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   5 dias se passaram. César ainda estava desaparecido, ninguém sabia de nada sobre o menino, todos pensavam que o pior havia acontecido. Era sábado à tarde, Marcela estava estudando quando alguém bateu em sua porta. Era Monse. A menina entrou com raiva.

- Não aguento mais! Meu pai quer me mandar para um internato em New Hampshire só para garotas? Ele acha que Freeridge tá muito perigosa ainda mais agora com esse negócio do César! Mas Freeridge é uma comunidade. A minha comunidade, não se abandona uma comunidade! Ele foi criado por profetas! Deveria entender isso! Você acredita nisso?- A garota estava extremamente exaltada. A brasileira ficou surpresa com a nova informação, entretanto respirou fundo, havia entendido o cenário.

- Acredito e muito! Freeridge não é segura, olha o que eu passei, o que está acontecendo com César,nem sabemos se ele está vivo

-Ele está vivo! - Monse retruca com certeza.

- Não sabemos disso! Por isso é explícito que Freeridge não é um lugar seguro. Eu entendo, é um lugar legal apesar de tudo. Eu estou vivendo aqui por pouco tempo mas sei que esse bairro tem muito a oferecer e as pessoas são maravilhosas, mas a violência acaba sobrepondo tudo isso, é chato mas é verdade! - Marcela tenta soar o mais doce possível para não estressar mais a menina

- Até você? Você ficou com o César na sua casa, achei que pelo menos você me entenderia.

- Eu entendo Monse, de verdade, mas essa é a sua realidade, e ela não devia ser normal para você, nem para ninguém. Se você tem uma chance de melhorar de vida, ir para uma boa escola fora daqui, você tem que agarrar. - A carioca estava dando esse conselho com uma pontada de dor no coração, ela veio para os EUA buscando essa vida melhor, pegando essa chance, mas sua vida desmoronou no meio do caminho.

- Esquece!

   Monse saiu da casa da mulher fechando a porta fortemente. A moça suspirou e pegou seu telefone e ligou para Monty, pai de Monse, ele ainda estava na cidade. Ela avisou que a menina esteve ali e encontrava-se estressada com toda a situação. O homem agradeceu por Marcela ter tentado ajudar, a jovem viu uma brecha na conversa.

- Monse comentou comigo que você foi criado por profetas - Monty pigarreou do outro lado da linha - Eu queria saber se poderia me contar mais sobre isso se não for um problema. Desculpa comentar mas eu estou fazendo alguns artigos sobre a violência das gangues-

- Você é daquele jornal do bairro? - Monty foi certeiro, a brasileira ficou surpresa com a pergunta.

- Não.. é eu sou. - Marcela não iria nem tentar esconder, se a história dele fosse boa ela colocaria no jornal para ter visibilidade - Bom, eu realmente estou fazendo artigos sobre a violência das gangues na sociedade para o meu trabalho final da universidade, mas se você permitir, dependendo do que você me contar, eu posso por no jornal. - A brasileira disse francamente.

   Monty ficou desconcertado e um pouco incomodado, todavia, ele concordou em ser entrevistado pela jornalista, contanto que a identidade do homem não fosse revelada. O homem gostava do jornal e o acompanhava. A reportagem poderia ser naquele mesmo dia, entretanto, teria de ser no fim da tarde, pois o homem estava ocupado naquele momento. Marcela aceitou e após desligar o telefone, voltou a estudar até o horário marcado para a entrevista. Quando esta chegou, a jornalista se dirigiu a casa dos Finnie, sobrenome da família de Monty e Monse.

   A casa de Monse estava arrumada e limpa, bem diferente de como a viu na última vez que esteve ali, o cheiro de macarrão e queijo estavam no ambiente, aparentemente Monty tinha feito o jantar. A jovem sentou no sofá e Monty sentou na poltrona em frente da mulher.

-A Monse está em casa? - Marcela perguntou suavemente.

-Sim, mas ela não sai do quarto. - O homem suspirou - Eu acabei de falar com ela, ela estava dormindo no carro acredita? Tinha cobertas e garrafas térmicas. Tudo por estar com raiva. Uma adolescente dormindo dentro de um carro em Freeridge? O que ela tem na cabeça? - A brasileira suspirou e se lembrou de uma das conversas com Monse.

Exposed| Looking for a better world| - Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora