Vida ou Morte

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Muitas vezes a felicidade é como um diamante que brilha tanto a ponto de nos cegar. A felicidade nos envolve a ponto de esquecermos das tristezas do mundo, dos problemas ambientais e que ainda existem outras pessoas no mundo vivenciando o inferno, enquanto nós estamos no céu.

Desde que me casei com o homem dos meus sonhos, a felicidade se tornou uma rotina a qual jamais quero abandonar. Nos amávamos sem preocupações ou hora para acabar, aproveitamos nosso tempo livre com nosso filho e sempre que conseguia deixar o Oliver com o Jay ou com a minha tia por alguns instantes, eu pintava.

Se um dia eu tivesse sonhado que seria tão feliz aqui, teria me preparado a vida inteira para chegar aqui antes, para reivindicar o que parecia estar destinado a ser meu. Nunca estive tão em paz antes e vez ou outra me sentia culpada por isso, afinal de contas haviam tantos problemas no mundo, que parecia ilegal ser tão feliz, mas o que eu podia fazer se meu mundo parecia ter sido abeçoado com novas cores?

Eu viveria nessa bolha para sempre se assim me fosse permitido, mas com Jennie me encarando com os olhos cheios d’água enquanto parecia gritar por socorro sem dizer uma palavra, percebi que as coisas não seriam simples como eu imaginava. Sonhei com o felizes para sempre, mas precisava lembrar que quando as princesas se casam com seus príncipes, os plebeus continuam suas vidas fora das paredes do castelo, cada um com sua própria dificuldade.

Eu queria ouvi-la e ajudar com qualquer que fosse seu problema, mas sabia que aquela era uma promessa que eu jamais conseguiria fazer. O Jiyong era e sempre seria o meu melhor amigo e se fosse algo que pudesse prejudicá-lo, eu não poderia guardar segredo. Eu tinha uma lista clara de quem era as pessoas que eram prioridade na minha vida e o Jiyong estava em uma posição mais alta do que me permitia admitir e certamente estava acima da Jennie, por isso hesitei, suspirando e negando com a cabeça.

— Desculpa, Jen, eu não posso fazer isso. Não posso prometer manter segredo do Jiyong quando nem ao menos sei do que se trata. Se for algo que o prejudique ou o faça mal de qualquer forma possível eu contaria para ele pois o amo e acho que ele, de todas as pessoas, não merece passar por algo assim. — Expliquei, tentando manter minha voz calma e o mais gentil possível.

Pude ver a decepção em seus olhos e confesso que até mesmo eu me decepcionei comigo mesma. Deveria pensar em um bem maior e ajudar quem está sofrendo na minha frente, mas quando se trata das pessoas que amo não consigo ser imparcial e não poderia fazer uma promessa sabendo que não a cumpriria. Vi Jennie baixar a cabeça, concordando enquanto brincava com os próprios dedos e agora seus soluços estavam controlados a ponto de eu mal ouvi-los.

— Mas, se for algo pessoal seu que não afetará em nada o Jiyong, prometo manter segredo! — Afirmei, esperando que ela se abrisse e decidi sorrir, tentando quebrar o gelo. — Não é como se você tivesse matado alguém, né? — Perguntei brincando e ela não me encarou, mas sua respiração voltou a ficar irregular e seu corpo tombou para a frente enquanto o choro dela voltava com força total e arregalei os olhos, espantada. — Foi isso? Jen, o quê você fez? — Perguntei, com a voz trêmula, a ansiedade correndo pelas minhas veias.

Sabia que ela era capaz de tudo para conseguir o que queria, mas o quão longe ela chegou? Porque chorou tanto pelo simples fato de eu brincar que ela poderia matar alguém? Quem ela poderia ter matado, o Sik? Meu coração disparou ao pensar nessa possibilidade, a adrenalina correndo pelas minhas veias enquanto minha mente fértil criava os piores cenários.

— Foi o Sik? — Perguntei, nervosa e ela se assustou, tentando se levantar e em apenas um pulo ela se levantou do chão tentando sair dali, mas segurei seu braço, chamando sua atenção e apertando o trinco da porta antes que Jennie passasse por ela. — Jen, você não vai a lugar nenhum sem me contar o que aconteceu! — Afirmei decidida e pude perceber o desespero em seu olhar trêmulo que parecia correr por todos os cantos do quarto apenas para não focar em mim. Você matou o Sik? Foi isso? Ele tentou fazer algo com você? Se foi o caso, podemos alegar legítima defesa! Temos várias testemunhas, o Jiyong tem uma equipe de advogados que pode te ajudar e tenho certeza que ele não vai deixar você ir parar na cadeia, nem eu. — Falei cada vez mais rápido e meu tom de voz aumentava a cada palavra que eu dizia devido ao nervosismo, então no final já estava quase gritando, mas em uma atitude repentina Jennie me abraçou, silenciando todos meus argumentos.

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