The Maid

Decisões Difíceis

Se tinha uma coisa com a qual eu ainda não tinha me acostumado era com a presença do jiyong. Sabia que ele e Jane eram parceiros de trabalho e amigos, mas saber que eu teria que aturá-lo para o resto da vida era revoltante. Ele estava sempre por perto, criticando, apontando meus erros e parecendo ter um dom natural para fazer tudo muito melhor do que eu. Ouvir ele falando mal de mim, debaixo do meu teto, com minha mulher e filho em seus braços foi a gota d’água para mim e quando percebi já estava gritando com ele.

Me arrependi no momento que o Oliver começou a chorar e é claro que isso foi mais um motivo para críticas. A Jane pegou nosso filho tentando acalmá-lo e pela forma que seus lábios estavam franzidos eu sabia que ela estava irritada. Eu não tenho ficado muito tempo em casa porque depois do tempo que fiquei longe da empresa muitas coisas estavam acontecendo e como houve uma baixa significativa que refletiu no pagamento dos acionistas eu tenho sido muito cobrado.

Ando muito estressado e tenho tentado não trazer meus problemas pra casa porque sei que a Jane está sobrecarregada. Tive que dispensar a Bianca pois tinha percebido que a Jane não ficava confortável com uma empregada jovem e bonita. Não sei se era inseguranças ou ciúmes, mas ela estava em uma fase muito sensível no pós parto e já a vi chorando em frente ao espelho algumas vezes.

Eu não entendia seus medos pois para mim ela estava cada vez mais linda, mas estava tentando lidar com isso da melhor maneira possível, só que dispensar a Bianca fez com que a Dona Amélia ficasse praticamente sozinha para cuidar da casa e isso deixava pouco tempo para que ela ajudasse a Jane.Estávamos em uma fase delicada, mas eu sabia que era somente isso, uma fase, que logo passaria e poderíamos ser cada vez mais felizes.

Mas como ser completamente feliz se eu sabia que quando eu virava as costas ou por algum motivo não podia estar por perto, tinha alguém disposto a fazer tudo que eu não estava podendo fazer pela minha família? Ele disse que desistiu dela, mas estava aqui todos os dias lembrando que a qualquer deslize meu ele estaria ali e por isso eu não podia nem ao menos questionar ou cobrar a Jane.

Eu sabia o quanto estava sendo hipócrita, pois quando a Jane estava com ele, eu não saía de lá, mas ao menos eu tinha a desculpa de que ia ver o meu filho, e ele? Eu sabia que eles trabalhavam juntos, mas ela poderia muito bem trabalhar sem que ele tivesse que vir aqui sempre. Não sei o que me incomoda mais, saber que eu viveria constantemente com o medo de fazer algo errado e perder a Jane para ele novamente, o fato dele estar sempre por perto, ou por que no fundo eu sabia que ela gostava disso.

Ela amava a atenção e os cuidados dele que vigiavam atentamente cada passo dela, que reparava quando ela não estava comendo ou quando não dormiu. Eu também queria reparar nessas coisas, mas a verdade é que tenho chego em casa tão mentalmente e fisicamente esgotado, que só quero passar algumas horas com a minha família, antes de ter que fazer tudo de novo.

– Tá vendo o que você fez? – O Jiyong perguntou, me encarando com um olhar de reprovação e eu suspirei pesadamente jogando a cabeça para trás, unindo todas as minhas forças para não explodir.
– Talvez se você não estivesse na minha casa falando mal de mim debaixo do meu teto eu não precisaria gritar! – Retruco e ele dá uma risada, que eu sabia que não tinha humor algum.

– E talvez você devesse perceber o quanto a Jane está precisando de você e tentar ser um bom pai e marido para ela! Será que você não percebe o quão sortudo é por ter conseguido uma segunda chance depois de tudo que você fez e que você não está fazendo nada para merecer isso? Sabe o quanto eu queria estar no seu lugar? Sabe o quanto eu queria poder cuidar da Jane e estar ao lado dela para que ela não precisasse estar sobrecarregada desse jeito? Você ganhou na loteria da vida e está jogando o bilhete premiado fora! Se está tão incomodado com as minhas críticas, então faz alguma coisa para mudar! Valorize sua mulher e seu filho acima de tudo, porque era isso que eu faria. – Ele confessou e pude ver seus olhos encherem d’água.