Meu mundo em minhas mãos

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-Ficou uma cama ótima. - Beatrice disse depois de apalpar o travesseiro em cima do sofá que cobriu com lençol branco entregue por Ava.

-Eu já disse que a cama cabe você tranquilamente. - Ava não parecia satisfeita com o fato de Beatrice dormir no sofá. - Eu não vou arrancar um pedaço de você se dormir aqui. - Ava passou a mão do outro lado da cama, que seria onde Beatrice dormiria.

-Não me diga. - Beatrice foi ao encontro de Ava, segurando seu quadril e beijando os lábios macios que por tanto tempo não entendeu que era exatamente o que queria. Segundos depois, estava novamente em seu sofá.

-E vai dormir com essa camisa de manga longa e com essa calça? - Ava olhou Beatrice dos pés a cabeça, apesar de conhecer cada costura de sua roupa por ter passado a noite inteira a observando.

-Está frio! - Beatrice justificou.

-Eu tenho pijama pra frio. - Ava levantou da cama e abriu o armário, procurando o pijama para Beatrice. - Aqui, esse vai ficar perfeito em você. - Ava a entregou um pijama de calça xadrez e com detalhes azul marinho com branco e uma camisa de mangas longas, também branca e detalhes da gola e do punho também xadrez, da cor da calça.

Beatrice olhou para Ava, sorriu e estirou a mão para pegar o pijama, dando-lhe as costas em seguida para se dirigir ao banheiro.

-Jura? É sério, eu não vou te morder. - Ava estava indignada pela suposta timidez de Beatrice.

-Eu vou aproveitar e tomar banho. Não ia dormir sem fazer isso. - Beatrice se justificou mais uma vez.

Minutos mais tarde, Beatrice saiu do banheiro vestida no pijama de Ava, com o queixo tremendo de frio.

-Você precisa colocar água quente nessa casa. - Beatrice acariciava os próprios braços com as mãos, tentando se esquentar.

-Ah, meu Deus! - Ava agarrou Beatrice. - Desculpe por isso. Eu adoro banhos gelados, por isso nunca me importei com isso. - Ava fazia movimentos rápidos com as mãos, ajudando Beatrice a aquecer o corpo.

Beatrice parou de tremer de frio depois de alguns minutos, então, Ava a deixou no lugar que escolheu para dormir e foi para o banheiro. Era sua vez de tomar banho.

Quando saiu do banho, Ava encontrou Beatrice dormindo, com um livro na mão. O cansaço do dia e o horário colaboravam pra que a mulher não conseguisse permanecer de olhos abertos.

Se aproximando de Beatrice, Ava parou ao seu lado, de joelhos e lhe cobriu com o cobertor que estava ainda dobrado, mas em cima da barriga de Beatrice.

Depois que apagou a luz, Ava deitou na cama, mas não conseguiu dormir. A luz da lua estava indo diretamente para o rosto de Beatrice. Da cama, Ava conseguia ver claramente aqueles olhos fechados e os detalhes daquele rosto perfeito.

Desde que se relacionou com Hans, na Suiça, Ava não tinha namorado ninguém, não que aquilo entre as duas fosse um namoro, mas aquela sensação de atenção, carinho e cuidado, era algo que ela não estava acostumada desde seu ensino médio.

Por muitas vezes, Ava, assim como Beatrice, acharam que o amor era algo feito para as pessoas do mundo, mas não para elas. Era um sentimento de não pertencimento, pela falta de oportunidade de amar.

Ava ainda se perguntava como as coincidências entre ela e Beatrice aconteciam, e principalmente, como aconteceu daquela vez. Como podia as duas irem parar exatamente no mesmo lugar, em um mundo com tantas pessoas?

A resposta ela não sabia, mas sabia que era extremamente grata por tudo que aconteceu até ali e lhe proporcionou estar naquela cama, naquele momento, olhando para aquele rosto.

Enquanto estava deitada, Ava recebeu uma notificação do Instagram. Ela tinha ativado as notificações para saber quando o perfil criado por sua mãe para a atualizar publicasse algo.

Enquanto era madrugada na cidade do México, já era dia nos Estados Unidos da América. Jillian estava levando Joaquim para sua sessão de fonoaudiologia, quando o gravou no carro, cantando uma canção que Ava cantava para ele desde quando o menino estava na barriga.

Por mais que visse que o filho estava bem, a dor de não poder estar perto apertava o coração daquela mãe que estava morrendo de saudade. Quando as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Ava, ela não conseguiu conter o barulho que seu choro fazia ao soluçar.

Beatrice acordou lentamente, ouvindo aqueles soluços chorosos e logo retirou a coberta, indo na direção da cama.

-Ei... O que houve? - Beatrice perguntou ao sentar por cima da perna, ao lado de Ava.

Por alguns segundos, Ava só conseguia chorar com as mãos nos olhos, tentando esconder seu sofrimento, mas sua atitude era inútil.

Beatrice viu o vídeo de Joaquim e logo entendeu do que se tratava aquele choro tão triste. Apesar de não ser mãe, Beatrice conseguia entender os sentimentos de Ava.

-Olha, ele tá bem. Tá vendo? Sua mãe tá cuidando dele direitinho. - o intuito de Beatrice era fazer com que Ava se sentisse menos mal, mas sabia que por mais que estivesse falando verdades, suas palavras não eram suficientes.

-Eu sei... Vai dormir. Desculpa por ter te acordado desse jeito. - Ava ainda soluçava enquanto falava.

-Eu vou dormir aqui com você. - Beatrice secou as lágrimas dos olhos de sua amada, deitou na cama e a chamou para deitar em seu peito.

Ava bloqueou a tela do celular e correu para o único lugar acessível e capaz de lhe tranquilizar naquele momento. O cheiro de Beatrice era inebriante. Estar ali, tão perto, a fazia se sentir bem.

Beatrice também estava satisfeita. Enquanto tinha Ava ali, sob seus cuidados, Beatrice sentia como se tivesse o mundo em suas mãos, aliás, pelo o seu mundo. Por mais que não entendesse como tinha se apaixonado em tão pouco tempo e tão perdidamente, aquela assassina sabia que tirar Ava de sua vida dali em diante seria impossível sem que causasse uma imensurável dor ao seu coração.

-Eu vou te proteger de tudo, tá bom? - Beatrice disse e beijou a cabeça de Ava. Sem dúvida, um de seus perfumes prediletos estava localizado bem ali, a altura de seu nariz.

Avatrice - Assassina De Aluguel Onde histórias criam vida. Descubra agora