Paisagem

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-Olá! - Beatrice sorriu e abraçou o amigo, Hugo.

-Eu ainda nem acredito que você veio mesmo. - Hugo estava surpreso.

-Pois é. Aqui estou eu, pronta pra trabalhar. - Beatrice estava ainda mais feliz por estar ali, já que tinha um álibi perfeito, caso precisasse.

-Então vamos até o lugar pra você ver pessoalmente e já me dizer o que dá pra fazer. Quero que você assine como nossa engenheira também.

Beatrice fez faculdade de engenharia e só depois de arquitetura. Hugo a tinha conhecido no campus da universidade. Ele era um estudante de direito e agora queria construir seu escritório, mas não qualquer escritório. Ele queria que fosse um dos maiores do estado em estrutura, e confiava plenamente em Beatrice para fazer isso acontecer.

-Tudo bem. Vamos colocar a mão na massa. - Beatrice aceitou a proposta.

Quando chegaram ao terreno onde o empreendimento deveria ser construído, Beatrice ficou maravilhada. A localização era excelente. O solo do lugar também era bom. Alguns cálculos e conversa depois, ela sabia exatamente como aproveitar cada metro² daquele espaço.

-Vou fazer o projeto com as informações que você me passou. Vou pesquisar as construtoras da cidade pra que possamos contratar a mão de obra. Uma semana consigo ver isso. - Beatrice falou.

-Uma semana é muito. Queria começar em três dias. - Hugo estava com pressa.

-Bom, eu coloquei uma semana devido a pesquisa de preço da construtora. Se você não se importar com isso, fecho em três dias com a primeira que encontrar.

-Ótimo! Quando você crê que sai a obra completa?

-Cem mil é o meu trabalho. Amanhã te entrego o contrato pra você assinar. No mínimo duzentos mil a construtora vai cobrar pela mão de obra. Mais duzentos mil de material de boa qualidade. Mais ou menos meio milhão, tudo.

-Imaginei que seria por aí. - Hugo disse.

Beatrice ficou parada, olhando para a paisagem ao redor daquele terreno que ela visitaria todos os dias durante alguns meses. Aquela visão lhe trazia paz. Fazia com que se conectasse com algo que ela não sabia o que era, mas que estava guardado dentro de si.

-Vamos! - Beatrice chamou. - Vou me hospedar em um hotel aqui próximo.

Hugo deixou a amiga no hotel mais próximo ao lugar onde o escritório seria construído.

Beatrice fez check in no hotel, subiu no elevador até o andar onde ficaria e abriu a porta do quarto onde passaria a maior parte de seu tempo dali em diante, por cerca de três meses.

Seu quarto lhe dava visão da mesma paisagem do terreno do escritório. Ela poderia olhar para aquele lugar por horas, o que estava ainda mais fácil, já que sua varanda tinha um belo sofá confortável.

-Isso deve ser lindo a noite. - Beatrice disse em voz alta, sem perceber.

Depois de tomar um banho relaxante e demorado, Beatrice guardou suas roupas no armário. Em uma de suas malas havia uma arma que ela tinha comprado assim que chegou ao lugar. Era necessário se proteger, mesmo estando longe da sua vida dupla.

Na parte superior do armário, Beatrice guardou a arma dentro de uma caixa. Só seria utilizada se realmente houvesse a necessidade.

-Vida nova, Beatrice! - Disse para si mesma, fechando a porta do armário.

Beatrice pegou o telefone e ligou para o restaurante, solicitando um chá. Ela amava chás quentinhos e não perderia a oportunidade de manter esse hábito em sua nova vida.

Apesar de estar ali e estar disposta a deixar tudo para trás, Beatrice não tirava da cabeça os pensamentos, os questionamentos de como e por quê, ainda estava viva depois do que fez. Esse não era um hábito dos escritórios de assassinos. Por muito menos, muitas pessoas que também era assassinas, já tinham morrido.

Se policiando, Beatrice forçou esses pensamentos a saírem de sua mente. Resolveu ocupá-la com trabalho.

Assim que seu chá chegou, pegou seu Notebook dentro de uma mochila, o colocou em cima da mesinha da varanda e sentou naquele sofá confortável, de frente para a paisagem que tinha o privilégio de estar diante, e abriu seu software de projetos.

Com as anotações das dimensões do terreno  e as informações daquilo que seu cliente precisava, Beatrice deu início ao esboço do projeto. Hugo estava certo. Beatrice era uma mulher inteligente e talentosa. Sabia exatamente o que estava fazendo.

Algumas horas depois, o sol já estava se pondo e o céu se transformava em mais uma linda paisagem, agora com tons em avermelhados e em cor de rosa, com nuvens espaçadas e esfumaçadas em alguns pontos daquele céu que ainda estava azul.

Beatrice tirou uma foto do projeto e enviou para Hugo, que em alguns minutos respondeu.

"Achei que você terminaria em três dias, mas pelo visto, vai acabar em dois 😂😅"

Beatrice respondeu a mensagem do amigo:

"Não conte com isso kkk"

A moça bloqueou a tela do celular e voltou a se dedicar ao projeto. Por mais que ela não fosse terminar aquele dia, gostava de adiantar ao máximo. Tudo era feito com muito cuidado. Um cálculo errado e o prédio poderia ir abaixo no dia da inauguração, ou até mesmo antes.

As estrelas já tinham tomado conta daquele céu que agora era iluminado pela luz da lua, ao invés do sol. Já era noite quando Beatrice abaixou a tela de seu computador e fez mais uma ligação para o restaurante do hotel, agora pedindo seu jantar e uma garrafa de vinho.

Antes que seu pedido chegasse, Beatrice tomou mais um banho e aguardava seu pedido na varanda. Não demorou mais que cinco minutos depois que terminou seu banho e ouviu as batidas na porta. Seu jantar havia chegado.

Beatrice estava em sua própria companhia, como ela costumava viver, mas daquela vez era diferente. Ela não estava esperando que seu celular tocasse a qualquer momento com o endereço, horário e foto de alguém para matar.

Tinha terminado seu jantar e estava curtindo sua presença, tomando seu vinho, admirando a lua. Seus pensamentos estavam distantes, quando seu celular vibrou em cima da mesa, atraindo sua atenção.

Era uma mensagem de texto de um número desconhecido.

Beatrice leu a mensagem e sorriu, apesar do conteúdo.

"Nunca pensei que um dia estaria fugindo de algo ou alguém que nem sei o que ou quem é."

Só poderia ser a Ava. Que bom que ela estava bem e que bom que tinha salvado o número de telefone de Beatrice em algum lugar para que mantivesse contato.

Avatrice - Assassina De Aluguel Onde histórias criam vida. Descubra agora