Capítulo 15

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Dezembro de 2022

— Vim avisá-la de que ancoramos em Aellen e seria bom você sair um pouco da sua cabine para variar.

Abaixo o livro e, sobre ele, vejo Elizabeth sair do quarto. Ok.

Aellen? Claro, no mapa, vi a marcação sobre essa ilha quando investiguei o escritório de Ben.

Vestida com uma calça preta de couro, uma camiseta branca, com um espartilho marrom por cima e botas de mesma cor, saio da cabine.

— Estamos todos prontos? — Jack pergunta quando apareço.

Benjamin e Elizabeth acenam com a cabeça.

— Margot — Ben se refere a garota morena de tranças na sala.

— Sim, capitão?

— Cuide do navio enquanto estivermos fora. Você já sabe o que fazer.

Ela faz uma simples e rápida mesura.

— Vamos nessa, então — Jack segue para a saída — Uma Merida, possivelmente, brava, nos aguarda.

Me pergunto quem seria essa, mas logo que saímos do navio, uma garota com cabelos cacheados e avermelhados aparece na minha zona de visão, não preciso insinuar muito para saber quem ela é.

— Como puderam me abandonar nesse lugar idiota e aparecerem só agora? — Merida dá um tapa de brincadeira em Ben.

— Como pude, sequer, sentir saudades de você? — Ele diz, fingindo estar ofendido.

— Adorável como sempre — Ela revira os olhos, o abraçando.

Um certo sentimento que não consigo entender, aperta meu estômago. Deve ser fome, eu não me alimentei ainda.

Merida, terminando com Ben, vai até Beth e elas se abraçam, demoradamente, com ênfase no demoradamente e, com nada mais nada menos, se beijam. Os LGBTQIA +, depois de passarem por muitos perrengues para serem aceitos em uma sociedade imoral, são totalmente naturais agora. Só não imaginava que Beth se encaixaria nessa colocação.

Sorrio. Ela é uma caixinha cheia de surpresas. Mas, de qualquer forma, não deixo de perceber que Merida não parece fazer seu tipo. Porém, eu não sei de nada e posso estar muito enganada quanto a isso, aliás, eu não conheço nenhuma das duas.

— Meninas, — Jack limpa a garganta — temos companhia.

Então ela, enfim, se vira para mim. Seus grandes e lindos olhos vermelhos como fogo estão me encarando. São tão profundos e intensos que fico sem reação. Benjamin me salva.

— Meri, essa é Anne.

Consigo estender a mão em cumprimento, mas ela a deixa de lado e me dá um abraço. Fico momentaneamente surpresa, mas consigo retribuí- lo. Ela se afasta e Ben começa:

— Como ficou a ilha desde que fomos embora?

— Um perfeito silêncio — seus cílios piscam, em inocência.

— Entediante, então.

— E como...

— Enfim, precisamos resolver algumas coisas e falar seriamente com você — Elizabeth diz para Merida.

— Vamos para a minha casa, então.

Descemos uma rua íngreme e paramos em frente a um casebre de pedra escura, próxima ao mar.

Coração PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora