Alexander tirava fotos do jardim enquanto Adam andava silenciosamente ao seu lado. Não passou despercebido por ele que a cada novo canteiro que visitavam o amigo olhava para os lados. Ele preferiu não interrogá-lo ainda, pois preferia terminar logo as fotos da manhã e aproveitar o festival. Depois de registrar o canteiro multicolorido de frésias eles se dirigiram para o canteiro de rosas cor de rosa, mais a frente à direita era o canteiro das rosa vermelhas. Assim que começou a fotografar uma brisa trouxe até Alexander um perfume de baunilha. Sem ligar ele continuou seu trabalho até que novamente o cheiro de baunilha invadiu seu olfato. Olhando para os lados e não vendo Adam resolveu checar de onde vinha o doce aroma. Ao se aproximar das rosas vermelhas o cheiro se tornou mais forte e intenso. E foi quando ele descobriu a fonte.
Inclinada sobre uma das rosas uma jovem de olhos fechados e com um leve sorriso nos lábios apreciava o aroma da flor. Uma mecha solta de seu cabelo tocava as pétalas como se acariciasse a flor. Ela nem ao menos havia percebido sua presença. Alexander precisava eternizar aquela imagem e o que era melhor do que uma fotografia. O disparo da câmera alertou a jovem para a sua presença. Ela levantou a cabeça procurando a fonte do ruído e olhou diretamente para ele.
***
O barulho que chegou aos seus ouvidos despertou Marisa para o lugar onde se encontrava. Procurando a fonte do ruído encontrou um homem que jogava os compridos fios rebeldes do cabelo loiro que caíam na testa para trás com uma mão e na outra segurava uma câmera.
— Desculpe-me!Não quis te assustar. — ele deu um sorriso amigável. — Eu trabalho para o jornal Daily Weekly como fotógrafo. E estou registrando o festival. — ele levantou a câmera. — Incomoda-se se eu tirar algumas fotos?
Marisa notou que ele tinha a voz levemente rouca e suave com um toque de diversão. E um sorriso de menino travesso.
— Fique à vontade. — disse ela se afastando.
— Espere! — ele chamou se aproximando. — Eu gostaria de tirar uma foto sua com as rosas.
— Eu não sou modelo. E pelo que parece você já fez isso. — ela olhou para a mão dele que segurava a máquina fotográfica.
— Desculpe mesmo por isso. — ele sorriu abertamente.
Marisa estreitou os olhos para o desconhecido.
— Você não me parece nem um pouco arrependido.
— Em minha defesa. Apenas digo que capturei a mais bela imagem do dia.
Antes que pudesse responder a cantada de Alexander, eles foram interrompidos por uma risada feminina acompanhada de uma risada masculina. Virando a cabeça para o lado Marisa avistou Chloé sentada no banco mais a frente acompanhada de um homem que lhe entregava uma rosa branca que só poderia ter sido recém colhida do canteiro atrás deles.
***
Curioso para saber mais sobre a misteriosa desconhecida Alexander deu a volta e se aproximou ficando ao seu lado encontrando Adam sentado ao lado de Chloé Blackwell.
— Ora essa! — exclamou Alexander. — Então foi aqui que ele se meteu. — ele falou para si mesmo.
Parado ao lado da desconhecida ele pode perceber que o cheiro de baunilha era mais intenso e inebriante. Alexander notou pela primeira vez que ela tinha uma postura impecável com o pescoço estendido e a coluna alongada e que mesmo assim ele era pelo menos de dez a quinze centímetros mais alto, já que ela usava uma sapatilha nos pés ao invés de salto alto. Ela era mais alta e mais magra que a maioria das moças da cidade e região. E pela roupa ele sabia que ela não pertencia aquele lugar. A maioria das moças não teria coragem ou dinheiro o suficiente para comprar uma peça de roupa como aquela.
O vestido em questão era de musseline com toque de seda, azul royal, frente única em gola alta com laço lateral, com a saia acinturada evasê terminando na altura do joelho.
Marisa tinha um leve sorriso nos lábios vermelhos e um olhar afiado para o casal à frente.
— Isso ainda vai acabar em casamento. — ela sussurrou tão baixo que se não estivesse ao seu lado Alexander não ouviria.
— Disse alguma coisa, senhorita? — ele fingiu que não ouviu para continuar puxando conversa com ela.
— Não. — ela virou-se para ele ao falar. — E se me der licença eu gostaria de terminar o passeio.
— Precisa de um acompanhante? — perguntou antes que ela pudesse se afastar.
Ela olhou novamente para o casal que de tão distraídos não notaram que eram observados.
— Não se incomode, tenho certeza de que posso achar o grupo onde estava. Eles não devem estar muito longe.
— Pode até ser, mas eu garanto que eu seria um guia muito melhor. Eu venho até esse jardim todos os anos. Quase o conheço como a palma da minha mão.
— Posso saber o porquê de toda essa insistência?
— Pela companhia agradável, é claro! E pela possibilidade de conhecê-la melhor e de quem sabe convencê-la a posar para uma ou três fotos.
Alexander estava jogando todo o seu charme em cima da desconhecida que ele queria conhecer melhor. Ela era completamente diferente das moças que conhecia e ele estava intrigado com a cor dos olhos dela. Eles tinham um tom de dourado incomum que ele nunca tinha visto antes.
— É mesmo? Não me parece uma proposta muito tentadora. — ela levantou uma sobrancelha e esboçou um sorriso. — E além do mais, não devo sair por aí com desconhecidos.
Alexander pescou a dica.
— Não seja por isso. Alexander. — ele estendeu a mão em cumprimento. — É você bela dama?
— Muito prazer Alexander. — ela apertou a mão estendida. — Pode me chamar de Marisa.
— Marisa. — Alexander testou a pronúncia. O nome não era muito comum. — É um belo nome. Nunca ouvi antes. Bom nesse caso com as devidas apresentações feitas será um prazer lhe acompanhar e ser seu guia, Marisa. — ele abriu um largo sorriso ao pronunciar o nome dela.
Os dois começaram a caminhar lado a lado com Alexander tentando puxar os mais diversos assuntos para iniciar uma conversa.
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MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGA
Historical FictionÉ inicio dos anos de 1960. É neste momento que conhecemos a historia de Liam Mulrooney e Alexander Harrison, que vivem na pequena cidade de Eudora, localizada no Condado de Dutchess, na região de Hudson Valley, estado de NY. Liam é um homem gentil e...