particles.

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Querido, diga-me se eu estou sendo estranho, e se eu precisar reorganizar minhas partículas, eu farei por você.
E se eu sou a sombra de um fantasma, como se alguém tivesse hospedado.
Querido, eu não quero fazer uma cena, mas me tornei autodestrutivo.
E isto está te levando para longe.

— particles; nothing but thieves.

··· • ···

Sentindo o vento gelado que entrava pela enorme janela do quarto, Seonghwa acordou, não abriu os olhos, porém. Às cegas, buscou pelo corpo do alfa que na madrugada prometeu que iriam conversar — ou brigar, com certeza a segunda opção —, mas não estava ali, o vazio foi tudo que o moreno encontrou quando estendeu sua mão para tocar o corpo do marido. Os olhos azulados pelo lobo desperto eram um tanto raivosos ao se abrirem apenas para que Seonghwa tivesse a certeza que o menor não estava em lugar algum. Ele suspirou, levantando da cama e se enrolando no cobertor grande que cheirava como seu alfa. Amava o cheiro dele. Era quente, aconchegante e único para si, não existia uma essência que fosse superior à de Hongjoong.

Sem se importar muito se poderia causar um acidente nas escadas, o ômega desceu os degraus brancos com certa rapidez, voltando a andar lentamente apenas quando seus pés descalços tocaram o chão plano, da mesma cor que a escada. Era tudo branco demais, havia gostado quando escolheu aquela casa, mas agora parecia mórbido como um hospital. Cruzou a sala ignorando a bagunça deixada pelo alfa na noite anterior e rumou para a cozinha, resmungando baixinho:

— Eu não acredito que esse idiota fez toda uma cena de raiva só pra me largar sozinho na cama. — disse, ainda andando como um grande charuto cinza pela casa, era fofo.

— Falando sozinho?

A voz calma e suave do alfa fez Seonghwa arregalar os olhos brilhantes, dividido entre gostar de vê-lo ali, e ainda carregar certa mágoa pela noite anterior. Sabia que estava errado, mas queria ser tratado como antes, quando acompanhava o Kim mais novo com uma taça de vinho atrás da outra e no lugar de uma noite quente, o alfa cuidava de si e o resultado da bebedeira exagerada.

— Pensei que você já tinha ido trabalhar. — Sua voz não era mais que um resmungo, quase miado, mas Hongjoong conseguiu ouvi-lo muito bem. — Você sempre sai tão cedo…

— Pedi pra chegar duas horas mais tarde, vou pagar com hora extra. — explicou, o alfa. — Fiz o café, pensei que fosse acordar com uma ressaca muito pior, mas você parece bem.

— Minha cabeça dói e o corpo também, mas acho que um cio me deixa pior. — Deu de ombros, sentando em um dos bancos que ficavam sempre dispostos ao redor da ilha, no centro da cozinha. — O que você fez?

— Comprei alguns biscoitos leves, frutas e literalmente fiz o café. — Hongjoong apontou a cafeteira e o ômega quis dizer que o café não foi feito por ele apenas por birra, mas as frutas cortadas sobre a mesa fizeram Seonghwa desistir de sua própria pirraça. — Também tem suco de laranja, seu estômago deve estar muito sensível. Por que bebeu tanto?

Seonghwa ignorou a pergunta por hora e serviu um pouco de suco em um copo, pegando os biscoitos de dentro do pote e colocando sobre o prato que o alfa colocou na sua frente enquanto explicava.

— Não bebi tanto assim, foram cinco drinks. — Grandes e com muito teor alcoólico, mas o alfa não precisava saber dessa parte. — Eu só não tinha mais nenhum costume de beber, e eu bebi para comemorar minha volta. O pessoal da agência ficou bem feliz em me ver novamente.

— Você é uma estrela, qualquer um ficaria feliz em vê-lo. — O elogio baixo veio acompanhado de um sorriso doce, o que fez o ômega falhar em esconder seus feromônios alegres que rapidamente tomaram a cozinha, doce e delicado como o alfa gostava. Hongjoong não disse nada, já que notou a vermelhidão nas bochechas do outro, não queria deixar tudo ainda mais constrangedor para ele. Seonghwa não gostava quando se descontrolava assim, então o alfa fingia não ver. — Não vai trabalhar hoje?

𝐆𝐇𝐎𝐒𝐓 𝐎𝐅 𝐔𝐒 • seongjoong | ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora