Capítulo 10 - Casa, sofrimento & "Quantas vezes?"

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[Domingo, início da tarde]

Jisung foi acordando aos poucos.

Primeiro começou tendo consciência de seu corpo. Sabe, quando você acorda e passa a sentir tudo de novo? Como se fosse uma máquina ligando? Depois, sentiu o quentinho da sua cama, estava tão bom que abraçou o travesseiro. E então, a forte luz do sol passou a irritá-lo.

"Esqueci a janela aberta" foi o que pensou.

Quando finalmente resolveu sentar na cama, ainda meio grogue, percebeu que, além da sua saia e meias, não vestia mais nada. Por um momento não entendeu o porquê tinha dormido daquele jeito, mas logo as memórias do dia anterior voltaram com força.

Olhou ao redor no quarto e viu sua blusa jogada num canto no chão e seus All Stars caídos de qualquer jeito perto da cama. Olhou rápido pro lado e viu o espaço vazio no colchão, apenas o lençol branco bagunçado com o forte cheiro do mais velho ali. Olhou pro quarto de novo e procurou por qualquer sinal dele, mas nada, as roupas tinham sumido. Virou rápido o rosto pra porta e a viu aberta, sendo que lembrava de tê-la deixado meio fechada quando passou por ela ontem no colo do alfa.

Sentiu os olhos marejarem e o peito doer. Encolheu as pernas e abraçou-as pelo joelho, chorando silenciosamente logo em seguida. Um soluço de doer o coração saiu de sua garganta.

— Eu sabia...

— Sabia o quê? — perguntou o Lee ao passar pela porta com duas sacolas na mão — Nossa, Hannie, não tem um mercadinho decente perto da sua casa. Sofri pra achar uma loja de conveniência e... — o maior passou a olhar de fato pro ômega e percebeu o corpo todo encolhido, os braços envolta das pernas e os olhos brilhando com as lágrimas — Espera, você tá chorando? — disse com o cenho franzido.

O alfa largou as sacolas no chão e foi o mais rápido o possível pra cama, sentando e levando as mãos pro rosto do menor.

— O que aconteceu? — tinha as duas mãos nas bochechas molhadas, passou o dedão de cada mão abaixo dos olhos do ômega, enxugando as últimas lágrimas que tinham escorrido.

Jisung ficou mais do que surpreso ao ver que: não, Minho não tinha fingido que nada tinha acontecido; não, ele não tinha o largado sozinho depois de transar com ele; e que, não, ele não tinha ido embora.

— Não é nada — respondeu, fungando um pouquinho e passando a mão no nariz — Mas e aí, comprou o quê?

— Ah, umas coisas. Não sabia do que gostava então peguei de tudo — ele levantou e foi até as sacolas — Tem até Coca!

— Você comprou Coca pra tomar no café da manhã, Minho? — perguntou quase rindo, vendo o mais velho dar de ombros.

— Em minha defesa, já tá na hora do almoço — ele riu em seguida — Vem, vamos pra sua cozinha que eu tô morrendo de fome. Fiz esforço demais ontem, sabe? — disse como quem não quer nada.

— Ah, sim, sim, claro. Aeróbico, né? — o ômega sorriu arteiro e colocou as pernas pra fora da cama, mas assim que ficou de pé, caiu de joelhos. Suas pernas tremiam, estavam instáveis.

— Meu Deus, Hannie, você tá bem? — o Lee foi correndo se abaixar pra verificar o outro.

— Não sinto minhas pernas... — olhou pra cima e viu a expressão do mais velho passar de preocupada pra convencida.

— Acho que você está me devendo outra foda agora, Sung — sorriu safado e passou o braço por detrás das costas do outro, puxando-o pra cima e o carregando no colo estilo noiva — E eu vou cobrar mais cedo do que você imagina.

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