The Maid

Desculpas

Uma desculpa, era tudo que eu precisava para me livrar dessa situação, mas nem uma palavra sequer passava pela minha cabeça. Existiam milhares de palavras no mundo e mesmo falando duas línguas fluentemente, eu não consegui pensar em uma palavra que me livrasse desse pesadelo. Talvez eu devesse pedir ajuda, implorar para que chamassem a polícia, mas como eu poderia acusar alguém de me chantagear por um crime que eu cometi? Não havia forma de sair ilesa dessa situação e me perguntei o que doeria mais, ser presa ou perder a família que ainda nem construí, mesmo que no fundo eu soubesse bem a resposta.

— E corta! Parabéns Senhora Kwon! Tenho certeza que você vai conseguir o papel na peça que quer! — Sik afirmou, batendo palmas enquanto sorria e a mulher parada na porta revezou seu olhar entre nós tentando analisar a situação. 

Não acreditava que ela acreditaria em uma desculpa tão esfarrapada e meu corpo tremia ao imaginar como seria quando o Jiyong descobrisse que estava escondendo esse segredo dele a tanto tempo e pondo a vida dele e da nossa filha em risco. Provavelmente ele gritaria, pediria o divórcio, me expulsaria da empresa e por incrível que pareça, nada disso me assustava tanto quanto o fato de que ele provavelmente nunca mais olharia na minha cara e isso sim é algo que eu não posso suportar.

— Bem, agora que já treinamos, vou deixá-la descansar e ter um tempo com a sua filha. Esperarei o seu contato para acertarmos os detalhes do nosso próximo ensaio, não se esqueça que seu prazo é curto então não deixe para a última hora! — Sik afirmou, me olhando de forma ameaçadora e estremeci.

Mesmo com o olhar da mais velha sobre nós, ele ainda encontrou uma forma sutil de me ameaçar e me lembrar que meu tempo estava acabando. Quando ele saiu dali, a mais velha me encarou e parecia levemente assustada.

— Quem é esse rapaz? — Ela perguntou e não soube ao menos o que responder, então ela insistiu. — Ele trabalha para a senhora? — Ela me encarou, pedindo uma resposta que eu não sabia como dar e apenas concordei com a cabeça e ela me encarou com um semblante aliviado. — Graças a Deus, tenho visto ele aqui vez ou outra e já estava quase chamando a polícia. Existem muitas pessoas mal intencionadas nesse mundo, mas sabendo que a senhora o conhece fico mais tranquila. — Ela afirmou e tive que fingir um sorriso, por mais que minha vontade fosse implorar para que ela chamasse toda a ajuda possível.

— Sim, ele trabalha comigo, mas gostaria de pedir um favor. A senhora pode não contar ao Jiyong que estávamos aqui ensaiando? — Perguntei, mas notei que ela arregalou os olhos quando hesitei ao mentir que estávamos ensaiando, então ela desviou o olhar suspirando.

— Não sei se isso é uma boa idéia. O Senhor Kwon é o nosso maior financiador, não gostaria de perder a confiança dele e se a senhora quer esconder isso, então não acho que seja boa coisa. Não quero mentir para alguém que tem o coração tão puro. — A mulher afirmou, visivelmente desconfiada e neguei com a cabeça, puxando o braço dela suavemente.

— Não, não é nada de mal, eu apenas queria fazer surpresa a ele sobre essa peça pois ele não sabe que tenho treinado para ser atriz. Tenho feito de tudo para que ele se orgulhe de mim e quero ser a primeira a contar. Até o fim de semana eu conto, até lá, será que isso poderia ficar entre nós duas? Juro que é uma mentirinha inocente. — Perguntei esperançosa e ela suspirou, coçou a cabeça e até mesmo tossiu enquanto pensava se acreditava em mim ou não.

Não sei se foi meu olhar de desespero ou minha história mal contada, mas no fim, ela apenas de deu ombros e concordou com a cabeça.

— Tudo bem, não vou contar, mas se apresse em dizer a ele, pois a mentira tem perna curta e mentiras são mentiras, não existe isso de mentirinha inocente. — A mais velha afirmou e me encolhi pois sabia que ela estava certa no que dizia, mas se tempo era tudo que eu teria até tentar colocar tudo isso no lugar, então eu aproveitaria até o último minuto de paz, antes da próxima tempestade.