Capítulo 14 - Sorvete, ajuda & sala do zelador

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[Quarta-feira, manhã]

Changbin ia se arrastando pro banheiro.

Assim que chegou, a primeira coisa que fez foi segurar nas bordas da pia e olhar com os olhos meio fechados para seu reflexo no espelho.

Não tinha dormido direito de novo. Estava um trapo.

Seus olhos estavam com fundas olheiras e seu rosto mais pálido que o normal, seus cabelos um ninho de rato e sua expressão mais desanimada do que o de costume. Seu encontro com seu pai ômega o tinha deixado bem abalado.

"Tio, cadê meu papai?"

Fechou os olhos com força.

Não queria pensar naquilo.

Tirou a samba canção que usava pra dormir e foi tomar banho. A água quente correndo por seu corpo fez seus músculos tensos relaxarem.

"Ele não vai vir, não é?"

Fechou o registro e puxou a toalha branca pendurada no box.

"Acho que batemos um recorde esse ano"

Saiu do banheiro e foi se vestir. Depois de pronto, olhou pra sua imagem no espelho atrás da porta de seu quarto.

Cabelo bagunçado, camisa mal abotoada, calça amassada e gravata frouxa.

Ótimo.

Pegou as chaves da moto e logo estava na rua, andando o mais rápido que as ruas de uma capital permitiam sem que fosse multado. Nem dez minutos depois, estacionou na frente da casa amarela de dois andares a qual já estava tão habituado. Desligou a moto e foi devagar até a porta, assim que levantou a mão pra bater, ela se abriu.

— Bom dia, Binnie!! — um sorridente ser completamente vestido de amarelo disse — Credo. O que houve com você?

Felix olhou pra imagem desleixada de seu namorado de mentira e torceu o nariz. Nunca o tinha visto tão desorganizado.

Começou a desamassar a camisa e a calça ao passar suavemente a mão sobre os tecidos, então ajustou a gravata e levou as mãos para os fios despenteados. Passou os dedos por eles e os ajeitou. Em seguida, desceu ambas as mãos para o rosto dele, as encaixando em cada bochecha.

— Bem melhor — disse enquanto apertava levemente aquele rosto emburrado — Você tá legal?

A pergunta que ele não queria ouvir.

O Seo estava até melhorando um pouco o humor ao ver o quão incomodado o ômega ficou com seu visual ao ponto de ele mesmo o arrumar, mas então veio o tópico que ele queria esquecer.

— Só... Vamos esquecer isso, tá? — disse ao suspirar e levar as mãos pra sobreporem as do maior, as tirando de lá.

— Tá bom. Mas não finja pra mim que está bem, porque você não me engana não — o mais novo estreitou os olhos de uma forma engraçada e fez um leve sorriso aparecer no rosto abatido.

Objetivo atingido com sucesso.

— Anda. Vamos logo senão vamos atrasar — o alfa disse, vendo em seguida o loiro puxar o capacete amarelo de cima da mesinha que ficava perto da porta da entrada. Os dois saíram de frente da casa e subiram na motocicleta.

Era automático. Assim que Felix subia na garupa, agarrava a cintura do outro e apertava o máximo que podia seu corpo no dele. Isso sempre fazia o moreno rir.

Por alguns instantes, ele foi capaz de esquecer tudo o que o tinha abalado, mas foi só ver a fachada do colégio que tudo voltou de uma vez.

Assim que estacionou, o ômega pulou rapidinho pra fora do banco. Tão rápido como se o assento estivesse fervendo. Assistiu ele tirar o capacete amarelo e arrumar os fios que, cá entre nós, não tinham bagunçado nenhum um pouco. Logo ele desceu e tirou o capacete, o guardando no compartimento da moto.

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