Capítulo 18 - Conversas, toques & beijos

1.6K 163 197
                                    

[Quinta-feira, manhã]

Felix terminou de atravessar a rua e deu graças pelo semáforo ter ficado vermelho e ele poder fugir de Changbin.

Não estava em condições de falar com ele.

Não agora.

Foi de cabeça baixa pro primeiro banheiro que viu. Tirou a mochila, colocou em cima da pia e se apoiou com as duas mãos na beirada de mármore. Ergueu o rosto e encarou sua face com os olhos vermelhos e inchados pelo choro, tanto o de ontem quanto o de hoje. Tinha leves olheiras, já que não tinha conseguido dormir direito, e sua expressão era de alguém que estava acabado psicologicamente.

"Não me trata assim, moleque. Eu não te devo nada"

Fechou os olhos com força. Aquela frase rodava em loop na sua cabeça.

Escutou uma torneira abrir e viu que tinha um ômega, provavelmente um calouro, ao seu lado, lhe olhando de canto. O encarou de volta e ergueu a sobrancelha como quem diz "Tá olhando o quê?" e o mais novo só secou as mãos rápido e saiu.

— Agora eu intimido calouros também...? — falou bem baixinho.

Ligou a torneira e lavou o rosto, tentando acordar um pouco e ver se ajudava no rosto inchado.

— Nem faz tanto tempo assim que eu conheço ele! Como pode eu já estar apaixonado a esse ponto? — falar com ele mesmo o acalmava, liberar o que guardava, sabe? — Tá, ele é gostoso, é gentil embora não pareça, é marrento de um jeito muito sexy, tem uma risada fofa e me protegeu várias e várias vezes. Mas isso é motivo pra gostar dele? — sua única resposta foi o silêncio ensurdecedor dentro do cômodo.

Abriu sua mochila, pegou sua nécessaire amarela do Piu Piu e tirou de lá sua base. Ia tentar esconder um pouco sua cara de acabado.

Finalizou com o gloss e guardou tudo, colocando a mochila de novo nas costas. Mal fez essa ação e escutou o sinal tocando. Estalou os olhos e correu em direção a sua sala. Felizmente chegou antes do professor. Parou na frente da porta, ofegante, e recebeu diversos olhares. Ajeitou a postura e arrumou a mecha de cabelo que caía em seu olho. Então, elegantemente, foi até seu lugar, sendo acompanhado desde o início pelo olhar de Jisung.

— Você tá todo arrumado, mas não me engana não — o de vermelho disse quando o outro sentou atrás de si — Tá todo xoxo e capenga por dentro.

Se referiu a como o loiro estava vestido: uma camiseta de manga longa listrada de branco e preto, uma camiseta preta por cima, a saia amarela quadriculada e os Vans pretos. Esses que dificilmente ele usava.

— Ai, Jisung. Me deixa! — e jogou a parte de cima do corpo na carteira, escondendo o rosto nos braços. Só levantou quando o professor de física chamou sua atenção.

Aquelas três aulas foram torturantes. Primeiro física, pra começar muito bem, com suas forças e vetores e blá blá blá. Depois matemática com aquelas matrizes enormes, uma delícia (sintam a ironia). E por fim, geografia. Não que não gostasse de geografia, ele gostava. Era de humanas, afinal. Mas hoje não era um bom dia pra qualquer matéria.

Finalmente, finalmente, o sinal do intervalo tocou. O Lee sentiu um peso saindo de sua cabeça. Já tinha vários, pra início de conversa, e ainda por cima vinha todas aquelas informações pra guardar. Como odiava ser colegial nesses momentos.

— Vamo. Levanta a bunda daí que eu tô com fome — a voz de Jisung o fez revirar os olhos instantaneamente.

— Você é delicado igual coice de mula — respondeu, levantando de má vontade.

Skirts Club • ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora