CAPÍTULO 17

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ABRIL DE 1962


        Alexander descia as escadas ajeitando a jaqueta de couro e pegando do bolso da
calça as chaves do carro.
     — Pelo jeito você vai sair. Devo concluir que não vai jantar em casa hoje também?
       Ele terminou de descer parando ao lado da assistente pessoal da sua avó no pé da
escada.
     — Não, eu não vou jantar em casa, Virgínia.
     — Sua avó não vai ficar feliz. — tinha um pequeno indício de sorriso nos lábios dela. —Você sabe que ela detesta fazer as refeições em casa sozinha. Aliás você não tem parado em casa ultimamente.
      — Quanto a isso não posso fazer muita coisa. Se ela não quiser jantar sozinha é só convidar alguma das amigas dela. – ele ergueu o braço vendo a hora no relógio. — Eu estou de saída, não quero chegar atrasado.
    — E posso saber aonde vai?
   — Eu tenho um encontro. — sorriu ao falar.
   — Finalmente resolveu dar uma chance a Hilary?!
    — Não. — ele fez uma careta.
   — Vai me dizer quem é ela?
   — Em breve. Diga a minha avó para não esperar por mim acordada. — ele deu um beijo na bochecha dela. — Boa noite!
   — Boa noite! Tenha juízo.

***      

      Christian chegava em casa depois de mais um dia estressante no trabalho. As coisas não seriam tão difíceis se alguns funcionários colaborassem. Ele não queria ter que demitir ninguém mais se continuasse desse jeito não haveria opção. Como fazia todos os dias nas últimas semanas, Dorothy o saudou na entrada.    

 — Você parece horrível! — ela comentou vendo a cara de cansaço dele parado no meio do foyer.

    — Eu me sinto assim. — falou deixando a maleta em cima de um aparador e tirando o paletó e a gravata.   

— Patterson novamente? 

  — Aquele homem é desagradável e desprezível. — exalou com força fechando os olhos. — Mas se ele pensa que pode me boicotar... Ele que tente. Eu vou mostrar pra ele que mais do que um Johansson eu também sou um Rosales. — disse a última frase com uma faísca nos olhos. — Deixando isso de lado, vou aproveitar que ainda é cedo e vou tomar um banho.    

— Tenho certeza de que um banho relaxante é tudo o que precisa nesse momento. — Dorothy concordou.    

— Ah, sim! — ele abriu um grande sorriso. — E também abre o apetite. E pelo cheiro a senhora Taylor fez o meu prato favorito. Mal posso esperar pelo jantar!     

   Deixando Dorothy para trás, ele seguiu pelo corredor subindo as escadas. No corredor a porta do quarto de Marisa estava entreaberta. Batendo na porta anunciando sua presença, ele entrou.   

— Ei! — saudou encostado no batente.

 Marisa que estava amarrando seus sapatos levantou a cabeça para ver quem era.   

— Olha só quem voltou! — Marisa levantou da cadeira e andou até o espelho de chão para conferir o visual. Ajeitando o laço preto na cintura, passou as mãos pela saia plissada do vestido xadrez azul marinho sem mangas com gola redonda.   — O que acha? — girou no lugar, seus cachos soltos balançavam ao seu redor.   

— Está bonita! Vai sair?   

— Sim, tenho um encontro com o Alexander.  

 — Outro?! Já é a sexta vez que você sai com esse sujeito. — ele fez uma careta.   

— Não começa. E você sabe que ele tem nome. E pare de contar os meus encontros.    

Ela recebeu um bufar como resposta.

MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGAOnde histórias criam vida. Descubra agora