Passou-se uma semana. A jornalista estudou, trabalhou, pesquisou e finalmente começou a postar as primeiras notícias no jornal, ainda não tinha falado com o "santo das notícias", assim que começou a chamá-lo. As notícias que recebia de seus contatos do rádio e de outros lugares já a ajudavam muito. Mas o jornal não tinha apenas essas informações, a garota tinha feito um fórum para moradores discutirem, havia abas em que contavam a história de Freeridge ,tudo o que tinha achado nos livros, e coisas como 'informações locacionais", pontos que ela achava turísticos, estava indo bem para seu começo. Obviamente obtinha pouquíssimos espectadores, ela nem sabia como o jornal acabou chegando em alguém, mas ela tinha alguns leitores e se sentia feliz com isso. A mulher ainda estava planejando como abordar a notícia de seu próprio estupro, talvez nem colocasse, mas valia a pena. As pessoas precisam saber, as mulheres precisavam se proteger.
Marcela estava sentindo uma estranha esperança, seu machucado estava sarando. Ela pegou seu celular e achou o número do líder da gangue salvo no objeto. O que ocorreu na noite anterior não tinha sido um sonho, havia uma chance dos "santos" acharem quem tinha feito isso com ela, e a vingarem. A mulher refletiu sobre o assunto e viu o óbvio, os santos eram a gangue que mais ajudavam a comunidade, viu por meio de placas na rua, que quem construiu a grande praça do bairro, com brinquedos novos para as crianças foram eles, a biblioteca tinha diversos livros que foram dados por eles. Eles seriam ótimos, se não fosse a violência e as drogas que assolavam o bairro. Apenas no pequeno caminho que Marcela fazia até o mercado ou até ao ponto de ônibus, podia ver memoriais nos lugares em que diversas crianças acabaram morrendo por bala perdida, tanto vindo da polícia quanto vindo das gangues.
A brasileira vai até sua cozinha, e olha pela janela, o carteiro estava pondo uma carta em sua caixa de correio. A mulher espera ele sair para ver o que era. Ela não tinha pedido nada. Ao notar, se deparou com uma carta, o remetente, o hospital no qual foi atendida após ser atacada. Ela estremeceu. Entrou para a casa e abriu a conta lentamente, aos poucos foi vendo o montante de zeros no papel. 10 mil dólares. 10. Mil. Dólares. Como ela iria pagar aquilo? Toda a esperança que estava sentindo se esvaziou naquele momento.
Marcela, recordando de tudo o que passou, se lembrou de perguntar a Monse se a menina conhecia alguma costureira no bairro, era improvável que ela conhecesse, mas não custava tentar. De repente uma luz se acendeu na cabeça da mulher, tudo começou a fazer sentido. Sua mente ligou a violência, gangues, Monse, César e Oscar em um só. Realmente, o César era irmão do Oscar que é líder de uma gangue. Quando estava bêbada, Monse disse que César não era seguro e estava em uma gangue. Provavelmente César era o namoradinho de Monse e a garota está sofrendo por ele nesse momento. Porém o principal é, César parece ter a mesma idade de Monse, 14, no máximo, 15, ele era apenas uma criança, uma criança que estava em uma gangue, exposta a violência, fazendo coisas que a brasileira se sentia mal só de pensar o que poderia ser. E tudo porque seu irmão mais velho o trouxe para esse mundo. Seria um pouco impossível o adolescente não entrar para a gangue, ele poderia ter ficado encantado e achado que era um caminho mais fácil, poderia ser por pressão do irmão, ou a gangue ser algo familiar. Independente do motivo, Oscar colocou o irmão dentro da gangue, ele colocou uma criança nesse meio. Marcela veio do Rio de janeiro, ela conheceu filhos de bandidos e muitos nunca nem entraram em contato com o mundo do crime, por saberem que isso não era vida para eles, Spooky era o líder da gangue, se ele fizesse o mesmo que esses bandidos ninguém o julgaria, afinal, é ele quem manda em tudo.
A garota se sentiu mal ao chegar nessa conclusão. César parecia ser um garoto gentil e com certeza tinha sonhos que não serão realizados estando nessa vida. Monse deve estar passando por momentos muito difíceis lidando com tudo isso, não era fácil ter alguém tão próximo no mundo do crime. Marcela continuou pensando em como poderia ajudar a menina mais nova. Talvez fazer coisas que a agrade, como levar um pedaço de bolo, ou chamá-la para almoçar a deixe um pouso alegre. A mulher sabia que Monse precisava de um apoio, se ela chegou a ficar bêbada daquele jeito, ela poderia estar pior do que aparentava.
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Exposed| Looking for a better world| - Oscar Diaz
FanficMarcela Rodríguez é uma jovem carioca e brasileira que saiu de seu país de origem para viver o sonho de uma vida melhor em Los Angeles. Após longos anos de estudo, a mulher se vê perdida ao enfrentar uma expulsão injusta dos dormitórios de sua univ...