Capítulo 4 - A perseguição

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- Cara, você viu aquela morena correndo na esteira rolante? Nossa, que gata! - o maromba entra no banheiro, com seus dois colegas.

- Sim, ela deve ser nova por aqui, nunca vi ela. - quando o segundo fala, o feiticeiro desconfia da conversa. Eles poderiam está falando da Mirella.

Rogério e Lorenzo estavam ainda dentro do banheiro pequeno. A porta que estava lá era de madeira, chegando até em baixo, sem deixar nenhum espaço para ver os seus pés. E tinha um trinco de ocupado, que nesse momento estava aberto.

Automaticamente, o Lorenzo olha para o trinco aberto e o fecha, fazendo um grande barulho no ambiente.

Os caras que estavam lá escutam. - Eita mano. Esse cara deve está de caganeira - o mais alto dos três fala.

- Será? - o grupo se encaram por alguns segundo, e o mesmo continua a falar. - OH MANO?! VOCÊ ESTÁ DE CAGANEIRA?! - ele pergunta gritando.

Os dois se olham nervosos, e quase na mesma hora eles falam, se embolando na resposta. O Lorenzo fala que sim, enquanto o Rogério fala que não.

- O quê? - o de cabelo liso fica desconfiado ao ouvir duas vozes falarem quase na mesma hora.

Para tomar controle da situação. Rogério aponta para ele mesmo, sinalizando ao cacheado que ele iria responder. Lorenzo entende e balança a cabeça em confirmação.

- Não estou! É que esqueci de fechar o trinco.

- Agora entendi. Fique de boa, ninguém vai cagar com você não - o mais forte dos três fala, e os outros começam a rir. Enquanto o Lorenzo e o Rogério se olham, sentindo vergonha alheia dos caras.

Continuando a conversa paralela entre os palhaços do banheiro, o casal espera pacientemente os caras saírem dali.

Quando a rapaziada saiu, os dois também saem do mine e minúsculo banheirinho, que eles estavam se pegando.

- Que loucura - Lorenzo fala em frente a pia do banheiro, lavando as suas mãos e passando um pouco no rosto, para amenizar o calor.

- Realmente. Aliás, aqueles caras estavam falando da Mirella. Eu tenho certeza. - fala o Rogério colocando sua roupa. Depois joga a camisa do Lorenzo, para que ele se vista também.

Lorenzo pega a camisa no ar. E olhando para o Rogério, ele se questiona, preocupado com a amiga do barbudo. - Será?

- Acho que sim. Vamos lá ver se ela está bem - o de barba espera o malhado vestir a roupa.

- Vamos? Quer sair mesmo comigo do banheiro? - Lorenzo levanta suas sobrancelhas, nessa hora ele já estava vestido.

- Claro. Não tem nada de mais nisso. Digo para mim, né! Não sei para você... Está tudo bem se sairmos juntos? - Rogério olha para o Lorenzo fixamente, parecia que estava tentando de alguma maneira ver se vinha algo na mente do malhado.

- Bom... Eu não tenho. É que as pessoas geralmente fazem isso para ninguém desconfiar, sabe? - ele responde pondo a mão direita na bancada da pia, e o encarando da mesma forma.

Lorenzo estava agindo assim porque ele não queria ser descriminado de novo. Pois além da cor da sua pele, ele tinha medo de ser descriminado por conta da sua sexualidade.

- Isso daí é besteira para mim. Podem pensar no que quiser sobre mim. - Lorenzo admira as palavras que saíram da boca do rapaz que estava na sua frente. - Mas vamos sair logo daqui - Rogério anda até chegar na porta do banheiro, abrindo a porta ele espera o cacheado passar na sua frente, antes que ele feche novamente.

Lorenzo fica feliz por saber que o Rogério era uma pessoa de mente aberta, e que não sentia vergonha do que os outros iriam pensar. Na sua mente, pessoas bissexuais são bem mais fechadas para isso. Pois os bis que ele se envolveu tinha essa preocupação, seja a aceitação dos seus familiares a como as pessoas iriam reagir ao ver eles em uma cena de afeto na rua.

Lorenzo sabia desde o momento em que viu o Rogério na balada que ele era diferente dos outros. Sua áurea transmitia liberdade, e isso dava um pouquinho de medo no malhado. Não medo dele, mas medo das outras pessoas.

Lorenzo ver o Rogério fazer uma gentileza ao segurar a porta para ele passar. Dando um sorriso, ele anda na direção da porta do banheiro e sai.

Quando ele sai, o safado que estava segurando a porta, dá um tapinha de leve no bumbum durinho do Lorenzo.

O cacheado vira o rosto, e olha para o Rogério, que estava dando um sorriso. - Você gosta de brincar, né? Te digo nada - o próprio dá um sorriso rápido.

Rogério rir rapidamente e fala - Desculpa, eu não resisti.

Lorenzo continua sorrindo, besta de ver a risada do barbudo. Depois que seu companheiro para de rir, ele fala. - Acabou? - Rogério assente com a cabeça. - Ótimo, vamos logo procurar a sua amiga. Aquela lá...

- Mirella - Rogério fala fechando a porta do banheiro.

- Sim. Ela mesmo - Lorenzo afirma.

- Quando você falou que era horrível com nomes, não sabia que era tão sério assim - Rogério da outra risada, e tenta pegar a mão do Lorenzo para andar de mãos dadas.

O malhado ver o que ele queria, e se afasta da mão do Rogério, que fica um pouco desconfortável.

Lorenzo sabia que se pensasse qualquer coisa agora o telepata iria saber, então decide falar de uma vez. - Vamos esperar um pouquinho antes de andar de mãos dadas? Eu conheci você recentemente, e seria mais interessante se a gente se conhecesse melhor antes. Você não acha? E já que você trabalha no mesmo local que eu, vamos poder nos conhecermos bastante nesse meio tempo.

Rogério escuta atentamente, e depois do Lorenzo terminar de falar, ele confirma com a cabeça. - Eu te entendo perfeitamente. Isso é bom, tanto para nem um de nós se machucar... Aliás, falando em se conhecer, tenho um convite para te fazer.

- Convite? - Lorenzo levanta um pouco sua sobrancelha, e olha com um semblante de curioso para o de barba.

- Um convite para ir a um passeio, no lago dos vaga-lumes, sabe? Aquele famoso que fica no centro de Brasília, aonde todos vão para passar o fim de semana - Rogério falava gesticulando as mãos, aparentando está nervoso.

- Ah sim! Sei onde fica, que dia seria isso?

- Amanhã. Já que vai ter bastante gente lá. Terá uma banda boa tocando, e a Roberta com o seu namorado também vão.

- Amanhã? Amanhã eu não vou poder ir, estarei com a Briana. É aniversário dela, e ela marcou para a gente ir para uma balada próximo à praia - Lorenzo explica. Ele não queria ir para o lago com o Rogério, e mesmo se quisesse não ia conseguir por conta da Briana.

- Ata. Briana... Aquela sua colega, né? - Rogério lembra da colega do cacheado.

- Correto, ela mesmo. Aquela serelepe vai ficar mais velha amanhã. Não posso faltar - Lorenzo sorrir.

- Ok, mas posso te pedir uma coisa - Rogério fala com um olhar penetrante, fixados nos olhos do Lorenzo.

Lorenzo ver o Rogério com esse olhar de novo e fica nervoso. Cruzando seus braços para dar a sensação de força e confiança, ele fala - O quê?

- Me convidar para ir com você na festa - ele dar um sorriso safado.

Lorenzo dá um sorriso, por estratégia. Ele não pensa nada para não sair nem um pensamento ruim da cabeça dele. Pois o sorriso dele foi de desconforto. - Eu posso fazer isso depois, vou ver se ela concorda, daí eu te dou um toque no celular.

- Perfeito! - ele parecia muito feliz com a resposta do malhado. - Vamos lá ver a Mirella. Ela já deve ter terminado de correr. - Rogério olha para a direção onde a Mirella estava.

- Vamos.

Andando um pouco afastados um do outro, o Lorenzo com Rogério observa três homens em cima da Mirella.

- O que é aquilo ali? - o Lorenzo pergunta, vendo estranho aquelas pessoas arrodeando a cacheada, que estava ainda na esteira rolante.

- Deve ser aqueles escrotos do banheiro - o de barba aumenta os passos.

Chegando mais perto, eles escutam um dos homens falando enquanto a Mirella andava na esteira rolante. - Você é muito bravinha, sabia? Quero ver você ser brava na minha cama - Ele se aproxima de Mirella.

- Sai seu nojento - Mirella desliga o aparelho e sai de cima, com firmeza ela vai andando para o lado oposto dos homens.

Mais os três continuavam a seguir ela, e falar palavras ofensivas. - Nojento não, gostoso. Olha só o meu corpo... Tenho certeza que você vai amar quando eu estiver em cima da sua cama - O mesmo homem fala, pensando que estava arrasando, mas o que estava fazendo era deixando a mulher com repulsa e ranço dele.

Enquanto a Mirella andava para se afastar deles, o babaca maromba chega mais perto dela e dar um tapa na bunda, e o abraça por trás.

A cacheada se assusta ao ver a ação inconsciente do mesmo, e fica irritada. Virando para trás, ela dá um empurrão no abusivo.

Ele é empurrado, mas não desiste. Com um sorriso no rosto, ele tenta abraçá-la novamente, mas dessa vez ele recebe um tapa na cara. - Se afasta de mim, seu canalha!

Colocando sua mão no local do tapa, sua aparência muda, de babaca feliz para babaca com raiva. Com sua testa franzida, ele pega um dos braços de Mirella com agressividade, e fala. - Você está doida? Sua vadia!

Os outros dois que estavam com ele só ficavam olhando o ódio que o seu amigo transmitia, enquanto o maromba apertava o braço da cacheada com força.

- Me solta! Está me machucando... - ela a tenta sair da agressão do assediador.

- Você me bateu, agora é minha vez de te bater... Direitos iguais. - ele levanta sua mão grande e grossa, para fazer o mesmo na Mirella.

Foi quando os seus amigos chegaram por trás do grupo. Rogério chega bem perto do covarde pegando na regata fina dele e puxando para trás com força, fazendo o homem saltar a Mirella e cair no chão, por está sendo puxado por um lado onde ele não tinha visão do que estava acontecendo.

Ao soltar a mão do braço de Mirella, se via o sinal da agressão. Estava vermelho. E mesmo vendo que ela não estava bem, os dois que estavam com o escroto vão ajudar o homem agressor a levantar.

Lorenzo vai para perto da Mirella, para ajudá-la. Estava com medo do que poderia acontecer daqui para frente.

Coração de um bruxo (Romance Gay - Concluído Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora