Mais uma decepção

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Alguns dias antes.

Com apenas algumas palavras a Jennie conseguiu trazer toda a insegurança que eu sentia antes à tona. Ela devia ter razão, a mãe do Jay não traria essa mulher de volta sem ter nenhuma intenção. Ela queria mostrar para mim que preferia ele com a própria prima do que comigo. Eles tinham a mesma criação, contas bancárias recheadas e ela era tão linda que foi Miss, enquanto eu, no momento, sou apenas uma mãe.

Como eu iria competir com uma mulher como ela, se eu nem estava podendo ficar sem usar a cinta modeladora? Eu não permitia que o Jay visse o meu corpo e por mais que meu resguardo determinado pelo médico vá acabar amanhã, eu ainda não sabia como me entregaria a ele estando com a autoestima tão abalada.

Eu o desejava mais do que tudo e muitas vezes quis esquecer que estava me recuperando apenas para me jogar nos braços dele, mas agora que isso estava perto eu temia que ele se decepcionasse. Ninguém fala o quão difícil é a recuperação de uma mãe. O quão destruída nossa autoestima fica. Se nem eu quero me olhar sem roupas na frente do espelho, porque ele iria querer?

— Você está bem? — Ele perguntou me tirando dos meus pensamentos e eu apenas concordei com a cabeça sentindo a mão quente dele sobre a minha perna.

Entrelacei nossos dedos e tracei linhas sobre sua pele, como se estivesse desenhando suas tatuagens e me encolhi. Eu queria voltar a ser eu mesma, que o admirava sem medo enquanto ele dirigia e implorava para que ele encostasse apenas para que pudéssemos fazer amor no carro, mas agora eu nem parecia ser eu mesma e isso era assustador.

Eu estava perdida entre fraldas e mamadeiras, sem saber como me encontrar e por dentro eu estava gritando para que o Jay me encontrasse, mas ele não parecia ouvir. Estávamos voltando da casa do Jiyong e por incrível que pareça, nem ele pareceu perceber que eu não estava bem. O que é mais estranho é que eu estava bem a algumas horas atrás, foi apenas o que a Jennie disse que me derrubou ou eu já estava a poucos centímetros do chão? Eu não sabia, mas tinha medo de não conseguir me erguer.

O restante do caminho foi silencioso e quando chegamos, a minha tia estava com saudades do Oliver, então ficou com ele para que eu pudesse tomar um banho. Parte de mim queria se arrumar, deixar minhas inseguranças de lado e pular na cama com o Jay no momento que o relógio marcasse a meia noite, mas a outra parte estava com medo de decepcioná-lo. Ele só teve mulheres lindas, modelos, idols, eu era a primeira completamente fora dos padrões dele e agora com o corpo marcado pela maternidade, eu simplesmente não tinha como competir.

Eu estava na banheira quando ouvi o Jay batendo na porta e me virei para encará-lo em pé ali. Ele evitava olhar para mim e eu me perguntei se em algum momento ele já se sentiu assim, tão inseguro. Se ele também estava tão ansioso com o fim do meu resguardo quanto eu e se ainda pensa em mim com o mesmo desejo de antes, mas o observando eu concluí que não, afinal de contas ele estava olhando para qualquer canto do banheiro, menos para mim.
— Amor, tá tudo bem? — Ele me perguntou pela segunda vez, preocupado.

— Sim, está. — Afirmei enxugando as lágrimas que eu não percebi que tinham rolado e me encolhi.

— Você está na banheira já tem um tempo, o jantar está pronto. — Ele informou e não percebi que tinha ficado tanto tempo ali pensando.

— Eu estou sem fome. — Afirmei e ele deu de ombros.

— É, eu também não estou com muita fome. — Ele explicou dando de ombros e mexeu na maçaneta, evitando me encarar.

— Quer tomar banho comigo? — Perguntei sem ao menos raciocinar e quando ia me explicar ele me encarou com um sorriso enorme.

— Sério? Eu posso mesmo? — Ele perguntou, animado e eu concordei com a cabeça.

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