CAPÍTULO 3

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        A cidade de Eudora estava a todo vapor com os preparativos do festival da primavera. Um dos eventos mais importantes da região. Nessa época do ano o seu clima era mais ameno e convidativo a atividades ao ar livre. Logo a cidade estaria repleta de turistas vindos de todas as cidades vizinhas e de outros estados.

      — Uau, parece que todos estão trabalhando duro por aqui! — comentou Christian vendo várias pessoas pendurando bandeirinhas pelas ruas, enquanto outras montavam tendas e barracas no parque em frente à prefeitura quando o carro parou.

      — Esse é o espírito do festival querido. Cada comitê é responsável por uma parte da organização. Estou muito contente que vocês estejam aqui este ano e poderão participar. — Eloise falou empolgada.

      — Essa é minha parada. — Jared virou-se no banco do passageiro para falar com os ocupantes do banco de trás. — Eloise querida, vejo você mais tarde. E quanto a vocês dois aproveitem a cidade e eu vejo todos vocês no jantar. Te amo. — dizendo isso Jared abriu a porta e saiu acenando para o carro quando ele começou a andar novamente.

     — Vamos direto para casa Mark. Sem paradas dessa vez.

     — Sim senhora.

      O carro deu a volta pelo Parque George Whittemore até eles chegarem a um trecho da Alameda dos Carvalhos e entrarem na Avenida XX de Junho. Em seguida, atravessaram parte da rodovia 89 para pegar a Estrada da Madeira, uma das mais antigas estradas da cidade. Nesse percurso eles atravessaram a Camellia district e a Pine Neighborhood, dois bairros residenciais de classe média e média alta. Conforme avançavam em certos trechos da estrada as casas começavam a ficar mais espaçadas entre si, cercadas por belos jardins floridos e muitas árvores. Evidenciando que quem morava naquela parte da cidade tinha grande poder aquisitivo. No final da estrada o carro começou a subir uma pequena colina onde a estrada era pavimentada com paralelepípedos, era possível ver apenas parcialmente duas construções cercadas por uma floresta de pinheiros. As casas estavam uma de frente pra outra. Do lado esquerdo seguia um muro baixo de tijolos vermelhos com roseiras brancas que ultrapassavam a altura do muro e pendiam pelo lado de fora. Ao lado do portão social de ferro forjado e madeira maciça, uma placa de bronze trazia escrita Residência Blackwell. O portão de entrada que fazia conjunto com o menor encontrava-se fechado limitando os olhares curiosos da imponente mansão branca. À direita para onde o carro seguia, o muro era baixo com mais ou menos meio metro de altura e grades ponta de lança, o muro e as colunas eram feitos de pedra polida. O portão era de ferro forjado em detalhes de arabescos, ao lado também havia uma placa de bronze dizendo a quem a propriedade pertencia. Residência da Família Johansson. No topo de cada coluna ao lado do portão havia uma luminária colonial romana. Lentamente o carro passou pelo grande portão que aberto esperava por eles.

       — Vocês vão adorar a Mansão Johansson. É o lar da nossa família há gerações.

      — Esse lugar parece bem afastado de tudo. Pensei que morássemos mais perto do centro. — comentou Marisa olhando pela janela tentando enxergar além da copa das árvores.

      — Era comum nos séculos passados famílias mais ricas construírem suas mansões em lugares distantes e com localização privilegiada. Eu não estou nenhum pouco surpreso. — Christian comentou analisando a fachada da construção.

      — Você está certo Christian. Como as duas famílias mais ricas da cidade, os Johansson's e os Backwell's ganharam alguns privilégios e esse é um deles. Chegamos!

      A propriedade era gramada com um grande jardim de arbustos floridos, o veículo seguia pelo caminho de cascalhos dando a volta em um grande chafariz com estátuas de anjos, parando em frente a uma enorme mansão de pedras cinza-pérola de três andares repleta de janelas bay window brancas. Eloise foi a primeira a sair do carro, seguida por Marisa que olhava para a construção maravilhada enquanto Christian foi ajudar Mark a tirar as malas do carro.

     Os sete degraus redondos de pedras levavam a um enorme pórtico com quatro colunas de seis metros e uma enorme porta dupla colonial de nogueira americana em tom de castanho chocolate escuro com vidros jateados onde está gravado um grande 'J' de cada lado dentro de um arabesco redondo. Ao lado da porta estavam penduradas arandelas coloniais romanas.

    — Eu não sabia que a casa era um castelo! Parece que saiu de algum conto de fadas.

    — Não é um castelo, mas faz você se sentir como uma princesa. Espere até ver por dentro. — comentou Eloise ao lado da sobrinha.

    Marisa subiu os degraus atrás de sua tia no mesmo momento em que a porta se abriu e uma senhora apareceu para recepcioná-los. Ela usava um vestido de mangas curtas com gola redonda de botões, reto no cumprimento de três dedos abaixo do joelho na cor azul marinho com bolsos frontais na saia e usava uma sapatilha boneca preta. Seu cabelo preso em um coque banana era preto e tinha uma mecha branca na lateral esquerda acima da orelha.

   — Dorothy! — Eloise exclamou ao ver a outra mulher. — Marisa essa é Dorothy McCreary, governanta da família Johansson que vai cuidar de vocês enquanto estiverem aqui.

  — É um prazer conhecê-la, senhora McCreary. — Marisa estendeu a mão em cumprimento.

  — Igualmente, senhorita Johansson. Pode me chamar de Dorothy.

   — Tudo bem, então me chame de Marisa.

   Dorothy deu um passo para o lado para que elas entrassem no foyer deixando a porta aberta para Christian que vinha logo atrás carregando parte das malas.

  — E este e o Christian. Christian essa é a Dorothy.

  Ele parou deixando as malas no chão para cumprimentá-la antes de seguir Mark casa a dentro.

 —Já que as devidas apresentações foram feitas, Dorothy as encomendas já chegaram?

 — Sim e estão na cozinha.

 — Ótimo! E onde está Chloé? — Eloise perguntou tirando o chapéu. Seu cabelo louro mel ondulado de corte médio não tinha nenhum um fio fora do lugar.

 — Eu a deixei na cozinha. — Dorothy respondeu levantando uma sobrancelha sugestivamente.

 — Essa menina. — Eloise resmungou e saiu andando na direção que Marisa suspeitava que fosse à cozinha.

 Dorothy apenas balançou a cabeça e sorriu.

MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGAOnde histórias criam vida. Descubra agora