CAPÍTULO 5

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    Da estrada Liam já avistava as novas cercas. Todo o trabalho tinha valido a pena já que os animais dos seus vizinhos não invadiam mais a propriedade para comer as frutas do pomar e nem a horta de Caitlin. As árvores estavam produzindo bem, a colheita daquele ano já era maior do que a do ano anterior. E se tudo desse certo e não houvesse imprevistos os produtos produzidos por eles estariam sendo vendidos nas cidades vizinhas em breve. Tinha que admitir que a encomenda de Eloise ajudaria a manter as contas em dia. Ele se recusava a pedir qualquer dinheiro emprestado a sua avó e não mexeria na herança deixada por seu avô, só faria isso em último caso. E pedir um empréstimo no banco estava fora de cogitação. Eles pediriam o rancho como garantia, assim como o pequeno apartamento de New York. E se algo desse errado ele perderia tudo.

    Há muito tempo Liam aprendeu que as coisas nunca saiam como o planejado. Primeiro a morte repentina de seu pai na adolescência. Aquilo devastou a sua mãe. O amor entre os dois era algo mágico, que ele esperava encontrar para si um dia. Anos depois veio a morte de seu avô. Ele tinha dado todo o apoio emocional e financeiro que sua mãe e ele precisavam. Ele também pagou pelos estudos de Liam, incluindo a faculdade de medicina. E há quatro anos sua mãe se foi e com ela um noivado de dois anos. Sua noiva Emily não aceitou muito bem sua decisão de voltar para a cidade de interior e abandonar uma carreira promissora na medicina para se tornar um rancheiro.

    Ao chegar mais perto a placa de madeira maciça com a inscrição Rancho Madelaine já era visível. Ao perceber que já estava em casa, Liam suspirou de alívio em silêncio.

    A caminhonete virou a direita passando pela porteira e começou a desacelerar. Um grande cão bernese começou a latir e acompanhar o veículo. A caminhonete deu uma parada em frente à casa principal para Liam descer.

    — Ei Molly, sentiu a minha falta? — ele perguntou acariciando a cabeça do animal ao mesmo tempo em que pegava sua bagagem na carroceria.

    O cachorro latiu em resposta.

    — Diga a Caitlin que eu fui direto para casa Liam e que estarei aqui para o almoço. Eu preciso descansar um pouco.

    Ele apenas acenou com a cabeça e despediu-se dos dois homens.

    Enquanto o carro se afastava ele subia os degraus que levavam a varanda da frente onde encontrou Jasper deitado preguiçosamente embaixo do banco abaixo da janela.

    — Você não tem jeito amigo! — o animal nem ao menos lhe deu atenção. — Vamos entrar, garota?

    Ele abriu a porta e Molly foi a primeira a entrar e sumir dentro da casa. Liam deixou sua bolsa no chão ao lado da porta e seguiu pelo corredor virando à esquerda, indo para a cozinha onde sabia que encontraria Caitlin e Brianna ocupadas com o almoço e as compotas para o festival. Do corredor já era possível sentir o cheiro de geléia de morango e framboesa. Ele encontrou Molly sentada na entrada da cozinha observando o que acontecia no ambiente. Caitlin mexendo algo em um tacho no fogão e Brianna cortando temperos.

    Entrando no cômodo saudando as duas mulheres que estavam atarefadas.

    — Bom dia!

    — Bom dia Liam! — cumprimentou Brianna com um amplo sorriso.

    — Bom dia! — Caitlin virou-se para ele sem parar de mexer o tacho. — Onde está Wayne?

    — Ele foi direto pra casa. Precisa descansar um pouco as costas. O colchão da pensão não era um dos melhores.

    Ela acenou com a cabeça em compreensão.

    — E você? Vai descansar um pouco também? O almoço sairá com alguns minutos de atraso, hoje.

MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGAOnde histórias criam vida. Descubra agora