Era sexta-feira e Alexander estava ansioso para seu primeiro encontro com Marisa. Seu plano inicial era sair do trabalho e ir direto para casa, tomar um banho, trocar de roupa e buscar Marisa em casa, mas Russell resolveu que hoje era um excelente dia para fazer hora extra. Ele foi obrigado a ficar até mais tarde mesmo sem ter nada para fazer. Saindo às pressas do jornal ele caminhou até o Parque Whittemore já que tinha emprestado seu carro para Adam. Já tinha anoitecido quando chegou ao parque. Olhando ao redor e entre os frequentadores encontrou Marisa conversando com Adam e Chloé sentados em um banco perto do vendedor de pipocas em frente à prefeitura.
— Boa noite!
— Boa noite! — responderam os três ao mesmo tempo.
— Desculpe o atraso. — falou com Marisa. — Mas meu chefe... — ele suspirou passando a mão pelos cabelos bagunçando ainda mais os fios.
— Tudo bem o Adam nos contou como seu chefe é terrível.
— Agora que você chegou, nós vamos dar um passeio. — Adam disse levantando e estendendo a mão para Chloé. — Nos encontramos aqui mais tarde. — eles começaram a se afastar quando Adam parou e voltou. — Já ia esquecendo, aqui estão as suas chaves. — ele entregou o chaveiro para Alexander e voltou para junto de Chloé.
— Então a senhorita me daria a honra de acompanhá-la em um passeio? — ele estendeu o braço para ela.
— Ficaria encantada, senhor. — ela respondeu aceitando posicionando sua mão na dobra do braço dele. De braços dados eles começaram a caminhar.
— E de onde exatamente você é? — Alexander perguntou.
— Pode se dizer que do mundo. Eu nasci em Madri, fui criada em Londres e educada em Paris.
— Uau! E eu pensando que tinha vivido grandes aventuras quando fui para a faculdade na Califórnia.
— Você fez faculdade?
— Você parece surpresa. — ele estreitou os olhos para ela.
— Bem, você não me parece o tipo de pessoa que iria para a faculdade. Sem ofensas.
— Mas eu fui! — ele falou com falsa indignação e estufando o peito. — E sou formado com louvor em direito. Fique a senhorita sabendo.
Um menino passa correndo por eles com um sorvete em mãos. Alexander o acompanhou com olhos e virou-se para Marisa.
— Sorvete?
— Claro, de morango.
Assentindo ele caminhou até o carrinho de sorvetes voltando com duas casquinhas de sorvete, ficando com a de chocolate e entregando a de morango para Marisa. Ela agradeceu e eles voltaram a caminhar.
— Está brincando, não é?! — ele a olhou confuso. — Você não pode ser advogado! — ele abriu um largo sorriso sem responder. — Está aí algo que eu gostaria de ver.
— O quê?
Ela olhou para a calça amarrotada dele, a camisa social dobrada até os cotovelos, o nó desfeito da gravata verde e o suspensório.
— Você sentado o dia todo atrás de uma mesa de escritório lotada de papéis e indo ao tribunal.
Alexander riu dando de ombros.
— Eu sei que é difícil de acreditar, mas até que eu gostava e era bom no que fazia. — ele lambeu seu sorvete. — Cheguei a trabalhar dois anos em um escritório em Los Angeles até que larguei tudo.
— Por quê?
Eles chegaram ao coreto iluminado e subiram os degraus olhando a movimentação do parque que começava a ganhar vida.
— Não fazia mais sentido. — ele encolheu os ombros encostando-se às grades virando de frente para Marisa. — Era divertido no começo mais depois... Não era aquilo que eu queria fazer. Então eu comprei uma câmera e abracei minha verdadeira paixão. E você como foi parar no ballet? — ele voltou a tomar o sorvete que começava a derreter.
— Bem! Minha avó tem muito a ver com isso. Ela é apaixonada por espetáculos de teatro e ballet. Ela sempre ia ver as principais apresentações quando morávamos em Londres ou estávamos de férias em Paris. E em uma delas ela me levou para assistir Coppélia quando eu era criança. Nos dias seguintes eu enlouqueci meus pais dizendo que ia ser uma bailarina e vivia rodopiando pela casa toda. — ela sorriu perdida com a lembrança. — Até que um dia meu pai me inscreveu em uma pequena escola de ballet. Ele tinha certeza de que logo eu ia desistir dessa ideia. Acho que ele só percebeu que era pra valer quando minha professora disse que eu tinha talento e minha avó me levou para uma audição em uma renomada escola em Paris.
— Fascinante!
— Você não ouviu uma palavra do que eu disse, ouviu? — ela estreitou os olhos para ele.
Alexander balançou a cabeça negando.
— Desculpe, parei de ouvir depois das férias em Paris, mas em minha defesa a sua beleza me distraiu.
— É mesmo?
Olhando-a profundamente nos olhos ele se aproximou tocando o rosto dela tirando uma mecha de cabelo da frente dos olhos.
— Você é linda! — ele aproximou-se mais sem desviar o olhar, estavam à distância de um beijo. O perfume de baunilha invadiu o olfato de Alexander. — Adoro o seu cheiro de baunilha.
Marisa podia sentir a respiração morna de Alexander tocar seus lábios. Ele inclinou a cabeça encostando suas testas tocando suavemente seus lábios nos lábios cheios e macios de Marisa, dando oportunidade para ela se afastar. Fechando os olhos Marisa correspondeu ao beijo entreabrindo os lábios em um convite mudo para que ele continuasse. Ao ser correspondido, Alexander aprofundou o beijo envolvendo os braços ao redor dela aproximando ainda mais seus corpos. Marisa por sua vez passou os braços ao redor do pescoço dele passando os dedos pelo cabelo bagunçado dele. Era um beijo de descobertas doce, calmo e envolvente. Alexander encerrou o beijo com pequenos selinhos e deixou um beijo no pescoço de Marisa que se encolheu nos braços dele sentindo cócegas.
— Eu queria fazer isso desde a primeira vez que eu te vi. — ele sussurrou sorrindo no ouvido dela.
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MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGA
Historical FictionÉ inicio dos anos de 1960. É neste momento que conhecemos a historia de Liam Mulrooney e Alexander Harrison, que vivem na pequena cidade de Eudora, localizada no Condado de Dutchess, na região de Hudson Valley, estado de NY. Liam é um homem gentil e...