A chegada. Capítulo 1

14.2K 458 15
                                    

*Não coloquei em qual morro será por não conhecer mas o morro fica no Rio de janeiro.

Lua
(Quinta feira)

Aqui nessa carro, vindo de um inferno, posso ver que agora será tudo diferente... Ou pelos menos é o que eu espero.

A brisa gelada me faz sentir que sou livre, que não posso deixar mais ninguém me fazer de otária.

Eu estava quase chegando no morro. Só de pensar que sai de lá com 14 anos pra tentar um vida melhor e foi tudo ao contrário do que imaginei, agora, voltando com 19 anos, pro lugar de onde eu nunca deveria ter saído.

Eu sempre me amarrei onde eu morava lá no morro, ainda mais que meus primos estão lá. Gabriel e Júlia são a minha família, é um pedaço de mim e agora estou indo pra lá, estou indo para casa. Gabriel fez questão de que eu morasse com eles e lógico que aceitei.

Meus tios, pais de Gabriel e Júlia, morreram em um acidente de carro, meu tio estava bêbado e perdeu o controle do carro. Na época, Gabriel já era de maior e já era um envolvido, Júlia ainda era uma criança e Gabriel teve que cuidar dela, mais do que já cuidava.

Assim que cheguei na entrada do morro, vi Gabriel em cima da sua moto.

Desço do Uber e ele desceu da moto vindo na minha direção, antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele me pega no colo e me gira feito um maluco.

- oi branca - diz assim que me larga.

- oi - digo dando risada e um pouco tonta.

Peguei a mochila e fui andando com ele até sua moto.

- só trouxe isso? - aponta para a mochila.

- sim, larguei muita coisa para trás.

- tudo bem, a gente compra tudo de novo - diz sorrindo - sobe.

Embarquei na moto e fomos que nem um foguete pra sua casa.

O morro tinha mudado bastante, mais ainda me lembro de bastante coisas... Como senti saudades daqui.

- Luaaa - Júlia grita quando me vê.

Júlia me abraça e tira a mochila das minhas costas me levando para dentro de casa.

Do lado de fora a casa já era grande, por dentro parecia maior ainda. Todas as paredes em um azul pastel, quase cinza, tinha alguns vasos de plantas. Assim que entro na sala vejo a televisão enorme.

- sua casa é linda - digo ainda admirando.

- valeu, mas agora é a nossa casa - Gabriel diz e sorri, retribuo o sorriso e me sento no sofá.

- adorei sua roupa - Júlia me olha dos pés a cabeça - falando nisso cadê o resto das suas malas?

Eu usava uma jaqueta jeans com um desenho nas costas de uma caveira, um short jeans preto e um tope branco.

- não trouxe muita coisa, quase não deu tempo.

- ótimo! Isso significa, compras! - pula no sofá.

- vem vou te mostrar seu quarto - Gabriel diz e vou seguindo ele.

Subimos as escadas de mármore branca. O quarto era grande, tinha um banheiro nele, a cama de casal e a cor era a mesma do resto da casa.

- olha, eu sei que passou uma barra mas agora vai ser eu, você e a Júlia contra o mundo - escuto Gabriel fala atentamente - eu sempre vou estar aqui por vocês duas - dou um sorriso e ele me abraça.

- obrigada, isso é muito importante para mim.

- mais uma coisa, não pode me chamar pelo nome na rua - ergui as sobrancelhas, mas logo entendi que era por causa de ser um envolvido - me chama de gavião.

Comecei a rir.

- oh abusada, não tô entendendo a risada.

- foi mal, não consegui resistir - ele nega com a cabeça e sai do quarto.

Logo vou até o banheiro e tiro a roupa indo tomar banho.

Depois do banho gelado, coloco um short mais confortável e um top preto, começo a sentir um cheirinho bom de comida e desço as escadas em uma carreira só.

- eita que desse jeito você vai dar de cara na parede - escuto Gabriel.

- estou com uma fome, deve está bom isso aí em - digo quando vejo Julia mexer a panela com strogonoff.

- ela vai acabar comendo a panela junto - Julia diz caindo na risada.

- bora, tá pronto não? - ergui as sobrancelhas.

Júlia termina de mexer a panela e começa a colocar nossos pratos, sentei na mesa e ela veio com os pratos.

- faltou uma coca bem gelada - Júlia encara Gabriel.

- vai lá comprar ué.

- aí, já fiz a comida - Júlia choraminga e os dois me olham.

- tá boom - revirei os olhos e Gabriel colocou o dinheiro na mesa.

Sai de casa indo em direção a uma vendinha aqui perto, não demorou, logo peguei a coca cola e paguei a mulher.

Vim andando pela rua destruída mexendo nas moedas em minha mão quando escuto o barulho da buzina. Dei um salto de susto e a moto freia com tudo em um metro de distância de mim.

Quando olho vejo um homem moreno, forte, não exagerado, dava para ver que malhava, pois, a falta de camisa me revela isso. A única coisa que consigo ver no seu rosto são os olhos e pouca coisa do rosto, já que usava capacete, os olhos tem cor de Jaboticaba e são puxados.

- presta atenção o maluca! - ele grita ainda sentado na moto.

- você que deveria prestar atenção, anda feito um foguete - grito de volta - se prestasse atenção não teria quase me atropelado.

- se você olhasse para frente iria ver a moto vindo, sua mal educada.

- mal educada é a sua mãe! - levanto as sobrancelhas brava com ele.

- abusada! - grita quando começo andar deixando ele falando sozinho.

Eu Escolhi Fica Onde histórias criam vida. Descubra agora