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O trio agora estava dentro do carro de Olavi. O rapaz dirigia angustiado para Freeridge enquanto Marcela estava no banco de trás contando o dinheiro dentro da mala. Em cada bolo de cédulas, havia 1.000 dólares. Marcela parou de contar quando chegou a 50 e ainda havia diversos bolos de dinheiro dentro da sacola esportiva.

O celular da moça recebeu uma ligação, um número privado. Ela atendeu receosa, tinha a plena certeza de que se referia a sua nova posse.

- Gostou do presente? - A jovem lembrava claramente da voz. Era Darnell Jackson, o líder dos profetas que estava preso.

- Você me entregou mais de 50 mil dólares no meio da minha faculdade? Você quer me levar para cadeia com você? - O homem riu do outro lado da linha despreocupado.

- 500 mil - A brasileira arregalou os olhos e sussurrou a quantia para amigos, que reagiram da mesma maneira. - Você fez um bom trabalho! Montaram um caso contra mim. Vários dos meus homens que deviam estar do meu lado, me traíram. Se não fosse por você eu não descobriria.

- Isso não justifica eu ter 500 mil dólares no meu colo nesse momento. - A voz da moça saía trêmula, não acreditava que em sua frente havia tanto dinheiro. Ela não se atreveria a transformar em real.

- Eu ia pegar perpétua, mas graças a você, peguei 15. E ainda deixou minha história longe da mídia, traindo los Santos. Eu só tenho a te agradecer! - Uma risada alta podia ser ouvida do outro lado da linha.

- Eu não traí os Santos, não trabalho para eles para traí-los. Sabe? Um obrigada já estava muito bom. Tem como você pegar de volta? Eu deixo em qualquer lugar, entrego para qualquer pessoa. - O homem gargalhou

- Agora é se. Gaste, queime, doa para igreja para se livrar dos pecados. Eu não ligo! Mas eu sei que você precisa mais dele do que eu!

O profeta desligou. A carioca estava desacreditada. Apesar de achar que havia alguma coisa de errado, que era um truque, uma pegadinha, tinha certeza de que realmente recebeu aquele dinheiro porque, estranhamente e sem querer, ela tinha salvado a vida do profeta.

- Eaí? - Izabel e Olavi a olhavam curiosa.

- Eu tenho que entregar esse dinheiro a alguém amanhã e eu vou ser paga, é uma missão de agradecimento e despedida, eu acho. - A jornalista mentiu. Não queria que os amigos se envolvessem com o dinheiro sujo ou descobrissem tudo que ela escondia até aquele momento.

Olavi e Izabel se entreolharam. Durante todo o caminho insistiam para a moça dormir com um deles escondida nos dormitórios, para que eles a acompanhassem na suposta entrega ou até dormir na casa dela para fazer companhia. Porém, a moça teimou e seus amigos cederam. A jornalista chegou em casa, pôs a mala de dinheiro no chão e sentou-se no sofá. O que ela faria com 500 mil dólares?

Marcela notou algo em cima da mesa da cozinha. As mochilas de José. A mulher foi até o cômodo. Na mesa, além das mochilas, estavam, uma folha pertencente a um bloco de notas que a brasileira deixava em uma das gavetas da cozinha e um envelope. Ela pegou o papel e o abriu.

"Vou sair da gangue.

Obrigada pela comida e pela cama, apesar das dificuldades. Foi bom ter uma noite de diversão, esquecer da gangue, esquecer da morte de Manoel. Não vou mais te dar problemas.

Eu só te peço um último favor. Se eu não voltar, dá essa carta e as mochilas para a minha mãe. Por favor."

A letra de José era feita de garranchos. Seus erros de escrita eram evidentes, mas as palavras abalaram a moça. Ela mexeu nas mochilas, tinham roupas masculinas, que provavelmente pertenciam a José e roupas femininas destinadas a uma mulher mais velha, provavelmente eram presentes para a mãe. Em outra mochila havia um caderno com diversos textos, Marcela não se atreveu a ler. Na mochila também havia utensílios de cozinha simples mas que facilitam a vida de qualquer dona de casa. Uma lágrima desceu pelo rosto da jovem sem que ela esperasse. Ela não poderia fazer aquilo, não poderia dar a uma mãe a notícia de que perdera o filho. José não poderia e não iria morrer!

Exposed| Looking for a better world| - Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora