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    Marcela esperava mais uma vez seu ônibus, havia saído cedo como todos os dias. Ela tinha um ritual de chegar uma hora mais cedo na universidade para conseguir revisar suas anotações novamente ou adiantar algo de seu serviço ou trabalhos de seu curso. O horário passava, porém seu ônibus não, nem o seu e nem nenhum; nem carros! Esperou por mais 10 minutos e o desespero começou a atingir, justamente naquele dia, a jovem teria uma prova na faculdade, não podia falar ou se atrasar. Pegou seu celular e procurou algo sobre greve de ônibus ou desvios, entretanto, nenhum jornal noticiou algo assim naquela manhã sobre Freeridge, então o que estaria acontecendo? As pessoas que geralmente pegam ônibus ali, também não estavam presentes. Será que algo sério havia acontecido no bairro? Eram perguntas que não tinham respostas.

    Optou por andar até o próximo ponto já que voltar para casa não era uma alternativa. A parada ficava a 10 minutos dali, porém, era a única ideia que a moça havia tido. Ela não podia pegar um táxi, gastaria o dinheiro de 2 passagens em apenas uma viagem. A mulher soube desde cedo o valor do dinheiro, sua mãe viria do Brasil apenas para esgana-la se descobrisse que a garota havia gastado dinheiro "atoa". Ela sorriu ao pensar nisso.

    Marcela tentava se acalmar pois sabia que estava no horário, ela conseguiria pegar sua condução apesar de seja lá o que estiver acontecendo. A brasileira pegou algumas de suas anotações e lia enquanto andava. Inesperadamente um impala vermelho antigo, parecido ao do homem do domingo, corre veloz, com música alta, ao seu lado e a assusta; já que a mesma estava distraída e a rua se encontrava em silêncio até então.

-Santo Deus! - falou para si mesma

    A mulher se deteve bruscamente e olhou para frente, o carro havia parado e agora voltava de ré. Ela entrou em desespero. Perder o ônibus ok, perder a prova, ela demoraria para conseguir superar, mas conseguiria resolver. Agora ser adicionado ao dia, digo, à manhã, "sequestro", não é algo que Marcela esteja muito interessada. Já se preparava para correr mas o homem já estacionava o carro em frente a ela. As pernas da jovem estavam tremendo e não a respondiam. Sua respiração começou ficar ofegante.

    A mulher olhava assustada para o homem. O mexicano tinha a cabeça raspada, bigode, cavanhaque e usava brincos redondos de diamante. Ele tirou os óculos escuros e pode ver que seus olhos eram castanhos escuros e sob seu olho direito se estendia uma tatuagem de lágrima. O que podia significar duas coisas: Ou ele já esteve na prisão ou já matou alguém.... Marcela não queria descobrir o verdadeiro motivo. E no pescoço, uma tatuagem de cruz, no qual, dentro estava inscrito "santos" e uma corrente de ouro.

    Marcela já estava pálida, ele e seu carro se encaixavam exatamente nas características que Monse tinha dado e a tatuagem já anunciava a que gangue ele pertencia. A mulher olhou para si mesmo, não estava de verde, estava com uma blusa azul que se via por seu casaco preto estar aberto. Será que é a cor de outra gangue que não conhecia? Será que ainda acham que ela é uma profeta? A mente viajava em diversas possibilidades e o homem só estava a olhar. Ele desligou o som e se dirigiu a ela.

- Ei chica, não está sabendo do desvio? Aconteceu um acidente e fecharam a rodovia que dá acesso ao bairro. - Marcela se desmonta por alguns segundos, viu notícias sobre o acidente, porém, nada sobre o desvio. Não seria possível que nenhum jornal noticiasse essas coisas. E como todos sabiam menos ela? - Não tava sabendo né?-Ele torna a falar, entediado- Tá indo para outro ponto? Também não tá passando por lá. Entra, eu te levo! - Ele balança sua cabeça apontando para dentro do carro com petulância.

    A garota o olhou confusa, esse deve ser o sequestro mais educado que já existiu. "Ele não pode estar falando sério, ele quer que eu realmente entre no carro dele? Assim, normalmente?".

Exposed| Looking for a better world| - Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora