The Maid

Em outra vida...

Cheguei com o último capítulo dessa fic que eu tanto amei escrever. Espero que vocês gostem e que continuem acompanhando o meu trabalho. Boa leitura!

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Eu podia ver os flocos de neve rodopiando do lado de fora da janela enquanto sentia as lágrimas rolando pelos cantos dos meus olhos. Eu estava sozinha naquela cama de hospital e mesmo sabendo que isso tinha sido uma escolha minha eu não me arrependia. Todo o meu corpo parecia doer e eu sentia todas as minhas forças se esvairem enquanto sentia dores em partes do meu corpo e alma que eu nem ao menos sabia que era possível. Talvez nada disso estivesse acontecendo se eu não tivesse insistido nessa viagem. Sim essa oportunidade era única mas a vida do meu filho é muito mais importante do que qualquer reconhecimento artístico ou dinheiro que eu pudesse ganhar com essa exposição. Minha mão repousava sobre meu ventre a todo momento e durante cada segundo torturante que se passava eu só conseguia rezar para que eu sentisse algum sinal de que o meu filho estava vivo. Eu não conseguia sentir ele mexendo e apesar do médico ter dito que ele apenas estava com os sinais vitais fracos, eu sentia que um de nós dois não sairia desse hospital com vida e eu esperava sinceramente que fosse eu.

Desde que pousamos na Suíça eu tenho me sentido mal, sentia que havia algo de errado e parte de mim chegou a pensar que tudo isso era somente porque era a primeira vez que eu ficava assim tão distante do Jay. Isso não era uma mentira, mas logo percebi que não era só isso. Eu estava mal a alguns dias emocionalmente desde que encontrei no escritório do Jiyong um anel de diamantes e os papéis de adoção da Yaya. Lembro de ter ficado quase uma hora naquele escritório encarando aquele belo anel de diamantes enquanto via que todo o meu futuro já parecia estar decidido sem que eu ao menos soubesse.

Eu sabia que amava o Jiyong, como poderia não amar? Ele era perfeito em cada sentido da palavra e isso deveria bastar para exorcizar o Jay que me fez tão mal de dentro do meu coração. Então por quê enquanto eu encarava aquele anel eu só conseguia pensar que aquilo era o ponto final na minha história com o Jay? Por quê minha vontade foi de fugir antes que o Jiyong pudesse me pedir em casamento? Eu sabia que se ele fizesse o pedido eu jamais conseguiria recusar pois se fosse por merecimento, ninguém além dele teria meu coração. Infelizmente meu coração não entende o que é meritocracia e já havia se entregado para o Jay de uma forma que eu sabia que jamais se entregaria novamente a mais ninguém. Desde que descobri aquele anel eu me sentia sentenciada, dizer "não" parecia impossível pois eu amava o Jiyong demais para magoá-lo e se ele não se casasse perderia a guarda da Yaya então além de destruir o coração da única pessoa no meu mundo que não merecia isso, ainda impediria que uma criança que perdeu os pais tivesse uma nova família. Eu me sentia a vilã da minha própria história e pior do que isso, pela primeira vez eu entendi o que a Jennie me disse quando estava casada com o Jay. Ela me disse o quanto sabia que ele era maravilhoso e o quanto sabia que ele merecia mais, mas ela jamais seria capaz de dar.

Isso tem assombrado meus pensamentos, tirado meu sono, meu apetite e me levando ao meu limite. Quando embarquei para a Suiça eu sabia que seria aqui o pedido e cheguei a conclusão que só me restava aceitar meu destino, me dedicar a fazer o Jiyong e a Yaya feliz sacrificando de vez o amor que eu sentia pelo Jay. Por isso, quando soube que ele se atrasaria para a viagem eu quase não embarquei, parte de mim precisava das primeiras 48 horas na Suíça com o Jay ao meu lado. Parte de mim queria segurar a mão dele mais uma vez antes de ter o peso de uma aliança que nos separaria para sempre no meu dedo, queria ouvir que ele me ama mais uma vez e fantasiar que já que existem teorias sobre diversas realidades além dessa, em uma delas nós dois ficamos juntos e somos felizes. Eu o esperei na janela, o esperei quando senti que estava perdendo nosso filho e agora, vez ou outra quando meu corpo estremecia de dor e meus olhos ameaçavam se fechar para sempre, seu nome deixava meus lábios como uma súplica.