Ligação

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-Cadê a Beatrice? - Ava perguntou em voz alta. Estava desesperada e seu desespero era palpável.

-Oh, não se preocupe. Ela está bem. Não tão bem, mas está viva. Não sei até quando. - Duretti fez questão de informar.

-O que você fez com ela? - Ava perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

-Eu não encostei em um fio de cabelo dela, ainda. E pra garantir que isso não vai acontecer, você vai pegar esse telefone, vai ligar pra sua mãe, vai garantir que ela não vai abrir a boca e vai pedir pra ela vir pra cá, junto do seu filho. Agora! - Duretti entregou um aparelho de celular nas mãos de Ava, pronto para que os números fossem discados.

-Eu não vou fazer isso! - Ava garantiu.

-Ah, não vai? - o homem tirou um rádio comunicador do bolso, pegou o tablet que estava debaixo do braço e o desbloqueou, mostrando a Ava as imagens de Beatrice jogada ao chão, suja de sangue, dentro de um cômodo, amarrada e com dois homens ao seu lado.

-Acordem ela! - Duretti disse aos homens pelo rádio comunicador.

Os dois se aproximaram de Beatrice. Um a pegou pelos braços que estavam amarrados para trás, enquanto o outro lhe deu um soco no rosto, seguido de outro no estômago.

- Não! Para com isso, pelo amor de Deus! - Ava estava em total desespero com o que estava vendo por aquela tela. Nem em seus piores pesadelos, imaginou que veria Beatrice naquela situação.

-Você me rastreou pela ligação que fiz pra você? - Perguntou olhando para JC.

-Eu tive que fazer isso. Para o seu bem. - Disse olhando para Ava. - Duretti, você não precisava mostrar isso pra ela.

-Quem é você pra me dizer o que eu devo ou não devo fazer? - o homem mais velho respondeu de maneira ríspida.

-Sou seu sócio e nós combinamos...

-Não vamos discutir estas questões na frente da minha querida sobrinha, ok? Agora é com você, Ava. A Beatrice, como você pode ver, não vai aguentar por muito tempo se a gente resolver dar mais uma surra nela. Aliás, pela quantidade de sangue que sai dessa boca, talvez haja algum problema interno. Não acha?

Ava estava em pânico. Não sabia o que deveria fazer. Beatrice já poderia estar com algum órgão machucado pela tortura que havia passado. Por outro lado, sabia que sua mãe não aguentaria metade do que Beatrice aguentava e que seu filho seria a presa mais fácil de Duretti, caso estivesse em seu poder.

-É! Vamos ter que continuar com a Beatrice. - Duretti pegou o rádio mais uma vez.

-Não, espera! Eu vou ligar. Só que eu não sei o número decorado. Todos trocaram de número quando eu tive que ir embora. Eu juro!

-Isso deve resolver o seu problema. - Duretti pegou o celular de Ava, do qual ela havia ligado para JC no dia anterior.

-Me promete que você não vai machucar minha mãe e meu filho.

-Eu prometo que nas próximas horas não irei mais machucar a Beatrice. O que vai acontecer com sua mãe e seu filho, só vai depender do seu pai.

-Ok! Tudo bem. - Ava inspirou fundo, soltando o ar com força, a fim de reduzir a ansiedade que tomava conta de seu corpo.

Com o celular em mãos, Ava consultou a agenda que não tinha nomes salvos, apenas números que ela reconhecia pelo final de cada um.

-No viva voz, por favor! - Duretti pediu assim que Ava levou o aparelho ao ouvido.

-Claro! - Ava afastou o celular do ouvido, olhando para a tela com apreensão, torcendo para que Duretti não percebesse o que ela estava fazendo.

-Mãe? - Ava falou assim que ouviu um "alô", do outro lado da linha. -Mãe, eu preciso que você pegue o Joaquim e venha para o endereço que eu vou passar pra você agora. Por favor, mãe, você não pode contar pra ninguém. Só vem para esse endereço.

Suzane estava do outro lado da linha, em silêncio, ouvindo as palavras de Ava com cuidado, prestando atenção a cada detalhe, até que resolveu entrar no personagem. Suzane sabia que jamais erraria o telefone de contato da mãe, o que significava que algo estava errado.

-Ava, filha, aconteceu alguma coisa? - Era o sinal que Ava precisava para saber que tudo ia ficar bem. Suzana tinha entendido o recado.

-Sim, mãe. Quando vocês chegarem, vai ficar tudo bem com a gente. Só preciso que você venha o quanto antes. Eu não tenho quem me ajude. Só você pode fazer isso, então, por favor, vem rápido e em silêncio. Não conta para o meu pai. Você pode fazer isso?

-Sim, filha. Só me passa o contato, meu amor. Fica tranquila! Vai dar tudo certo. Não fique com medo.

-Chega! Passa o endereço de uma vez. - Duretti entregou a Ava um papel com endereço escrito.

Quando desligou o telefone, Suzane olhou para Lilith, pegando sua arma em cima da mesa:

-Aconteceu alguma coisa com a Beatrice. A Ava disse que não tem quem a ajude e que tudo vai ficar bem quando nós chegarmos. Precisamos ir pra esse endereço. - Escreveu no papel que estava em cima do móvel.

-Calminha aí! Pode ser uma armadilha. Eles podem ter passado o endereço incorreto, pra gente não bater direto no lugar onde eles estão.

-Preciso me acalmar e pensar com cuidado. Não tinha levado isso em consideração. Você tem toda razão. - Suzane disse sentando na cadeira.

-Vamos atrás do traficante, pai da Ava. Ele tem que ajudar. Tenho certeza que essa garota fez alguma merda.

-Eu estou aflita pela Beatrice. Você sabe que ela iria preferir morrer ao ver essa garota se machucar.

-Não vamos pensar no pior. Vem, vamos atrás desse cara e depois a gente vai pra esse endereço.

As duas mulheres saíram do local onde estavam, já com as armas e munições necessárias para adentrar um bunker militar, caso fosse necessário.

Uma hora e meia depois, as duas estavam frente a frente com Vincent.

-Quem são vocês? - Vincent perguntou assustado ao ver as duas sentadas em sua cama, quando saiu do banheiro de cueca.

-Com certeza não somos a realização dos seus sonhos. - Lilith disse o olhando de cima abaixo. - Vista-se, por favor! E não tente nada. Você morreria antes que pudesse pegar a arma que está debaixo dessa mesa atrás de você.

-Beatrice! Nós estamos aqui porque ela está em perigo. Consequentemente, sua filha também.

Vincent vestiu uma calça rapidamente, pedindo maiores explicações as duas mulheres ali presentes. Em poucos minutos, Suzane lhe contou tudo que tinha acontecido nos últimos dias, assim como tudo que tinha acontecido na ligação feita por Ava.

-É uma armadilha. Ele estava testando a Ava. - Disse após ouvir tudo.

-Nossa! Que gênio! - Lilith foi irônica.

Avatrice - Assassina De Aluguel Onde histórias criam vida. Descubra agora