Revelação

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-Parece ser algo bem pessoal! - Beatrice disse ao ver a preocupação do homem que colocou as mãos na cabeça com as informações que estava recebendo.

-Eu não acredito nisso. Sério! Agora as coisas mudaram de figura. - Vincent passava a mão na barba, pensando no que fazer. - Eu te pago o triplo.

-Eu topo! - Beatrice disse na lata, sem esperar Vincent dizer o que queria que ela fizesse. Ela já mataria o mandante de graça, mas ganhando três vezes o que lhe pagaram para matar Ava, seria ainda melhor. -Mas antes você vai me dizer quem é. E não é só me dar um nome. Eu quero saber o porquê dessa pessoa querer sua filha morta.

-Eu arranjo outra pessoa pra fazer o serviço, então.

-Você que sabe. E sabe também que isso pode dar uma confusão ainda maior se descobrirem da sua família.

Vincent olhou para Beatrice e não falou nada. Ele sabia que ela tinha razão e que tomar aquela decisão poderia colocar em risco um segredo que ele guardava a sete chaves há vinte anos.

-Pode começar me soltando. - Beatrice disse mostrando as mãos.

Vincent se aproximou da mulher para tirar suas algemas, ainda com receio, mas ele não tinha alternativa. Tudo que ela tinha dito e o fato de não o fazer na frente daquelas pessoas, de certa forma, fazia com que Vincent confiasse nela. Pelo menos naquela ocasião.

-Se você tentar alguma coisa, você é uma mulher morta porque aqueles homens e os outros que estão atrás daquela porta vão se encarregar disso.

-Não precisa me ameaçar. Não vou tentar nada. A propósito, eu já tirei as algemas, viu? - Beatrice mostrou as algemas soltas, antes que Vincent as tirasse. - Eu só não queria te ver tão assustado. E digo mais: seus homens precisam melhorar muito.

-Vai dizer que você veio aqui de propósito e que se não quisesse vir, não teria vindo?

-Sim! Exatamente isso, papai do ano. - Beatrice debochou.

-Então vamos ver se é verdade. -Vincent soltou um riso malicioso. - Heitor! - O homem gritou e oito homens entraram depressa no galpão.

-É sério isso? - Beatrice perguntou meio incrédula.

Vicente deu de ombros e se afastou: -Quero ver se você é boa mesmo.

Os homens partiram para cima de Beatrice, todos ao mesmo tempo e um a um foram abatidos o último deles foi jogado aos pés de Vincent. Beatrice limpou o canto da boca que estava sujo de sangue depois de sofrer alguns golpes no rosto. Depois de limpar a boca, Beatrice apontou para Vincent e o chamou.

-Sua vez! - Tudo que ela queria era encher a cara de Vincent de porrada depois daquilo.

-Eu tinha que saber se você era a pessoa certa pra isso. Desculpe! Talvez você seja. - Vincent disse, não aceitando o desafio da asiática. -Saiam! - Vincent deu a ordem aos homens.

-Então anda. Me fala sobre a pessoa que pode ter ser a mandante. - Beatrice disse e sentou para descansar enquanto ouvia.

-A única pessoa que me vem a cabeça é um antigo amigo. Ele jurou que se vingaria de mim e há pouco, quando nos encontramos, ele mandou lembranças para Ava.

-Interessante! - Beatrice deu de ombros -Mas o que você fez pra ele querer matar ela?

-Ele tinha um filho. Dois anos mais novo que a Ava. O garoto tinha envolvimento com drogas... Eu nem sabia que aquele menino estava no meu bar. Ele era filho do Duretti.

-Finalmente um nome. - Beatrice estava perdendo a paciência com toda aquela enrolação.

-Ele foi a um dos meus bares em uma noite que estava acontecendo um temporal na cidade. Não tinha como socorrer. Não havia ambulância que passasse para lá... Se eu pudesse, teria feito alguma coisa. Ele teve uma overdose dentro do banheiro. Dentro do meu bar, com a heroína que eu vendi indiretamente... E eu não tive como socorrer.

-Que merda, hein?!

-O Duretti me culpou pela morte do filho dele. Desde então ele se empenhou em escavar a minha vida e descobriu sobre a Ava.

-Ok! - Beatrice ergueu as sobrancelhas - O mandante e o motivo, nós já temos.

-Eu quero que você traga ele aqui. Quero conversar, antes de matar. Talvez exista algo a ser feito.

-Olha, eu vou deixar uma coisa bem clara. Talvez você ainda não tenha entendido, mas eu não sou sua moleca de recados. Eu não sou sua capanga. Eu vou lá, executo, recebo meu dinheiro e adeus. É assim que funciona.

-Então por que você não fez isso quando foi contratada pra matar a Ava?

-Eu já disse. Ela estava com o menino no colo. Eu nunca mataria alguém daquele jeito.

-Eu não quero matar o Duretti!

-Então vai você atrás dele. Porque se eu for, ele não vai ter uma segunda chance.

-Você disse que a Ava estaria morta em poucas horas. Quem vai matar?

-Meu escritório me deu esse prazo, mas sei que eles não vão esperar. Se eu não matar, eles mandarão outra pessoa.

-E o que vai acontecer com você, por não ter cumprido a ordem?

-Isso eu não sei. - Beatrice suspirou e acendeu um cigarro que pegou em cima da mesa, soltando a fumaça para cima.

-Eu preciso tirar a Ava da cidade. Do país, se for necessário. - Vincent estava preocupado.

-Ela não vai querer sair e podem matá-la em qualquer lugar do mundo.

-Não se não souberem onde ela está.

-Você está querendo que sua filha se esconda? Ela tem toda uma vida aqui. Tem a mãe, o filho, o trabalho... Projetos...

-Eu sei! E foi pra ela ter tudo isso que eu nunca estive perto dela.  Mas se ela ficar, a mãe, o filho, o trabalho, os projetos... Tudo isso vai perder ela.

-É fácil de resolver. Mata o Duretti.

-Eu não posso!

-Que merda você não tá me contando? Por que tanta resistência em matar um homem? Ele mandou matar a sua única filha.

-Ele é meu irmão. O Duretti. Ele é filho do meu pai com outra mulher.

Beatrice se engasgou com a fumaça do cigarro depois do que tinha acabado de ouvir.

-Então ele é tio da Ava e mesmo assim ele quer matar ela?!

-Ele não sabe. Por isso eu quero dar a ele uma chance. Eu não posso matar o meu irmão.

-A minha parte eu já fiz, que foi te avisar pra que você proteja sua filha. Agora é com você. Se ela morrer, o sangue dela estará em suas mãos.

Beatrice escreveu seu número de telefone em um bloco de anotações, colocou em cima da mesa, deu as costas e saiu do galpão.

-Me liga se não conseguir tocar o coraçãozinho  do seu irmão depois dessa revelação.

Avatrice - Assassina De Aluguel Onde histórias criam vida. Descubra agora