Naquela manhã Eloise sentia-se mais como ela mesma sem aqueles vestidos floridos. Estava de volta às suas roupas normais. O vestido cinza escuro com saia reta midi, gola diamante e manga curta que escolherá para essa manhã lhe conferia um ar mais sério e de autoridade. Afinal, ela era uma mulher de negócios em um mundo dominado por homens dispostos a tudo para derrubá-la de sua posição. Todos que a viam sempre tinham a ideia preconcebida de que sua única qualidade era a beleza e o fato de ser herdeira de uma família aristocrata. Mas seu velho pai lhe ensinou a ser melhor e maior que isso. Afinal, ser a mente genial por trás do crescimento da Johansson Hotels & Resorts Corporation nos últimos anos não era uma das tarefas mais fáceis. A ideia de trazer seu sobrinho para assumir a função de subgerente foi uma jogada e tanto. Ela sabia das capacidades e inteligência que ele tinha. Mas antes ele precisava de uma boa lapidação. E seria bom ter ao lado alguém de inteira confiança. Agradecendo e se despedindo de Mark, Eloise pegou sua bolsa de mão e pasta e desceu do carro. Repassando mentalmente sua agenda do dia, subiu a escada do hotel cumprimentando as pessoas que encontrava pelo caminho.
***
Eloise sempre teve a capacidade de 'pegar as coisas no ar', sua intuição nunca falhava. E essa mesma intuição lhe dizia que algo estava errado no momento em que passou pela porta. Semicerrando os olhos começou a analisar o ambiente. A primeira coisa que notou foi a postura rígida de Christian sentado lendo um jornal e a segunda era o olhar fixo de Patterson, de trás do balcão de recepção, em direção ao seu sobrinho. Ao perceber a sua presença rapidamente o homem saiu de trás do balcão e foi em sua direção.
— Bom dia senhora Blackwell! A senhora tem um minuto? — ela acenou em saudação. — Bem, há um homem que não se identificou esperando para falar com a senhora. Ele diz que tem hora marcada, mas segundo a sua secretária não tem ninguém marcado na sua agenda para uma reunião.
— E onde está esse homem?
Patterson inclinou a cabeça discretamente na direção de Christian. Olhando para onde ele apontou, Eloise arqueou uma sobrancelha e voltou a olhar para o gerente.
— Eu disse que a senhora não viria hoje, mas ele insistiu em esperá-la. Como o hotel está cheio não achei prudente chamar a segurança e causar um escândalo.
— Acompanhe-me. — foi tudo o que Eloise disse caminhar em direção a Christian sem olhar para trás e saber se estava sendo acompanhada.
***
Pela visão periférica Christian notou quando sua tia chegou. Mantendo a mesma posição continuou sentado quando ela foi abordada pelo gerente. Christian sabia que estava sendo vigiado. Patterson não sabia com quem estava lidando e no momento certo ele se apresentaria e os papéis seriam invertidos. Vendo a aproximação de Eloise, ele dobrou o jornal que fingiu estar lendo até agora e colocou na mesinha ao lado ficando de pé.
— Bom dia senhora Blackwell!
— Bom dia Christian! Espero que não tenha feito você esperar tanto tempo. — ela respondeu e virou-se para o homem que estava bem ao seu lado com ar superior. — Senhor Patterson esse é o novo subgerente geral do Hotel & Resort Sinclair e meu sobrinho.
— Christian Johansson. — Christian pronunciou seu nome dando ênfase no sobrenome e abrindo um grande sorriso para o homem que em choque olhava de um para o outro atônito.
— Johansson?! Mas... Mas. — o homem não conseguia encontrar as palavras. Engolindo em seco ele tentou novamente. — Seja bem vindo ao hotel...
VOCÊ ESTÁ LENDO
MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGA
Ficción históricaÉ inicio dos anos de 1960. É neste momento que conhecemos a historia de Liam Mulrooney e Alexander Harrison, que vivem na pequena cidade de Eudora, localizada no Condado de Dutchess, na região de Hudson Valley, estado de NY. Liam é um homem gentil e...