CAPÍTULO 2

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     Eloise Johansson-Blackwell era sinônimo de beleza e elegância. Principalmente por ser a primeira dama da cidade. Mas não era como ela se sentia nesse momento. Ela estava usando um vestido midi branco estampado de rosas vermelhas e blueberry's de mangas curtas com decote em V e uma faixa vermelha que combinava com a faixa vermelha do chapéu cartwheel de palha. A bolsa clutch vermelha, o sapato de salto grosso boneca cor de amora e as luvas brancas de algodão puro com acabamento em camurça escovada completavam o visual elegante, mas um pouco extravagante demais.Se a intenção era chamar a atenção. A missão tinha sido bem sucedida.

    — Olá, crianças! — Eloise abraçou Marisa primeiro e depois abraçou Christian. — Faz tanto tempo que não nos vemos.

    — Não é pra tanto, Eloise. Nós nos vimos em dezembro em Nova York.

    — Foi o que eu disse. É muito tempo. Vocês estão lindos!

    — A senhora também. — disse Christian.

   — Obrigada querido! Mas eu sei que não é verdade. Esse é o visual do Festival da Primavera. Eu explico depois.

   — É melhor irmos andando. Eu preciso voltar para a prefeitura e com certeza vocês querem descansar. — falou Jared.

   — Eu levo as malas, senhor.

   — Há! Como eu pude me esquecer. Marisa e Christian, esse é o nosso motorista Mark. Mark esses são os meus sobrinhos.

  — Olá, Mark é um prazer conhecê-lo. — disse Christian apertando a mão do homem.

  — Como vai? — Marisa perguntou apertando a mão dele também.

  — Muito bem senhorita.

     Mark pegou o carrinho e foi empurrando para o estacionamento enquanto os quatro iam mais atrás conversando.

   — Marisa, querida. Eu sei que você é uma mulher jovem e moderna e eu adorei a sua calça e sua sapatilha, mas me diga que você trouxe algum vestido ou saia.

    Marisa sorriu para a cara de preocupada da tia.

  — Não se preocupe. Eu trouxe alguns vestidos e saias nas malas.

  — Obrigada!

***

  — Ele está atrasado. Onde está aquele garoto? Eu disse que chegaríamos às 9h45.

  — Relaxa Wayne! — Liam falou sentado nos últimos degraus da escada de acesso a plataforma — Pode ter acontecido algum imprevisto e além do mais... — ele parou para conferir as horas no relógio. — ... Só estávamos esperando há cinco minutos.

    Wayne bufou e resmungou algo que ele não entendeu quando ouviram uma buzina e uma caminhonete Ford F-100/1957 vermelha com teto branco aproximando-se rápido. O motorista parou ao lado de Wayne e um jovem na faixa dos vinte anos colocou a cabeça para fora do lado do motorista. Seu cabelo preto estava bagunçado e jogado para trás chamando atenção para seus grandes olhos castanho-escuros e sorriso de menino travesso.

  — Desculpem o atraso, tive que fazer uma entrega antes e acabou demorando mais do que o previsto.

  — Eu disse.

     Wayne ignorou os dois pegou sua mala do chão colocou na carroceria entrando do lado do passageiro indo sentar-se no banco do meio sendo seguido por Liam que entrou em seguida ocupando o assento do passageiro e fechava a porta ao mesmo tempo em que o motorista manobrava e saia do estacionamento e pegava a rodovia 89.

  — Você disse que fez uma entrega Frank? — perguntou Wayne virando a cabeça para ele. — Não tinha nada programado quando saímos. E sempre paramos de aceitar pedidos na época do festival.

  — Foi de última hora. A senhora Blackwell foi até o rancho para falar com a Caitlin há dois dias e encomendou algumas tortas e geléias para serem entregues hoje pela manhã. Parece que os sobrinhos dela chegam hoje na cidade e ela queria impressioná-los com o que a cidade tem de melhor.

     Wayne assentiu com a cabeça.

  — Mas nós não aceitamos pedidos em cima da hora. — Liam insistiu entrando na conversa.

  — Parece que Caitlin resolveu abrir uma exceção pela antiga amizade com a mulher do prefeito. Pelo que eu soube, ela até pagou adiantado.

  — É mesmo? E como você soube? — Wayne o questionou.

  — Bom! — Frank encolheu os ombros e respondeu sem tirar os olhos da estrada. — Por acaso eu estava passando pela casa e posso ter ouvido alguma coisa ou outra.

     Dois pares de olhos viraram-se em sua direção. Frank podia sentir sua face ficar vermelha.

  — Esse ai não tem mais jeito! — Wayne resmungou balançando a cabeça enquanto Liam ria e eles pegavam a antiga e empoeirada Estrada da Montanha.

MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGAOnde histórias criam vida. Descubra agora