Depois de passarem a manhã na companhia de Adam e Alexander, Chloé e Marisa entraram distraidamente conversando na mansão Blackwell, enquanto elas andavam pelo corredor foram surpreendidas pelo barulho de vozes vindas da sala de visitas. Na mente de Chloé ela sabia que estava se esquecendo de algo. Ao som das risadas como um estalo segurou o braço de Marisa parando-a a alguns passos da porta entreaberta.
— Oh, não! Não acredito que eu me esqueci.
— Esqueceu do quê?
— Da reunião. — sussurrou apontando com a cabeça para a sala. Marisa olhou para ela sem entender nada. — Toda primeira e última quarta-feira do mês acontecem as reuniões das Damas da Primavera. — ela contou sussurrando virando de costas para a porta. — As reuniões sempre acontecem em lugares diferentes e eu me esqueci que hoje seria aqui em casa.Marisa não entendia o porquê do olhar de desespero da prima.
— Tudo bem. Então vamos para minha casa e...
— Vocês duas não deveriam estar aqui.
A voz que veio de trás delas as assustou.
— Senhora Evans! — Chloé exclamou levando a mão ao peito com os olhos arregalados para a governanta.
— Nós já estamos de saída. — Marisa começou a falar segurando Chloé pela mão.
— Tarde demais. — a mulher falou sem qualquer emoção.
— Não, por favor! — Chloé implorou.
— Sinto muito Chloé. Coloquem um sorriso no rosto e entrem. — disse a mulher abrindo a porta e as conduzindo para dentro. As conversas cessaram quando o grupo de mulheres reunidas olharam para as recém chegadas.
***
Marisa podia entender a cara de desespero que sua prima fizera minutos atrás. O grupo seleto e um tanto quanto inusitado de mulheres sentadas na elegante sala de sua tia, tinham os olhos de águias voltados exclusivamente para elas. As Damas da Primavera era um grupo formado pelas senhoras 'respeitáveis' da cidade. Elas eram responsáveis pela organização de feiras e festivais da cidade além de angariarem fundos para a caridade. E em algumas reuniões algumas jovens com futuros promissores eram convidadas para participarem das reuniões. Como era o caso de Marisa, Chloé e uma outra jovem que estava no recinto com um enorme sorriso. Eloise sentada ao lado de Marisa sorria de modo educado mantendo uma conversa paralela com outra mulher sentada ao lado dela, mas Marisa podia apostar que por trás de toda aquela calma ela estava uma pilha de nervos. Chloé por sua vez estava sentada com a coluna reta e levava de tempos em tempos à xícara de chá aos lábios de maneira mecânica sem tirar os olhos do papel de parede azul escuro com desenhos de flores brancas e não tinha dito nenhuma palavra desde que sentara, só balançando a cabeça para concordar ou discordar de algo quando alguém lhe dirigia a palavra. Assim, como elas as observavam, Marisa fazia o mesmo. E seus olhos sempre paravam na mesma mulher, que por ironia era avó do seu namorado. A mulher chamada Matilda Wilson falava a pelo menos quarenta minutos enaltecendo os feitos e a beleza de sua filha que sentada ao seu lado sorria abertamente como um pavão com os elogios e olhava para Chloé e Marisa com desdém.
— Acho que já falamos demais da encantadora Hilary, Matilda. — uma das senhoras mais velhas falou a interrompendo.
Foi nítida a cara de desgosto da mulher. Assim, como o sorriso de sua filha foi sumindo.
— Diga-nos senhorita Johansson, o que a trás a nossa pequena e encantadora cidade? — continuou a mulher.
Antes de responder, Marisa olhou para todas as mulheres presentes parando brevemente em sua tia que lhe deu um breve aceno e um leve sorriso incentivando-a a falar.
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MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGA
Historical FictionÉ inicio dos anos de 1960. É neste momento que conhecemos a historia de Liam Mulrooney e Alexander Harrison, que vivem na pequena cidade de Eudora, localizada no Condado de Dutchess, na região de Hudson Valley, estado de NY. Liam é um homem gentil e...