A cura

10 1 3
                                    

O fantasma do meu relacionamento parecia me perseguir para todo lugar e no momento que me sentei na mesa, lembrei que quando vínhamos aqui juntos ela gostava de pedir Crème brûlée e todo meu otimismo de que talvez pudesse sentir algo por outra pessoa, saiu pela porta do restaurante me deixando ali, acorrentado a possibilidade de um relacionamento impossível com a mulher que amo, como um prisioneiro que carregava uma bola de ferro acorrentada ao tornozelo.

— Desculpe se pareci atirada, vivi muitos anos na França e aprendi a ser mais ousada que as mulheres com quem você deve estar acostumado. Além do mais, estamos em uma reunião de negócios e meu flerte, por mais inocente que tenha sido, não foi nada profissional, peço perdão. — Ela diz se desculpando é me enxergo na taça de água a minha frente percebendo que estou com uma expressão irritada.

— Não. Não é nada com você, não se preocupe. Estou acostumado com todos os tipos de pessoas e também viajo muito para a França, então isso não é um problema para mim, por mais que eu ache que seu flerte não foi tão inocente assim. — Provoco e ela sorri bebendo um pouco de água na taça a sua frente.

— É que você pareceu chateado no momento que nos sentamos aqui, o local não te agradou? Vi nas pesquisas que fiz que esse é o seu restaurante favorito. — Ela comentou e pareceu consultar uma lista em uma agenda, franzindo os lábios, frustrada por ter cometido um erro.

— Sim, ele era. Agora ele tem memórias demais. — Comento, abaixando a cabeça e lembro da vez que fiz a Jane rir tanto que saiu água pelo nariz dela e tive que trabalhar muito para convencê-la a voltar aqui depois da vergonha que ela ficou.

— Prefere ir para outro lugar? — Jinhee perguntou de forma gentil, se levantando para sair dali e por reflexo toquei seu pulso para que ela não saísse dali.

— Não é necessário. Podemos só começar a reunião. — Expliquei e ela concordou, mas pareceu chateada.

— Desculpa, eu pesquisei tanto para que tudo fosse perfeito e acho que cometi um erro. — Ela disse, se desculpando e amassou o papel nas mãos, irritada, negando com a cabeça. — Não acredito que cometi um erro bobo como esse. Me desculpe! — Ela curvou o corpo algumas vezes em reverência como um pedido de desculpas e pude ver suas unhas cravadas em seus braços pálidos deixando transparecer toda sua frustração.

— Não, a culpa não é sua. — Afirmei, mas ela ainda parecia chateada e decidi explicar. — É que eu terminei um relacionamento recentemente e ainda não tinha vindo aqui depois que terminamos. — Expliquei e ela piscou algumas vezes franzindo o canto da boca.

— A Jane do Jay não é? — Ela perguntou e concordei com a cabeça, sem graça ao me lembrar que ela era prima dele então provavelmente conhecia a Jane.

— Ela deve ser incrível para ter conseguido a admiração de dois homens tão distintos. — Ela afirmou e a encarei confuso.

— Você ainda não a conhece? — Perguntei curioso e ela negou com a cabeça, dando um sorriso de canto.

— Acho que ela não vai muito com a minha cara. — Ela explicou e ergui as sobrancelhas, desconfiado, ajeitando minha postura.

— Algum motivo ela deve ter, a Jane não é do tipo que não gosta das pessoas sem motivo. — Retruquei e ela deu risada mexendo nos cabelos.

— Bem, acho que eu ser o primeiro amor do homem que ela ama, não ajuda muito nossa possível amizade. — Jinhee explicou achando graça e senti uma pontada de antipatia por ela. — Mas não precisa ficar na defensiva, não tenho nada contra ela, nem tenho planos de interferir na relação dela com o Jay. Para mim ele é passado e não sou do tipo de mulher que fica chorando por relacionamentos falidos. — Ela acrescentou e senti seu tom de julgamento, mas no fundo, queria ser assim também.

The MaidOnde histórias criam vida. Descubra agora