Capítulo 11

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Novembro de 2022

      Sinto ferroadas no braço direito e abro os olhos. Verifico o local onde dói e vejo um furo, deformando os símbolos de tinta preta que tenho ali. Não é muito fundo, não chegou a atravessar o membro. Suspiro, me lembrando do episódio da noite anterior. Pelo menos, eu acho que era ontem, mas pelo estado da ferida parece que já se passaram dias.

      — Você finalmente acordou — Elizabeth aparece em um vestido floral.

      — Você não havia ficado em uma ilha, tipo, muitas milhas atrás? — tento me levantar da cama, mas me sinto um pouco tonta. Então apenas me mantenho sentada.

      — Há, sim — com algum antisséptico em um linho branco, ela limpa minha ferida, estremeço um pouco ao toque. — Mas um jet-ski é muito mais rápido do que toda essa embarcação.

      Certamente.

      Elizabeth enrola um curativo no meu braço machucado.

      — Por que está fazendo isso? — Pergunto quando ela termina.

      A prima de Benjamin me analisa por um bom tempo antes de responder.

      — Sabia que foi o Ben quem salvou a sua vida? — Pisco — Sim, ele pulou na água por você. Sinta-se grata.

      Lembro-me vagamente de ver alguém nadando até mim antes de tudo obscurecer. Realmente era ele?

      — Agora coma — ela aponta para uma bandeja de comida sobre a mesa de cabeceira — deve estar faminta já que faz uma semana que está aí. Voltarei em algumas horas para limpar novamente o ferimento...

      — Não precisa — corto-a — eu mesma posso fazer isso, apenas deixe os curativos sobre a mesa.

      — Tudo bem, então. Vou buscá-los.

      E assim ela se retira, para voltar logo depois com os esparadrapos e o antisséptico.

     — Precisa de mais alguma coisa?

      Nego com a cabeça.

      — Se precisar é só gritar e o pirata que está vigiando sua porta, lhe ajudará — Elizabeth abre-a revelando o cara propriamente dito.

      Arqueio uma sobrancelha.

      — É a sua segunda tentativa de fuga, acha mesmo que Ben não tomaria medidas a partir disso?

      — Na verdade, eu acho que ele está um pouco atrasado — faço uma pausa — esperava que ele as tomasse desde a primeira.

      Ela inclina um canto do seu lábio e meneia a cabeça, antes de sair.

      Observo a bandeja e pego o copo de água, bebendo o conteúdo. Mastigo uma torrada e pego o livro que não havia conseguido terminar de ler antes.

      Termino a história e deixo o livro sobre a cama, enquanto me levanto. Meu corpo está um pouco estranho, já faz um tempo que não fico de pé. Mas consigo andar até o banheiro e tomo uma boa e longa ducha. Após, com uma toalha enrolada no corpo e outra no cabelo, sigo até a mesa onde os curativos estão acomodados. Faço o mesmo procedimento que Elizabeth havia feito mais cedo e tendo acabado, sigo até o closet. Encontro um conjunto de moletom e o visto. Abro a porta apenas uns centímetros e vendo o marujo ainda ali, bufo. Torno a fechá-la e volto para a cama.

      Um barulho me desperta, nem percebi que acabei dormindo. Demoro um tempo maior do que o necessário para perceber que o som que me acordou era de batidas na porta.

Coração PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora