Marcela estava com uma sacola preta em sua cabeça e se encontrava deitada com as mãos e pés amarrados dentro de algum tipo de veículo. A moça escutava respirações e sentia a presença de pessoas próximas a ela, entretanto, nada falavam. Seu coração batia fortemente, suas mãos suavam, ela sentia a morte próxima.
- Ninguém pode me dizer o porquê eu tô sendo sequestrada não? - A voz dela saía trêmula - Eu sei que vocês devem estar me levando para um lugar longe para me matar ,mas eu gostaria muito de saber quem é que vai me matar. Gente, se ponham no meu lugar, é sacanagem vocês me fazerem descobrir quem vai me matar, dois segundos antes de eu morrer e ainda passar o caminho todo nesse suspense.
Não houve respostas. A carioca respirou fundo. Ela estava começando a se acalmar.
- Òh, vamos fazer uma dinâmica. Uma batida sim, nenhuma batida para não. Aí ninguém precisa falar nada, eu não vou reconhecer a voz - Ainda silêncio - Ok, vamos lá. Profetas? - Nenhum som - Ok...Santos? - Nenhuma batida - Gangue que eu ainda não conheço mas eu acabei irritando? - Nada - Ah gente, eu sei que vocês estão aí! Eu tenho que saber quem tá me sequestrando que aí eu vou saber o porquê!
Nenhuma palavra. Entretanto, sentiu um movimento próximo a si que a fez arrepiar.
- Vocês vão me matar sem conversar? É que eu preciso saber para começar a rezar, me arrepender dos meus pecados. Se pudesse eu gostaria de falar com a minha família. Me despedir, dizer um eu te amo. Que nem o último desejo do corredor da morte? Só que não é comida! É só isso mesmo gente, não preciso de muito, só oi, beijo e te amo. Prometo que juro que não peço socorro nem nada, não vou colocar minha família em risco!
Silêncio. A moça suspirou e virou o corpo para deitar- se de lado e se aconchegar no chão duro do veículo. Ela finalmente se convenceu de que não iria conseguir nada dos sequestradores e que poderia morrer em alguns minutos ou horas. Estranhamente, o corpo dela se acalmou por inteiro. A jornalista não rezou, ou implorou por sua vida aos deuses, sentia que não precisava. Quanto mais a moça pensava, mas ela tinha certeza que não faria nada diferente. Se estivesse sendo sequestrada por expor policiais corruptos, sentia orgulho de si mesma, morreria por fazer seu trabalho. E se fosse por todo o seu envolvimento com profetas, ela também não se arrependia. Pagou Oscar com o dinheiro dos profetas e não se importava. Tirou José da gangue e César também estava livre e apesar de ainda viver com seu irmão, ele mantinha o foco nos estudos. Os dois poderiam ter um bom futuro pela frente.
Depois do que pareceram horas, subitamente, o veículo parou. Desamarraram suas penas e com dificuldade a mulher foi levada para fora e guiada por um longo caminho. De repente a colocaram em um lugar, estranhamente confortável. Outros barulhos foram escutados mas ela não sabia diferenciá-los . De repente um silêncio. Desamarraram suas mãos, alguém bateu palmas e tiraram a sacola preta de sua cabeça.
Um clarão tomou conta de suas córneas. Quando a sua vista se acostumou, ela olhava para os lados alarmada. Estava em uma mansão. Animais silvestres entalhados eram vistos por todo o lado exterior. E em sua frente havia uma mulher impecável. Ela era latina e não parecia ter menos de 40 anos. Usava diversas pedrarias pelo corpo que ornamentavam seu macacão azul escuro de seda. O cabelo estava em frente a um coque sem nenhum fio solto.
- Por favor, sirvam-se de água. Bebam, se hidratem! - A mulher disse com uma voz poderosa
A brasileira notou um copo em sua frente, e apesar de estar com sede, não teve coragem de tomá-lo. Ao seu lado ela se surpreendeu ao ver os quatro adolescentes: Jamal, Monse, Ruby e César. Eles bebiam água como se tivessem passado dias no deserto.
- Espero que não esteja muito forte.
- Muito forte o que? - Ruby perguntou preocupado
- O veneno - A expressão da mulher tornou-se sombria. Os adolescentes cuspiram o líquido. a mulher gargalhou - Eu estou brincando! - Os adolescentes respiravam aliviados e voltaram a beber - Veneno não tem gosto - Seu tom voltou a ser assustador, os adolescentes cuspiram -novamente - Morrice, por favor, traga mais água para os meus convidados. Eu fui muito malvada.
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Exposed| Looking for a better world| - Oscar Diaz
FanfictionMarcela Rodríguez é uma jovem carioca e brasileira que saiu de seu país de origem para viver o sonho de uma vida melhor em Los Angeles. Após longos anos de estudo, a mulher se vê perdida ao enfrentar uma expulsão injusta dos dormitórios de sua univ...