— Você não deveria arrancar as flores do jardim, Adam! — Chloé o repreendeu
com um leve sorriso nos lábios.
— Apenas uma não vai fazer mal nenhum. — disse ele com um sorriso maroto.
— Se todos fizerem isso não haverá mais jardim.
— Nesse caso, esse será um segredo só nosso. Se não contarmos ninguém vai saber. — ele disse em voz baixa no pé do ouvido dela como se contasse um segredo.
Um pigarro chamou a atenção do casal.
— Olá!
— Espero não estar interrompendo nada.
Chloé começou a ficar vermelha com o flagrante.
— Mas é claro que não. — respondeu Adam ironicamente olhando para seu amigo enquanto eles ficavam de pé.
— Marisa eu queria te apresentar o Adam. — Chloé falou meio atrapalhada. — Adam Murray, essa é a minha prima Marisa Johansson.
— É um prazer finalmente conhecê-lo, Adam. — ela estendeu a mão para ele
— O prazer é todo meu, senhorita Johansson. — ele respondeu ao apertarem as mãos.
— Me chame apenas de Marisa, Adam. Tenho certeza de que nos veremos com muita frequência. Então não há necessidade de tanta formalidade.
— Acho melhor irmos andando. — Chloé começou a falar para mudar de assunto. — Já nos afastamos de mais do nosso grupo e daqui a pouco a Dorothy e o Christian vão começar a nos procurar.
— Tem razão! — Marisa olhou para os lados e notou que só havia os quatro em toda a extensão que conseguia alcançar com os olhos.
— Nós acompanhamos vocês. — falou Alexander pondo-se novamente ao lado de Marisa.
Os quatro começaram a caminhar com Alexander tirando fotos dos canteiros de flores e discretamente tirando uma foto ou outra de Marisa nos momentos em que ela se distraía.***
No penúltimo dia as festividades iniciaram-se no período da tarde com uma sessão ao ar livre do filme A Volta ao Mundo em 80 Dias no Parque Whittemore, um dos pontos altos do festival, onde se reuniam várias famílias ou casais sentados em toalhas de piquenique. No último dia, o evento principal aconteceria à noite encerrando o festival com shows de música ao vivo com bandas vindas de diferentes lugares. No centro do parque o coreto foi transformado em palco e em frente a ele foi montada uma grande pista de dança de piso de parquet.
***
Na mansão Blackwell Marisa tentava convencer Chloé a usar o vestido que estava pendurado pelo cabide na porta do armário.
— Eu mudei de ideia, não vou mais usar isso. — disse se afastando do vestido e sentando na ponta da cama ainda de roupão.
— Porque não? O vestido é lindo e vai ficar perfeito em você.
— Não vai não, eu não sou magra como você. Marisa revirou os olhos e sentou ao lado dela. — Você não precisa ser como eu. Precisa ser você mesma.
— Pra você é fácil falar. Tudo o que você usa fica perfeito!
Marisa jogou as mãos para o alto frustrada.
— Tudo bem. Não quer usar, não use! A decisão é sua.
Marisa teve uma ideia e resolveu jogar sujo.
— Pelo menos você deveria experimentá-lo! Depois de todo o trabalho que deu pra confeccioná-lo. Aposto que o Fernando ficaria contente em saber que o vestido que ele criou, especialmente pra você, ao menos pode ser usado por alguns minutos. —suspirou dramaticamente. — Seria um desperdício não saber como ele ficaria.
Chloé não estava muito certa sobre isso, ela não era boba e sabia que a prima estava a manipulando, mas no fundo queria usar o vestido. Apaixonara-se por ele quando o viu pela primeira vez no atelier da tia em New York.
— Tudo bem. Mas eu só vou experimentar. Mas só experimentar. — apontou o dedo para Marisa que escondeu o pequeno sorriso e concordou com um aceno de cabeça incentivando-a. Chloé foi para trás do biombo colocar o vestido e quando saiu de trás dele, olhou-se rapidamente no espelho virando-se para Marisa.
— E então como se sente?
— Ridícula.
— É mesmo?! Agora olhe-se no espelho e me diga de verdade como se sente. — Marisa mandou virando-a de frente para o espelho e se afastando.
Soltando um longo suspiro, Chloé olhou-se no espelho passando a mão pelo vestido. A saia plissada de tecido leve na altura da canela modelava de maneira certa suas curvas. Subindo a mão tocou no bordado de folhagens douradas, as delicadas folhas começavam um pouco antes da cintura e cobriam seu busto terminando em um decote ilusão sem manga. A cor de pêssego realçava sua pele pálida.
— Bonita. — falou baixo pra si mesma.
— O quê? Não ouvi direito.
— Eu disse que me sinto bonita! — falou mais alto e sorrindo levemente.
Marisa abriu um enorme sorriso.
— Agora o toque final. — Marisa disse colocando a tiara com laço lateral preto de veludo na cabeça da prima ajeitando os fios castanho-claros da franja. — Pronta?
Chloé sorriu para sua imagem no espelho.
***
Os festejos estavam a todo vapor quando Alexander e Adam chegaram ao Parque Whittemore. Ao contrário dos outros dias, ambos estariam de folga esta noite. Diferente do amigo que usava seus costumeiros ternos, Alexander usava uma camisa azul com os primeiros botões abertos com jaqueta de couro marrom. Eles andavam pela pequena multidão na feira gastronômica cumprimentando algumas pessoas parando em uma barraca que vendia cachorro-quente.
***
Como sempre Hilary estava linda e impecável e todos a elogiavam por sua beleza por onde passava. Seu vestido midi tomara que caia era preto com a saia rodada branca estampada com flores pretas. Diferente dos outros dias, hoje sua maquiagem era um pouco mais marcante, principalmente pelo batom vermelho. Passeando pelas barracas de comida da feira com algumas amigas, avistou Alexander com Adam mais a frente. Essa era uma chance que não iria desperdiçar.
Deixando as amigas de lado ela foi cumprimentá-lo.
***
— Não olhe agora, mas lá vem...
— Alec! — Hilary cumprimentou com entusiasmo, parando ao lado dele. — Olá, Adam. — o cumprimentou sem entusiasmo. — Hilary.
— Olá, Hilary. Como vai? — Alexander perguntou.
— Melhor agora que encontrei você. — ela tinha um grande sorriso ao falar. — Achei que estivesse trabalhando hoje à noite.
Ele levou a mão à cabeça bagunçando o cabelo.
— Conseguimos uma folga. — ele respondeu olhou para Adam em busca de ajuda, mas o mesmo apenas deu de ombros.
— Que ótima notícia! Então dessa vez não há desculpas para não dançarmos. —disse entrelaçando o braço no braço dele. — Você ainda me deve uma dança do ano passado.
— É claro. Será um prazer...
Os acordes de uma nova música começaram a tocar chamando atenção dela.
— Perfeito! Adoro essa música. Vamos? — Ela o puxou pelo braço não dando tempo de responder.
Eles foram para a pista de dança, seguidos de perto por Adam que balançava a cabeça e sorria quando eles começaram a dançar ao som de Johnny B. Goode de Chuck Berry.
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MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGA
Historical FictionÉ inicio dos anos de 1960. É neste momento que conhecemos a historia de Liam Mulrooney e Alexander Harrison, que vivem na pequena cidade de Eudora, localizada no Condado de Dutchess, na região de Hudson Valley, estado de NY. Liam é um homem gentil e...