Durante os cinco anos que trabalhava como assassina, Beatrice nunca tinha se aproximado de um alvo. Naquele momento ela estava ao lado de Ava e seu filho, dentro de um carro, indo para a casa da pessoa que deveria matar. Que situação!
A única coisa que passava pela mente daquela arquiteta naquele momento, nada tinha a ver com o propósito oficial de sua visita a casa dos Salvius.
Beatrice queria usar aquela visita para coletar o máximo de informações possível sobre qualquer motivo que pudesse fazer com que alguém quisesse Ava morta. Não era possível que alguém quisesse matar aquela mulher.
Chegando na casa, Beatrice percebeu que o lugar tinha um forte esquema de segurança, com alguns homens fazendo a ronda na residência e um aparato de câmeras que aparentemente eram muito modernas.
-A casa de vocês é linda! – Beatrice disse observando a arquitetura do lugar e conferindo a segurança reforçada. – Muitos seguranças na casa. – Beatrice fez essa observação propositalmente, para causar desconforto em Ava.
-Minha mãe sempre foi muito cautelosa. Eu nem boto diferença. Sempre foi assim. – Ava justificou.
Quando entraram na casa, Beatrice seguiu observando tudo com atenção. Ela sabia que em algum lugar ali alguma coisa poderia ser feita para que ela conseguisse acesso aos segredos daquela casa.
-Mãe! – Ava chamou da sala.
-Vó! – Joaquim era muito apegado a Jillian.
Quando Jillian apareceu na sala, Joaquim pulou dos braços e Beatrice e correu em direção a avó, a puxando para apresentar a sua nova amiga.
-Beatrice, vovó. Amiga de Joaquim. – O menino disse com felicidade.
-Mãe, essa é Beatrice, uma das arquitetas da ArqArquiteturas. Ela veio para falar de um projeto que estou pensando em desenvolver, mas que pra isso preciso do seu apoio e financiamento.
-Olá, Beatrice. Fico feliz em lhe receber. – Jillian saudou a mulher que acabou de conhecer.
-Também fico feliz em lhe conhecer. Sua casa tem uma arquitetura fascinante. – Beatrice estava elogiando a casa mais que o necessário, buscando oportunidades de andar pelo lugar. – Há algo daqui que pense em incluir no projeto? – Beatrice dirigiu a pergunta a Ava.
-Acho que não. Apesar da bela arquitetura dessa casa, ela tem um aspecto antigo. Quero o hospital mais moderno possível em todos os aspectos. – Ava estava animada com o projeto.
-Então vamos lá. – Beatrice tirou seu computador de dentro da bolsa e abriu um software para iniciar o esboço do projeto.
-Deixa só eu pedir a Inês pra dar banho no Joaquim e ficar com ele até a gente terminar. – Ava pediu.
-Claro! Você pode me dizer onde fica o banheiro? – Era a oportunidade que Beatrice queria para usar o velho truque do "estou procurando o banheiro".
Ava orientou Beatrice e subiu com o filho e a mãe para levar o menino para o banho. Beatrice foi na direção indicada por Ava, mas não entrou no banheiro quando o encontrou. Ao invés disso, a mulher que estava preocupada com as horas se passando, procurou a sala de segurança onde provavelmente ficava o alarme.
Beatrice abriu a porta com cautela, percebendo que não havia ninguém no cômodo. A sala podia não ser ocupada o tempo inteiro, ou o responsável por ela poderia ter saído.
A asiática sentou na cadeira, tratou de apagar as imagens da última hora e acionou o alarme da casa, saindo da sala as pressas. Os seguranças adentraram a casa com muita velocidade, com armas em punho.
-Leva o Joaquim, mãe. A Beatrice está na casa. Os seguranças não a conhecem. Eu já vou. – Ava entregou o menino nos braços da mãe.
-Ava, não. Se for alguma coisa, você pode se ferir! – Não vai acontecer nada comigo, mãe. Não se preocupa. – Ava deu as costas a sua mãe e desceu as escadas da casa, procurando por Beatrice.
-O que está acontecendo? – Beatrice perguntou fingindo surpresa com o alarme e a presença dos seguranças.
-Mãos pra cima! De joelhos! – O segurança gritou.
-Não! Ela é uma conhecida. Pode deixar! – Ava deu ordens. – Vem, Beatrice. – Ava chamou e pegou na mão de Beatrice, a levando a mesma sala que estavam Joaquim, sua mãe e alguns funcionários da casa.
-O que está acontecendo aqui, gente? – Beatrice continuava atuando.
-Depois eu te explico. Prometo! – Ava disse com um pouco de aflição.
Quarenta minutos se passaram, até que os seguranças abriram a porta da sala onde estavam os demais. O chefe da segurança informou que o sistema tinha tido um curto, acionado o alarme e parado as câmeras de segurança. Pelo menos foram essas as impressões que eles tiveram.
Quando saiu da sala, depois que tudo se acalmou, Beatrice estava a sós com Ava e perguntou novamente o que tinha acontecido.
-Você vai me dizer agora o que foi isso?
-Os seguranças informaram que foi uma falha no sistema de segurança. Nada demais! – Ava disse ainda nervosa.
-Mas por que essa casa tem um banker? Que exagero é esse? – Beatrice ria do exagero.
-Não se preocupa com isso. Tá tudo bem. – Ava tentou desconversar.
-Tá, mas eu gostaria de saber se tô correndo risco de vida. Aliás, se vou correr risco de vida de novo. Porque seus seguranças por pouco não me mataram aqui nessa sala.
Ava se sentiu culpada pelo que tinha acabado de acontecer. Sentia que algo poderia ter acontecido com Beatrice ali na casa, e ela precisava saber o porquê daquilo tudo.
-Tá! Olha, eu mal te conheço, mas você vai saber algo que praticamente ninguém sabe. Meu pai é... Eu sou filha do Vincent Medrado.
Beatrice caiu na gargalhada, fingindo não acreditar no que estava ouvindo.
-Você tá falando sério? – perguntou ao ver que Ava continuava séria.
-Infelizmente, sim! É por isso que essa casa é assim, tão protegida. Mas ninguém sabe disso e eu peço a você que as coisas continuem assim.
-Mas como ninguém sabe? Por quê? – essa curiosidade de Beatrice era real.
-Porque ele nunca se aproximou de mim ou do Joaquim. Ele sabe o quanto seria perigoso pra nós e optou por isso. Eu respeito a decisão dele. Agora que você já sabe, vamos mudar de assunto e não fala nada pra minha mãe que eu te contei isso, pelo amor de Deus. – Ava pediu encarecidamente.
-Tudo bem. Sem problemas! – Beatrice disse concordando em ficar em silêncio.
-Agora eu acho melhor você voltar outro dia. Ou eu procuro vocês no escritório. As coisas saíram um pouco de controle e o Joaquim ficou agitado. Preciso ficar com ele.
-Claro! Claro! Vai lá. Eu vou embora e depois a gente se fala.
-Ah! Você veio no meu carro! – Ava disse se preocupando como Beatrice iria embora.
-Não se preocupa com isso. Eu peço um carro de aplicativo. – Beatrice disse para tranquilizar Ava.
Ava levou Beatrice até a parte de fora da casa e conversaram por alguns minutos, até o carro de Beatrice chegar. As duas conversaram como se fossem amigas há muito tempo, tanto que os quinze minutos que aguardaram, pareciam ter sido três.
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Avatrice - Assassina De Aluguel
FanfictionBeatrice foi contratada para matar Ava, a filha de um perigoso mafioso americano. Ela só não imaginava que pela primeira vez, falharia em sua missão. Foto da capa: Gracie Mendoza