Capítulo 12

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Dezembro de 2022

      Depois de algumas horas aguardando a maré ficar baixa, enfim entramos na caverna. Benjamin me entrega uma pequena mochila e uma lanterna, acendendo a sua própria para nos guiar, já que está assustadoramente escuro aqui dentro. Coloco a mochila às costas e movo minha lanterna pela escuridão. Quase grito quando os morcegos começam a voar, me alarmando. Ben ri do meu amedrontamento e eu faço cara feia para ele.

      — Como iremos encontrar o livro com toda essa sujeira?

      Meus joelhos estão atolados em lama e o cheiro não está nada agradável, o que me faz ficar um pouco enojada.

      — Bem, pelo que eu soube — Benjamin abre espaço para eu passar na frente. — Você o sentirá.

      — Como é?

      Do que ele está falando? Eu nem sei do que se trata.

      Ben solta uma respiração como se estivesse cansado de me explicar as coisas, mas ele não me contou quase nada.

      — Apenas deixe que o objeto chame você. Serão como garras atravessando seu corpo.

      Que caralho?

      — Você está brincando, né? — Tento sorrir, mas estou mais preocupada do que qualquer outra coisa.

      Ilumino o rosto de Ben e sua expressão muito séria é quase cômica.

      — Minha preocupação está sendo justificada — ele bufa. — Por favor, não seja tão ingênua.

      — Não estou sendo ingênua, eu apenas não entendo nada do que você está dizendo e isso sim é justificado.

      Benjamin me ignora, se afastando.

      — Quero ver como você irá reagir quando as portas se abrirem com o seu sangue.

      Ele diz isto tão baixo, mas ainda consigo ouvi-lo. Estreito meus olhos, indo atrás dele.

      Mas que porra está acontecendo aqui?

      Chegamos a uma bifurcação com quatro caminhos diferentes. Ben se vira para mim, seus olhos pacientes, esperando que eu aponte a direção. Arregalo meus olhos. Como eu vou saber? Quem inventou algo assim tem um humor maçante.

      Abro a boca para soltar algum comentário ridículo, mas minha pele começa a formigar e os pelos dos meus braços e nuca se arrepiam. Algo me puxa para o lado esquerdo.

      Sigo a força invisível e sinto Ben ir atrás de mim.

      Em algum momento seguindo por aquele caminho, sinto aquele formigamento novamente.

      — Ele está aqui — aponto para baixo no meio de toda aquela lama.

      Me inclino para baixo, estremecendo ao toque da lama gelada e me recusando a pensar nos caranguejos e nos troços que arranham minhas mãos.

      — Rápido, a maré pode subir a qualquer momento.

      Sibila Benjamin, mas se abaixa para pegar a lama pesada e densa, cavamos e cavamos até estarmos sujos e ofegantes perante uma porta de pedra.

      Começo a sentir calafrios e algo percorre, como relâmpago, por meu corpo. Não é desconfortável, mas evidente. Raspo a lama da porta para poder abri-la, mas...

      — Está selada.

         — É um feitiço de sangue, Anne. — Ele argumenta.

      Nem tenho tempo de discutir quando ele pega um de meus dedos e o espeta com uma de suas facas.

Coração PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora