13 - Eu Vou Salvá-la

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Wednesday sentiu o rosto queimar, uma dor que nem de longe imaginou sentir, e o corpo levemente dormente, Wednesday puxou Ethan do volante o colocando sentado na escada do ônibus. Ela olhou novamente Enid ali naquele asfalto, no frio, as lágrimas banhavam seu rosto e seu coração estava se partindo. Ela não conseguiria salvar a namorada daquela morte cruel, talvez nem quisesse ser salva também, porque não via sentido numa vida sem ela, porém as pessoas dentro do shopping contavam com ela.


Wednesday viu que os zumbis estavam próximos da loira alucinados pelo cheiro do sangue dela que banhava o asfalto e chorou mais ainda. Não estava preparada para ver aquilo acontecer.


Seria brutal e Wednesday quase agradeceu por Enid estar desacordada e não sofrer. Wednesday pôs a mão na chave de ignição do ônibus, ela faria um último sacrifício lacrando a entrada do Shopping e salvando todos que lá dentro se encontravam, ela não poderia salvar Enid nem a ela mesma, mas daria seu último fôlego para garantir o das amigas, seu corpo queria desligar e ela queria simplesmente fechar os olhos tamanho cansaço.


De repente batidas na porta do ônibus "Eles chegaram, malditas criaturas!" pensou a morena, crente que os zumbis estavam ali, até ouvir aquela voz.


— Wednesday! Abre! Eles estão chegando! WEDNESDAY!


A morena se sobressaltou ao ouvir alguém gritar seu nome, ela olhou a porta do ônibus e lá estava Xavier, ele estava ferido, sangue pingava da boca do rapaz, ele mais parecia que tinha acabado de lutar a segunda guerra mundial. Quando ela abriu a porta se permitiu desabar no chão em prantos. Xavier trazia Enid nos braços, seu peito totalmente ensanguentado pela loira que ele havia tirado da estrada e carregado até o ônibus. Ela não saberia explicar, talvez nem mesmo Xavier poderia explicar de onde conseguiu reunir forças depois do acidente brutal que sofreram.


Xavier entrou cambaleante no ônibus e deixou Enid nos braços de Wednesday e assumiu o volante, olhou para aquelas criaturas que se alimentavam do corpo de Kent e agradeceu por ele ter morrido instantaneamente no impacto com o chão. Sentiu raiva. É impressionante o que a raiva desperta nas pessoas, coragem, medo ou mais raiva ainda. No caso de Xavier, mais raiva e coragem ao mesmo tempo.


Quando o ônibus bateu no poste, tanto ele quanto Kent e Enid haviam sido lançados pelo pára-brisa no meio da rua.


Xavier nem sabia como, mas se manteve consciente durante todo o tempo, ele ouviu os gritos desesperados de Wednesday e os gemidos das feras que se aproximavam, e quando viu Enid jogada ali toda machucada, seu peito doeu. Xavier a amava, em muito pouco tempo aprendeu a admirar aquela menina. Sua coragem, sua inteligência. Ele a amava ao ponto de salvá-la e torcer para que ficasse bem ao lado de Wednesday. Ele via o amor que ali existia e estava feliz, aprendeu a admirar e respeitar o relacionamento delas. Xavier jamais insinuou nada para elas, nem um olhar de cobiça ou um sentimento de inveja. Ele respeitava acima de tudo. Ele estranhamente não sentia raiva ou inveja do amor delas, quando ele via o sorriso que Enid direcionava a Wednesday, seu peito se enchia de felicidade. Talvez seu amor fosse mais um modo de suprir a falta que tinha de sua família. Pois aprendeu a amar cada um daquele grupo.


Naquele momento ele decidiu que daria a vida se preciso por eles, aqueles estranhos dentro do Shopping. Ele girou a chave e quando o motor emitiu um barulho, Xavier urrou tomado por uma fúria desmedida vinda dos confins de sua alma. Engatou a marcha ré e descolou a frente do ônibus do poste que ameaçava cair empurrando para trás a massa de mortos-vivos que se aglomeravam na traseira do mesmo. Ele virou o ônibus de frente para o shopping, mas em vez de ir para frente ele continuou de marcha ré se afastando do prédio enquanto os mortos se reuniram na frente tentando alcançá-los.

Survive - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora