-Bom dia, flor do dia! - Carol estava com os olhos ainda inchados de dormir quando avistou Beatrice sentada na mesa de café da manhã pensão. - Você estava vestida para matar ontem. Uma perfeição.
-Não fale matar que já me causa arrepios. Pelo seu rosto inchado de dormir, creio que não viu as últimas notícias. - Beatrice conseguia enganar qualquer pessoa. - Mataram uma freira ontem no evento que fui.
Carol arregalou os olhos em surpresa pela notícia que estava recebendo e puxou a cadeira, sentando ao lado de Beatrice para continuar ouvindo. Tinha ido dormir cedo e não fazia ideia do que tinha acontecido.
-Como assim, mataram uma freira? - Carol estava incrédula.
-Sim. Também fiquei abismada. Logo uma freira? Que mal uma freira poderia ter feito pra ser morta daquele jeito? - Beatrice limpou a boca com um lenço.
-Não pegaram quem matou? - Carol queria a notícia completa.
-Não. A polícia informou que quem matou entrou e saiu sem ser visto. No régua que foi usada para matar só havia impressão digital da vítima.
Beatrice dava as notícias, mas se sentia incompetente por ainda estar lá e ter sido obrigada a depor.
O telefone de Beatrice tocou. Ela sabia que aquele contato poderia ser de Suzanne para falar sobre o ocorrido da noite passada.
-Preciso atender. - Beatrice levantou da cadeira e saiu da sala. - Oi! - Disse ao atender o telefone.
-Como foi ontem? Por que demorou a confirmar que tinha concluído? - Suzanne não tolerava ficar sem notícias.
-Não consegui sair do lugar antes de encontrarem o corpo.
-Então você teve que depor? - Suzanne estava furiosa. Um depoimento era uma ponte que ligava Beatrice ao caso. - Que amadorismo, Beatrice. O que está acontecendo com você? Primeiro a Ava, agora isso.
-Não precisa se preocupar, Suzanne. Está tudo certo. Não deixei brechas no dep...
-Não deixou brechas, deixou uma ponte até você. Será que não enxerga?
-Não há ponte alguma. Eu só fui ao evento, fiz uma doação e estava lá como qualquer outra pessoa.
-O registro do seu depoimento tem que ser apagado do sistema. - Suzanne era especialista nisso.
-Claro que não. Se isso acontecer e alguém descobrir, vai ser óbvio o meu envolvimento. Ninguém desconfiou de nada. - O medo de Beatrice era que Suzanne descobrisse do depoimento de Ava ao acessar o sistema. - Escuta, não se mete. Eu já fiz e acabou. Deixa as investigações correrem e não interfere nisso.
-Eu queria que você voltasse a ser a agente que sempre foi. Não sei onde você se desconfigurou desse jeito. - Suzanne desligou o telefone.
Beatrice olhou para a tela do smartphone com o nome "Chamada encerrada". Ficou pensativa por alguns segundos, lembrando do momento exato em que se desconfigurou vendo Ava através da mira de seu rifle, meses atrás.
Voltou para a sala e ao entrar, Carol foi em sua direção com novidades sobre o assassinato da freira.
-Olha, pesquisei sobre o caso na internet. A polícia vai exumar alguns corpos de jovens e crianças que morreram lá. Pegaram depoimento de algumas crianças e aparentemente a freira não era tão boazinha quanto parecia.
Beatrice fingiu surpresa, pegou o telefone e leu a notícia que tinha sido lhe contada naquele momento.
-Será? - Beatrice fingia não acreditar.
-Aparentemente, foi isso. Não duvido que tenha sido um ex órfão de lá para se vingar e vingar os outros.
-Meu Deus! Me causa choque que ela possa ter maltratado aquelas crianças. - Se não fosse uma arquiteta e assassina profissional, Beatrice poderia investir na carreira de atriz.
-Não só maltratado, mas também matado. Por isso vão exumar os corpos. Vão investigar se ela realmente os matava. - Carol tinha lido sobre aquilo em outro site.
-Muitas possibilidades nesse caso. - Beatrice entregou o celular de Carol - Preciso sair agora. Até depois.
-Hoje a noite vai ter uma banda alternativa em uma casa de shows aqui perto. No bar pub 48. Não quer ir? - Carol lançou o convite.
-Posso te responder quando voltar? - Beatrice estava interessada, mas não podia confirmar ainda.
-Claro! Como você quiser. - Carol não fazia muita questão de esconder seu interesse na arquiteta e seu tom de voz deixava isso ainda mais nítido.
-Então até daqui a pouco. - Beatrice passou pela porta, olhando o mapa de seu celular. Fez uma cara de surpresa e seguiu a pé por onde o aplicativo lhe levava.
Cinco minutos andando a pé, Beatrice estava em frente a floricultura de Ava. Das coincidências que já tinha vivido, nunca nenhuma delas tinha sido tão, digamos que, patética! Como podia o destino as ligar daquela forma? Como Ava e Beatrice sempre se cruzavam daquela forma?
-O mundo é enorme, no entanto, nos encontramos novamente, quando era praticamente impossível que isso acontecesse. - Beatrice disse vendo Ava no balcão.
-Parece que o impossível não é tão impossível assim. Como diz o eterno Chorão: o impossível é só questão de opinião, e disso os loucos sabem - Ava respondeu, se aproximando de Beatrice e lhe abraçando como gostaria de ter feito na noite anterior.
Beatrice teve um misto de sensações com aquele abraço e sua atitude de retribuir o abraço só chegou segundos depois. Nunca tinha se sentido tão bem dentro de um enlace.
-Eu estava com saudade de você. - Ava completou.
-Quem é Chorão? - Beatrice estava ainda mais desconfigurada.
Ava sorriu da pergunta de Beatrice. Era como se tivesse percebido que a asiática tinha se descompensado, mas não quisesse frisar o que acabara de notar.
-Um cantor de rock brasileiro que se suicidou há alguns anos. - Ava respondeu.
-Nossa! É tenso alguém chegar ao ponto de tirar a própria vida. - Beatrice não estava conseguindo fazer conexões entre seus pensamentos, desejos e a realidade de Ava em sua frente.
-Pois é. - Ava fincou os lábios e balançou o corpo de um lado para outro. - Quer um café? - Ofereceu.
-Ah, não. Não sou adepta ao café. - Beatrice detestava o cheiro e o gosto que o café deixava na boca.
-Viu as últimas notícias sobre ontem? - Ava perguntou enquanto retornava para a parte detrás do balcão.
-Vi. Vi algumas. - Aquele assunto iria perseguir Beatrice para sempre. - Aparentemente se trata de uma vingança de um ex morador do orfanato. - Beatrice complementou.
-A mulher era uma megera. Matava os jovens. Que tipo de ser humano sai por aí matando pessoas? - Ava estava indignada.
-É... Espero que a polícia resolva. A neta da dona da pensão que estou me convidou pra uma festa que vai ter aqui perto, hoje a noite. Uma banda alternativa. Quer ir?
-No bar pub 48? - Ava perguntou.
-Isso. Esse mesmo. Já conhece? - apesar de conversar com Ava todos os dias, Beatrice não sabia sobre sua rotina na nova cidade.
-Conheço. Já fui algumas vezes e ia hoje mesmo. - Ava confirmou.
-Olá, bom dia! - JC cumprimentou ao entrar na floricultura.
-Oi, bom dia! - Ava mostrou os dentes em um sorriso ao ver o homem entrar.
Beatrice observou as expressões corporais de Ava e do homem. Com certeza ali havia muito mais do que apenas uma relação profissional.
-Passei só pra confirmar nossa saída hoje a noite. - JC se aproximou do balcão.
-Combinado. A Beatrice também irá. - Ava sorriu mais ainda.
-Ah, ok... - JC com toda certeza não tinha ficado satisfeito com a informação.
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Avatrice - Assassina De Aluguel
FanficBeatrice foi contratada para matar Ava, a filha de um perigoso mafioso americano. Ela só não imaginava que pela primeira vez, falharia em sua missão. Foto da capa: Gracie Mendoza