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TW: Algumas cenas podem ser desconfortáveis. 

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A noite já havia chegado e Marcela estava fazendo um longo trajeto com os gângsters.

Assim que saíram de Freeridge, seguiram por algumas horas pela rodovia principal cercada por uma alta e negra vegetação. De repente, quando não havia mais ninguém além deles na estrada, o motorista fez uma curva brusca para dentro do matagal. Marcela esperou que se chocassem com alguma árvore, todavia, entrou em uma pequena estrada de terra escondida pelas sombras. 

O motorista observava com um sorriso maléfico nos lábios, o desespero no olhar da mulher. 

Marcela não olhou para os gângsters ao seu redor, em nenhum momento. Ela suava, tremia e parecia prestes a vomitar. O útero da mulher parecia explodir em contrações, em uma cólica insuportável. A jovem mal conseguia pensar e prestar atenção no caminho que seguia. 

Após alguns minutos pela estrada de terra. O carro foi estacionado em meio a algumas árvores que o camuflava. Um dos três homens tirou uma lanterna de seu corpo e a acendeu. Dois dos gângsters andaram na frente por entre as árvores, enquanto Marcela ia atrás com o motorista que apontava uma arma em suas costas. 

Eles adentraram a floresta. Marcela andava com dificuldade. Sentia dor, a luz era escassa e a trilha era difícil de andar, apesar de parecer ser a única que tinha problemas com o trajeto. Enquanto a jovem, em vários momentos a jovem tropeçava e caía, os homens andavam tranquilamente e arrastavam a mulher do chão com facilidade. 

Após muito tempo de caminhada, ao longe, o sol começava a nascer. Os dois gângsters em sua frente pararam subitamente, a carioca quase caiu, todavia conseguiu se equilibrar. 

Quando os homens saíram de sua frente, ela conseguiu notar onde estava. Eles haviam chegado a uma clareira que estava cercada de gângsters. Certamente estavam presentes ali pelo menos metade da gangue da Rua 19, se não todos. 

Os homens eram bem diferentes dos Santos. Eram menores, magros e pareciam muito mais novos. A brasileira não se impressionaria se dissessem que eles eram mais novos que Marcela. 

Os outros gângsters pareciam ter notado a chegada do grupo e abriram espaço. Foi possível enxergar ao longe um buraco. O gângster que a ameaçava antes, empurrou o cano da arma nas costas da mulher. Ela entendeu o recado.

 A jornalista se aproximou do enorme buraco aos poucos. Assim que chegou a beira dele, identificou o que havia dentro. 

O corpo de Cuchillos. 

Havia um tiro no meio de sua testa. A mulher estava morta, roxa,  repleta de hematomas e sangue seco pelo corpo. Ela usava roupas chiques, às quais sempre andava.  Parecia que estava morta a semanas, mas não cheirava a isso. 

O gângster que estava atrás de si se aproximou mais, colando seu corpo no dela. 

- A cova ficou boa, não ficou? - Ele pergunta em um tom suave, perto do ouvido da brasileira - Ela mesmo que cavou.

O corpo da jovem estremeceu. Tinha certeza que seria obrigada fazer o mesmo. 

De súbito, o gângster a empurra para dentro da cova. Os pés da moça escorregaram, ela não tinha onde se segurar. Todavia, em segundos, o homem pequeno atrás de si a pegou pelas costas, rapidamente, ele a jogou para trás. 

A jovem caiu rolando no chão em meio a terra, grama, pedras e galhos. O gângster começou a rir alto e sozinho. Marcela sentiu partes do seu corpo arderem, certamente raladas com a queda. Suas lágrimas começaram a surgir sem aviso, ela começou a chorar e soluçar, apavorada. Ela realmente havia sentido que aquele era seu fim, que seria morta junto ao corpo falecido de Cuchillos. 

Exposed| Looking for a better world| - Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora