentado se distrair do que de repente tomava sua mente e com a adrenalina não favorecendo seu estado. 

Ele parecia um adolescente que tinha acabado de entrar na puberdade. Se mexeu, procurando o celular para trocar a música e sem querer esbarrou em Haaland, que estava sentado ao seu lado no caminho. 

- Foi mal - Sussurrou. 

A van estava escura, a tensão transformava tudo num momento propício para ter certas atitudes... precipitadas. 

O jogador de repente tinha os olhos bem abertos e fixados em Jude, com o corpo jogado na cadeira e os músculos relaxados, as coxas desinibidas por baixo da bermuda que, infelizmente, estava levantada pela posição dele no banco, as mãos apoiadas no abdômen visível por baixo da camiseta colada. Haaland se mexeu, descendo as mãos até as coxas. 

Jude se amaldiçoava por acompanhar os movimentos, sentindo-se até culpado por saber que sua expressão esbanjava desejo, os olhos brilhando na luz fraca e as pupilas dilatadas por outro motivo se não a escuridão. 

Ele queria falar, mas tudo que saiu foi um murmúrio esquisito. 

Jude sentiu seu corpo arrepiar quando Erling se moveu novamente, descendo a mão até sua panturrilha e a envolvendo gentilmente. 

- Não consigo parar de pensar, espero que fique bem até o final do jogo - Ele disse, num tom baixo, sereno, a voz áspera e a respiração forte. 

Jude sabia que estava excitado e seu problema maior consistia em esconder aquilo. Ele nunca tinha se sentido dessa forma antes, não suportava um simples toque ou uma forma de se mover, o jeito de falar ou de mexer no cabelo de Haaland. 

- Eu vou - Sua voz saiu fina, totalmente constrangedor. 

Somente após isso Haaland assentiu, apertando de leve a panturrilha de Jude e finalmente a soltando. 

Deus. 

°

Eles entraram em campo e a parte do estádio ocupada pela torcida azul rugiu, batendo tambores e estendendo a bandeira de Manchester City. 

Jude se sentia importante sabendo que trazia grande promessa para a camiseta vinte e dois naquele time, tendo certeza de que sua performance ia ser das mais geniais. 

Ele queria tanto isso que afirmava, acreditando quando Guardiola o encarou com expectativa e orgulho. Acreditando quando o juiz apitou e o jogo iniciou, tendo ideia do olhar feroz por baixo da camiseta vermelha de Manchester United, dos jogadores com garra e que, assim como eles, tinham vindo com pura sede de vitória. 

Não era um jogo favorável para o time azul, mas eles sabiam que tinham a clara chance de ganhar, mesmo que fora de casa. 

Erling era impossível no estado que se encontrava, com a irritante personalidade que incomodava tanto Jude totalmente aflorada. 

O cabelo vermelho de De Bruyne brilhava como nunca e o físico de Grealish faziam os olhos de Jude se encherem de lágrimas. 

Eles iam atrás, tomando a bola, chutando e passando, trocando a marcação e sempre com o olho vidrado em Haaland que parecia dominar o ataque adversário, se posicionando exatamente nas falhas que sua mente bem treinada encontrava. 

E assim se passando o primeiro tempo. 

Calmo até seus últimos minutos quando o volante do time adversário acompanhou De Bruyne numa jogada e, com a clara oportunidade de marcar, resolveu cometer uma falta a tomar um gol. 

O jogo parecia começar naquele exato minuto que o juiz levantou o cartão amarelo. 




The Secret Of Manchester - Erling Haaland & Jude BellinghamOnde histórias criam vida. Descubra agora