Família tradicional

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Mariana Azevedo.

Tive uma noite muito ruim depois de um mal estar, corri para o hospital e passei a noite inteira sendo acompanhada por uma equipe médica. — Lucas. — sussurro chacoalhando seu braço levemente.

Ele acordou num susto. — aconteceu alguma coisa, meu amor? — coçou os olhos sonolento ainda e eu olhei a hora no relógio da parede.

Dez da manhã. — disse em voz alta. — acho que podemos ir embora, estou me sentindo muito melhor e os exames confirmaram que tudo bem com o neném.

Você tem certeza que não quer ficar? — ele questionou levantando.

Não tem necessidade, não estava me alimentando e acabei passando mal. — observei o mesmo ir até a mesinha para servir um cafezinho na xícara. — temos também o chá revelação para realizar, a vida tem que continuar e eu tenho consultas que vão continuar afirmando que tudo vai bem com o neném.

Paquetá colocou muito adoçante em seu café e eu fiz careta imaginando o gosto doce demais que deve estar. — você que manda, patroa.

você estava dormindo todo torto na cadeira, vai ficar todo dolorido. — tive uma noite de sonho toda picotada, acordando todo momento e eu aproveitei para observar o sono do meu marido que dormia com uma expressão de paz.

lembrei neste momento que eu preciso ir para casa descansar na minha cama ortobom. — ele me fez rir depois dessa noite péssima. — eu vou chamar o médico para assinar a sua alta e vamos passar para buscar matteo com a minha irmã.

concordei observando o mesmo se retirar do quarto de hospital que parece um hotel cinco estrelas.
peguei meu celular e respondi algumas mensagens de pessoas que se preocupam conosco e aproveitei para tomar um banho, colocar minha roupa.

me retirei do hospital sentindo meu estômago revirando completamente. — esse seu filho nem nasceu e é apocalíptico igual você. — botei minha mão na boca quase vomitando.

matteo não deu tanto trabalho. — ele destrancou o carro e abriu a porta para mim. — certeza que é menina com a mesma personalidade da mãe.

eu era uma criança terrorista demais. — coloquei o cinto de segurança.

você ainda é apocalíptica demais e matteo segue indo no mesmo caminho. — ele implicou enquanto ligava o carro e eu revirei os olhos.
passamos no condomínio da luisa e ela arrumou matteo, cuidava do sobrinho como se fosse filho dela e eu confio demais em deixar ele com a tia.

matteo foi o caminho inteiro mordendo a chupeta enquanto eu conversava com o meu marido.
ele não precisava sinalizar, o seu carro era conhecido pelos funcionários da guarita de segurança e por esse motivo poderíamos passar direto para dentro do condomínio. — qual é a desse carro? — tinha uma Volvo XC40 Recharge Plus estacionada na calçada de entrada da nossa casa.

Oi, vocês finalmente chegaram. — minha mãe abriu a porta quando saímos do carro e eu olhei para matteo que não estava entendendo.

Minha irmã, meu irmão e meu pai saíram um atrás do outro. — o que vocês estão fazendo na minha casa? — perguntei muito confusa e meu marido também não estava entendendo.

a gente soube que você passou mal através da choquei. — meu pai coçou a sua barba e eu levantei a sobrancelha. — somos sua família e não sabemos nada da sua vida, ficamos preocupados com vocês a noite inteira e não foi justo que a família inteira do seu marido soube cada passos da madrugada.

fogo e gasolina - lucas paqueta Onde histórias criam vida. Descubra agora