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   Dois dias se passaram. Marcela teve um pesadelo, o homem que a estuprou, gritando e implorando para que ela pedisse aos homens que o deixassem vivo. Ela acordou se sentindo mal, todavia, tentou não se culpar, ele era um monstro, a jovem ainda sentia um embrulho no estômago e uma grande vontade de vomitar quando lembrava do que lhe a aconteceu. Ainda não tinha conversado com Marisol por falta de tempo, mas já estava ficando ansiosa para falar com a idosa. Enviou mensagens para Monse de encorajamento, que entendia a adolescente o porquê dela estar tão brava com César e que com certeza concordava, entretanto, a aconselhou a tentar continuar a amizade com o garoto. Agora ele precisava de apoio mais do que nunca, voltar à escola, estudar, rever as matérias e receber olhares por toda a situação que ele passou e por ser quem era. E pediu desculpas por não contar que estava cuidando de César enquanto a garota morria de preocupação sobre o estado do adolescente. Ainda frisou que qualquer coisa era para ir na casa dela. Almoço, janta até o café da manhã. Monse enviou uma mensagem concordando e agradecendo. Ela entendia que a mulher havia feito o que era mais seguro para todos.

   Era domingo de manhã, o mesmo homem se encontrava em frente a casa dela novamente, a esse ponto, ela já estava ficando mais tranquila com a presença dos Santos. A jornalista dirigiu-se à biblioteca seguida por um carro dos santos. Ela ainda iria se cansar e andar com eles grudada de uma vez. Na biblioteca o tempo passou rápido, apenas algumas crianças pequenas foram para a leitura de histórias, com o tempo de sobra, a mulher teve a oportunidade de se sentar com uma doce idosa chamada María, a responsável pelos trabalhos da biblioteca, elas haviam se conhecido na quinzeañera de Olivia.

- Eu estava pensando em fazer algo voltado para o público mais velho, adolescentes. Eu vejo que muitos tem interesse em grafite, vários deles fazem por si pelos muros do bairro, porém muitos fazem pelas gangues. Minha ideia é fazer um tipo de "workshop de grafite", conseguir autorização e pintar algum lugar com as artes dos próprios adolescentes, acho que daria certo. Se conseguirmos juntar esses dois grupos de jovens para uma coisa só, em prol da arte, da cultura. É possível que gostem e que possa ajudar os que estão envolvidos a ver algo além do crime.

   A idosa adorou a ideia, ela aconselhou a moça a ir no centro comunitário, próximo a pista de skate, falar com a responsável de lá, Geraldine. O primeiro passo era falar com o pessoal do local, solidificar a ideia e depois pedir autorização para os Santos. A brasileira ficou surpresa, não fazia ideia de que existia um centro comunitário no bairro e muito menos que havia uma pista de skate. Saiu da biblioteca um pouco perdida, entendeu a explicação que a mais velha tinha a dito sobre a localização do lugar, entretanto estava com um grande medo de se perder e parar no lugar errado, como na primeira vez que se aventurou pelas ruas do bairro e parou em frente a casa do líder dos Santos.

    A carioca se deparou com o mesmo carro dos Santos parado próximo a biblioteca, a jovem engoliu o orgulho e foi até lá se debruçando na janela do carro preto.

- Me dá uma carona para o centro comunitário? - Ela perguntou seriamente, sempre tentava mostrar algum tipo de marra para os gângsters.

- Pra quê? - O homem perguntou desconfiado

- Ih, tá passando relatório da minha vida para o Spooky agora? Preciso de segurança, não baba.

   O Santo deixou uma risada escapar e abriu a porta deixando a latina entrar no carro.

- Qual seu nome? - Marcela pergunta curiosa, sentia que já devia o conhecer por o ver tantas vezes.

- Joker! - O homem careca e com tatuagens por todo o corpo, inclusive no rosto responde.

- Marcela. Se preferir chama de Rodríguez, vocês pronunciam meu nome muito diferente.

- Eu sei quem você é Rodríguez- O gângster diz grosso, mas não fazia a mínima ideia do nome dela apenas a conhecia como "la periodista"

Exposed| Looking for a better world| - Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora