As 2h da tarde, Eloise e Christian receberam o detetive Vincent Grant e o advogado Thomas O'Brien. Os dois homens sentaram de frente para Christian ao lado de Eloise.
- E então senhor Grant pelo telefone o senhor disse que tinha feito novas e importantes descobertas.
- O senhor estava certo sobre suas suspeitas, senhor Johansson. Há mais de uma pessoa envolvida no roubo do hotel da sua família. - começou o detetive. - Na verdade eu descobri que seis funcionários daqui estão envolvidos nesse esquema. Todas as notas arquivadas são frias e as assinaturas falsificadas.
- E quem são eles? - perguntou Eloise friamente.
- O gerente de hotel Charles Patterson, o gerente de resort Bradley Turner, o seu gerente financeiro Colin Davies, duas funcionárias do resort que trabalham na recepção Amélia Jones e Diana Page, e a sua secretaria Ava Stewart, senhora Blackwell.- ele fez uma pausa tirando da maleta de couro os arquivos que comprovavam a participação de cada um dos citados. - E em New York o subgerente de Hotel Johansson, Dwayne Jackson também está envolvido. Na verdade, ele é o mentor do plano original, que começou justamente depois que ele visitou a cidade há dois anos emeio, mesma época em que o antigo subgerente geral se aposentou. Acredito que seu plano desde o princípio era conseguir uma transferência para a cidade e assumir o cargo de subgerente geral. Ele sabia que não conseguiria desviar dinheiro de onde trabalhava,mas quando ele chegou aqui encontrou 'a galinha dos ovos de ouro'. Porém a mudança do senhor Johansson e família para o país atrapalhou os planos. Visto que o seu sobrinho foi escolhido para o cargo.
Eloise levantou furiosa da cadeira onde estava sentada.
- Como eu não percebi isso!Todo esse tempo eles estavam nos roubando bem debaixo do meu nariz. Patterson trabalhava no hotel desde a sua inauguração, assim como Ava. E ambos sabiam dos passos de Eloise e usaram de sua boa relação e proximidade com ela para enganá-la.
- O que mais descobriu senhor Grant? - Christian perguntou ignorando o ataque de Eloise. Ele precisava manter a calma para agir corretamente.
- Eles superfaturaram e desviaram dinheiro não só das encomendas do rancho Madelaine, como também usaram uma empresa fantasma que prestava serviços como a contratação de funcionários temporários que nunca trabalharam, mas que recebiam pelo serviço. Eu calculo que o total de dinheiro desviado passe dos cinco milhões de dólares,no mínimo.
- Mas porque envolver o rancho?
- Era o disfarce perfeito! Um pequeno negócio familiar sem grandes fins lucrativos sendo usado para esconder o desvio de grandes somas de dinheiro. Ninguém suspeitaria de nada, principalmente pelos anos de boas relações entre as famílias.
-Alguém de lá faz parte dessa quadrilha? - Eloise perguntou ainda de pé.
- Não, todos estão limpos. Tudo o que possuem é legalmente deles.
- Como Jackson os convenceu a participar disso? - Eloise perguntou voltando a sentar. - ela estava física e mentalmente esgotada. Ela queria acabar logo com isso.Era difícil manter a calma.
- Dinheiro.
- E isso não é tudo. - pronunciou o advogado pela primeira vez.
- Andei verificando o contrato assinado pelo senhor Mulrooney e ele não tem valor legal e pode ser contestado no tribunal, já que a assinatura dele foi falsificada assim como a sua senhora Johansson. O que dá direito ao senhor Mulrooney de processá-los.
- E o que fazemos agora? - Christian perguntou.
- Sugiro que conversem com ele e cheguem a um acordo de indenização para evitar um escândalo e uma ida até os tribunais.
- E quanto aos funcionários?
- Assim que sair daqui com os documentos adquiridos pelo detetive Grant irei até a delegacia, temos provas mais do que suficientes para acusá-los e colocá-los na cadeia. Não se preocupe vamos resolver essa situação vou ligar para o Jerry e ele vai cuidar do senhor Jackson em New York. Ele não vai escapar impune.
- E o dinheiro? - perguntou Eloise já sentindo uma forte dor de cabeça.
- Ilhas Cayman e outro paraíso fiscal em uma empresa de fachada, a mesma que oferecia serviços ao resort em nome de Philip Domel. - conforme ia falando o detetive apresentava mais provas. Entregando uma cópia para o advogado e outra para Christian.- Com esses documentos podemos entrar com um pedido de recuperação do dinheiro desviado, mas isso não vai ser uma coisa simples e nem tão pouco fácil e rápida. - completou o advogado.- O senhor Jackson foi esperto, ele sabia que não poderia deixar todo esse dinheiro à vista. Ele só não contava que seus comparsas seriam tão gananciosos e cometeriam um deslize tão grande. Aquela cláusula no contrato foi um erro de amador.Seja qual for o motivo para ela estar lá foi o suficiente para serem descobertos. Cedo ou tarde eles seriam descobertos. Eles não conseguiriam manter esse esquema para sempre.
- Não, só até não restar mais nada para roubarem. - falou Eloise para ninguém em particular.
- O mais importante agora é agir com cautela. Devem continuar agindo como se nada estivesse acontecendo. Não queremos alertá-los antes da hora.
***
A pequena cidade de Eudora estava em polvorosa com as prisões dos funcionários do Hotel & Resort. Muitos boatos estavam circulando entre os moradores.A equipe de advogados e marketing estavam trabalhando duro para que nenhuma informação fosse divulgada e manchasse a imagem da Johansson Hotels e Resorts Corporation. Eloise estava péssima se culpando por não ter percebido nada desde o início.Christian podia entender como ela se sentia. Depois de anos de trabalho árduo para provar o seu valor, os conselheiros já tinham se movimentado e alguns acionistas queriam o afastamento dela. Seu pai estava fazendo de tudo para conter os ânimos dos mais exaltados.Naquela manhã tivera uma reunião com o advogado da empresa, Liam e seu advogado Robert Brown. Ele estava grato por Liam não querer processá-los e pelo resultado positivo do final da reunião. Eles pagariam uma indenização justa a Liam e redefiniram um novo acordo comercial que seria vantajoso para todos.
***
- Toc, toc. - Marisa falou da porta do quarto de Christian segurando uma bandeja. - Está se sentindo melhor? - ela entrou no quarto e depositou a bandeja em cima da pequena mesa de café da manhã, sentando em uma das cadeiras.Da poltrona perto da janela de onde estava sentado Christian observou a irmã.- Achei que estaria com fome. Você não sai desse quarto desde a hora do almoço. Trouxe algo para você comer.
- Obrigado. Eu perdi a noção do tempo.
Marisa sabia que aquilo não era verdade. Seu irmão nunca perdia a hora pra nada. Ele era extremamente metódico com seus compromissos e horários.Ele levantou e sentou na outra cadeira olhando para o que tinha na bandeja. Bolo de carne, purê de batata, vagens e espiga de milho e de sobremesa duas fatias de bolo de chocolate. Olhando as duas fatias ele levantou uma sobrancelha em uma pergunta muda.
- Enquanto você come vou te fazer companhia. Ah, já ia esquecendo. - ela levantou da cadeira e saiu do quarto voltando um minuto depois com duas taças e uma garrafa de vinho tinto. - O saca- rolhas está na bandeja, faça as honras. - falou entregando a garrafa para ele.
Christian pegou a garrafa abrindo e servindo uma taça para cada um. Marisa ainda não tinha idade para beber, mas ele não faria caso com isso, pelo menos não hoje.
Marisa pegou sua taça fazendo um brinde silencioso sendo acompanhada por ele. Depois de beber um gole deixou a taça na mesa e pegou um dos pratos com bolo e um garfo começando a comer.
Imitando o gesto da irmã, Christian pegou o prato maior da bandeja.
Os dois passaram as próximas horas comendo, bebendo e conversando sobre diversos assuntos até ele se sentir confortável e contar sobre o assunto que vinha lhe tirando o sossego.
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MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGA
Historical FictionÉ inicio dos anos de 1960. É neste momento que conhecemos a historia de Liam Mulrooney e Alexander Harrison, que vivem na pequena cidade de Eudora, localizada no Condado de Dutchess, na região de Hudson Valley, estado de NY. Liam é um homem gentil e...