Sangrando

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Sangrar já tinha virado corriqueiro para mim, meu coração parecia ter uma ferida incurável que estava sempre aberta desde que me apaixonei por alguém que já deixou claro que nunca sentirá o mesmo. Por isso quando vi a mancha vermelha na minha blusa, nem ao menos me assustei, mas a Jane sim e com apenas uma ordem dela ao motorista, estávamos a caminho do hospital. Eu encarava minha mão e não sentia dor nenhuma, pelo menos não uma que superasse a que eu estava sentindo por ter que abandonar os planos de casamento e de ter uma família com o homem que eu amo.

— Jin me ajuda a carregar ela para dentro por favor! — Jarne ordenou e alguns funcionários do hospital vieram na nossa direção com uma cadeira de rodas e em poucos instantes eu já estava sendo examinada pelo médico.

— Foram só alguns pontos que arrebentaram. — Seokjin explicou, enquanto limpava a ferida e a Jane relaxou visivelmente. 

Era estranho estar naquele hospital novamente sem o Jiyong do meu lado e isso só era um prelúdio de como minha vida seria dali pra frente.

— Deve ter sido na hora que eu levantei a mala. — Expliquei simplesmente, dando de ombros e a Jane me observou, assustada.

— E você não sentiu os pontos abrindo? — Ela perguntou, surpresa e neguei com a cabeça.

— Acho que é verdade quando dizem que não conseguimos sentir dor em dois lugares ao mesmo tempo. — Comento e a Jane abaixa a cabeça, entendendo o que eu disse, mas Seokjin logo negou com a cabeça enquanto fazia novos pontos.

— Isso é mentira, se eu estiver costurando você e a Jane te der um soco você vai sentir as duas dores ao mesmo tempo. — Ele explicou, e a Jane o encarou, com um olhar de reprovação. — Foi só uma hipótese. — Ele explicou, mas todos sabíamos que apesar de estar cuidando de mim, eu não era exatamente a pessoa favorita dele então não foi nenhuma surpresa que ele usasse algo assim como exemplo.

— O quê você tinha na cabeça para sair de casa nesse estado? — Jane perguntou, voltando sua atenção para mim e dei de ombros.

— Eu só precisava sair de lá. — Expliquei simplesmente e sei que ela não se convenceu, mas pareceu ser o suficiente para que ela não fizesse mais perguntas.

Após ser medicada e com o curativo refeito, Jane insistiu em me levar para casa e voltar a pisar naquela mansão deixou um gosto amargo na minha boca. As luzes estavam apagadas e me surpreendi ao ver Amélia, descendo as escadas com cara de poucos amigos.

— O quê essa mulher está fazendo aqui? — Ela perguntou irritada e quando viu a minha mala, negou com a cabeça.

— Meu Deus, que tipo de artimanha essa cobra armou para conseguir voltar pra cá? Você nunca vai deixar eles em paz? — Amélia perguntou em um tom ríspido de quem estava prestes a me agredir e pisquei os olhos algumas vezes, surpresa com a atitude da mais velha que sempre pareceu tão comedida.

— O quê? Não, tia, você entendeu tudo errado. Ela está aqui porque eu a convidei. Ela passou por uma cirurgia e vai se recuperar em alguns dias. — Jane explicou e a mais velha deu uma risada debochada.

— Cirurgia? Isso é mentira Jane! Como você pode ser tão inocente assim? Esqueceu que essa víbora já fingiu até perder o bebê pra manipular o Senhor Park? — Ela perguntou e abaixei a cabeça, pois não importava para onde eu olhasse, todos estavam com o dedo em riste apontando meus erros.

— Tia para com isso. Eu acabei de vir do hospital com ela e vi o Doutor tratando dela, além do mais o Jay nem ao menos está em casa, isso vai durar somente alguns dias. — Jane explicou, me defendendo e a mais velha me encarou, como se estivesse me analisando, mesmo que eu soubesse que no tribunal da cabeça dela eu seria eternamente culpada.

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