Eu devia estar louca por ligar justamente para esse número, mas quem mais poderia recorrer. Não tinha amigos ou qualquer membro da família que se importasse comigo e no meio do meu desespero, não raciocinei, apenas pedi ajuda a primeira pessoa que veio à minha mente apesar de ter sido assustador perceber que essa pessoa era tudo que eu tinha.
— Não posso explicar agora, só preciso sair daqui, por favor! — Implorei e quando a voz do outro lado concordou em me ajudar, voltei a arrumar minhas malas, enxugando meu rosto.
Eu não queria ficar mais nenhum minuto ali. Mesmo querendo muito adotar a Yaya, sei que não aguentaria ver o Jiyong desfilando com a Jinhee. Eles dois juntos em um encontro era o maior absurdo que já ouvi e enquanto eu jogava as roupas naquela mala com toda minha força, só consegui pensar no quanto queria socar a cara dele por achar que eu aceitaria isso, mesmo que tenha sido minha ideia.
Sempre pensei que o Jiyong nunca olharia para mim porque sou mimada, egoísta e não entendo nada das artes loucas que ele tinha em casa, mas vê-lo se interessar por uma mulher com uma personalidade tão ruim quanto a minha enquanto eu pareço invisível diante dos seus olhos me deu mais ódio do que tristeza e agora eu não sabia se chorava ou se agredia ele, mas certamente queria fazer os dois.
Eu deveria sorrir para ele, dizer que o acordo anterior já não me serve mais e ir embora sem fazer nenhum escândalo como uma verdadeira dama faria, mas quando se tratava dele, eu não era uma dama. Como uma mulher apaixonada não sabia olhar para ele sem querer beijá-lo, rasgar suas roupas e rolar pelo chão com ele como um animal selvagem faria. E como uma mulher rejeitada, não sabia como ir embora em paz quando meu coração está em guerra contra meu bom senso que me pede para ficar e lutar por ele.
Me sentei ao lado da cama com a mala já pronta e até o último minuto rezei para que ele viesse falar comigo. Que se preocupasse em saber se estou bem com a bomba que ele jogou em cima de mim e mais do que isso, queria desesperadamente que ele dissesse que isso não passou de uma brincadeira de mal gosto. Como era possível ele gostar de alguém como a Jinhee? Eu não sabia, mas quando recebi a mensagem de que o carro já estava me esperando, saí do quarto com a mala.
O barulho das rodinhas da mala no piso branco, ecoavam pelo apartamento e desejei que ele não me visse. Queria me esconder dele, entrar em um carro de fuga e dirigir para o mais longe possível, antes que ele me convencesse a ficar com apenas um olhar. Eu já aguentei demais e agora eu quero ir. Quero focar na minha carreira e tentar entender o sentido da vida.
— Jennie? Onde está indo? Você deveria estar na cama. Que mala é essa? — O Jiyong pergunta, surpreso e indignado na mesma medida.
— Não te interessa! — Respondi de forma ríspida e ele arregalou os olhos passando a língua pelos lábios.
— Como não me interessa? Você está doente Jen, volta pra cama, anda, para de bobeira! — Jiyong exigiu, tentando pegar minha mala e quando ele se aproximou eu puxei minha mala bruscamente, sentindo um pouco de dor.
— Não me chame assim! Para com isso! Não use meu apelido e sua voz meiga para me manipular! Eu estou farta de você e dos seus julgamentos! Estou cansada das duas manipulações e se quer saber o quê é essa mala, saiba que estou indo embora! — Grito, exasperada e ele pisca os olhos processando as informações.
— O que deu em você? — Ele perguntou, como se não me reconhecesse.
Como se eu estivesse possuída e sinceramente era assim que eu me sentia. Ele tinha se apossado do meu coração, dos meus pensamentos e mesmo que eu tivesse que contratar um padre para exorcizar ele de dentro de mim, eu não iria mais permitir que ele me menosprezasse novamente.
— O que deu em mim? O que deu em você para sair com uma garota exatamente igual a mim que supostamente sou quem você detesta e ter a cara de pau de falar pra mim que gostou dela? — Pergunto, irritada, mas não permito nem ao menos que ele responda. Estava metralhando ele com as palavras e tinha munição suficiente guardada para abastecer um quartel. — A Jinhee é tão mimada, manipuladora, interesseira e vazia quanto eu, então porque você escolheu ela Jiyong? Eu sou tão invisível assim que você enxerga qualquer pessoa ao redor e me deixa de lado? — Perguntei com a voz falha, sentindo que minha vontade de chorar estava vencendo minha vontade de gritar com ele.
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The Maid
Hayran KurguUma jovem do interior do Brasil ganha uma bolsa de estudos em Artes na Coréia do Sul e para se manter lá pede ajuda a sua tia que trabalha a anos como Governanta da família Park, por indicação de sua tia a jovem começa a trabalhar na casa do filho m...