Verdade Nua e Crua

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Lidar com o Jay nunca foi uma tarefa fácil para mim. Em parte porque eu sentia vontade de socar a cara dele toda vez que ele agia como um babaca e em parte porque sabia que não podia fazer isso ou magoaria a Jane. Ver o seu ar de superioridade enquanto perguntava o que eu fazia em sua casa me trouxe memórias desagradáveis e percebi que voltamos à estaca zero. Ele me tratava razoavelmente bem quando era obrigado a ir até a minha casa ver a Jane, mas agora voltou a agir como um cão marcando território.

– O mesmo que você fazia na minha casa. Vim ver a Jane e segurar o Oliver é um bônus. – Expliquei, ninando o pequeno que resmungava sempre que o pegamos em uma posição que ele não gostava muito.

– Pensei que tinha me livrado de você Kwon. – Jay resmungou descendo as escadas enquanto ajeitava o punho do terno que usava.

– Não enquanto a Jane me quiser por perto. – Afirmo e ele suspira irritado parando a poucos centímetros de mim, abrindo os braços para pegar Oliver e apenas o encarei erguendo a sobrancelha.

– Ela só te quer por perto como um amigo, espero que você não se esqueça disso! – Jay alertou e dei uma risada, pensando em lembrá-lo que se eu não tivesse terminado com a Jane ainda estaríamos juntos, mas não quis citar minha burrice em voz alta, então ele continuou. – Será que posso segurar meu filho? – Ele perguntou e fingi pensar, olhando para o teto, mas logo dei de ombros.

– Não. Você mora com ele agora e pode segurá-lo sempre que quiser, além do mais, agora você quer segurar ele? Ontem de madrugada quando a Jane precisou você estava hibernando como um urso no inverno. – Zombei e ele me encarou surpreso.

– Como você sabe disso? A Jane ligou pra você? Ela te disse isso? – Jay perguntou e ao perceber que aquilo causaria problemas para a Jane suspirei pesadamente tentando me controlar para não discutir com ele.

– Será que vocês dois nunca vão mudar? – Jane pergunta, com a voz rouca de sono e ambos a encaramos no topo da escada.

O cabelo dela estava despenteado e ela estava usando um pijama enorme com estampas de bichinhos que a deixava adorável. Apesar do cansaço nítido em seu olhar pelas olheiras roxas ao redor dos seus olhos castanhos, ela sempre seria a mulher mais linda do mundo para mim e não pude evitar em sorrir ao encará-la como se todo o mal humor causado pelo Jay fosse embora em um piscar de olhos.

– O Jiyong me ligou porque eu mandei uma foto do Oliver dormindo para ele de madrugada, isso vai ser um problema? – Jane perguntou cruzando os braços e arqueando a sobrancelha enquanto encarava o Jay.

Sorri orgulhoso ao perceber o quanto ela tinha crescido. A antiga Jane jamais enfrentaria o Jay dessa forma, nem falaria com tanta segurança e suspirei aliviado ao perceber que ela não era mais a mesma menina que aceitava tudo que ele fazia por amor. Senti vontade de aplaudi-la, mas pela cara do Jay percebi que ele não gostou muito da atitude dela, então resolvi não colocar mais lenha na fogueira.

– Não, não é um problema! – O Jay afirmou, dando de ombros e o Oliver resmungou no meu colo ao ouvir a voz da mãe.

Ele era impressionante para um recém nascido e tinha uma conexão linda com a mãe. Jane veio até mim com um sorriso e pegou o pequeno do meu colo e tive que me controlar ao sentir o cheiro de maçã verde no cabelo dela. Queria abraçá-la, beijá-la e dizer que cometi um erro terrível ao imaginar que poderia ficar sem ela, mas me contentei apenas com o beijo que ela deixou na minha bochecha ao pegar o Oliver.

– Como você está, já tomou café da manhã? – Jane perguntou, me encarando com um sorriso e neguei com a cabeça.

– Não, estava assustado demais para comer. Acredita que a Jennie cozinhou? – Perguntei, brincando e o Jay se virou rápido dando risada.

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