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Seu oponente encontrava-se confiante após ter matado a rainha de Beatrice. A mesma sorriu com os movimentos precisos, fazendo assim com que o garoto à sua frente arregalasse os olhos ao receber um xeque-mate da morena.

— Uau baixinha! Você é boa.

Foi a vez da garota arregalar os olhos. Olhou para trás, tendo a visão do loiro vestido com a regata do time de basquete, junto de um sorriso presunçoso devido ao susto de Beatrice.

— O que está fazendo aqui, Dugray? — Perguntou impaciente, virando-se para o tabuleiro novamente.

— Acredito que nós dois estamos aqui pelas atividades extracurriculares. — O loiro puxou uma cadeira ao seu lado enquanto se explicava.

— Sim, claro. — Concordou irônica. — Deixe-me ser mais clara. O que está fazendo no Clube de Xadrez?

— Ah sim... Acabou meu treino, então quando eu estava saindo reconheci esse cabelo preto pela janela. Fiquei surpreso, mas logo a ficha caiu que é bem a cara de alguém que odeia seres humanos.

— Eu odeio você.

— Eu sei, Mary. Posso ser visto como um deus grego para você, mas eu estou me incluindo nos "seres humanos".

Tristan continuava com aquele sorriso estúpido estampado em seu rosto. A morena sabia que o único objetivo do garoto ali era a tirar do sério, mas era inevitável não se irritar com o divertimento em seu olhar.

— Você só é visto como uma aberração mesmo. Abaixe esse ego.

Sua fala foi fria. A garota olhou para o loiro que direcionava o olhar para a pessoa na frente do tabuleiro. Quando a mesma se virou, o seu oponente já estava encolhido do outro lado da mesa, com outra dupla.

— Inacreditável. — Bufou.

Levantou e pegou seu tabuleiro de xadrez, passando pelo garoto. Saiu da sala indignada, andando até o seu armário. Para a infelicidade da garota, seus livros estavam todos jogados, dificultando a mesma de guardar seu tabuleiro.

Tristan se encostou no armário ao seu lado. A morena retirou todos os materiais que se encontravam lá dentro os estendendo para o garoto.

— Já que acabou com o meu jogo, segure isso enquanto eu arrumo essa coisa.

O loiro riu com o jeito que a garota referiu-se ao compartimento de lata. Segurou os materiais da baixinha, tendo a visão dos gigantes livros que a mesma lia.

Seus olhos logo focaram na garota de um metro e sessenta, que se encontrava concentrada em sua organização. Seu cabelo curto estava preso em um rabo de cavalo, deixando sua franja perfeitamente arrumada.

— Romance? — Beatrice voltou-se para o garoto.

— Sim. — Falou pegando os seus livros de volta.

— Deve ler imaginando nós dois.

A garota não respondeu. Fechou seu armário, virando o seu corpo em direção à saída. O loiro a seguiu. Deixar a mesma em paz sequer era uma opção.

— Só estou falando, Mary. Quem cala consente.

— Sua visão de consentimento é totalmente distorcida.

— E sua ideia de me ignorar é facilmente quebrada.

A mesma fechou os olhos com força, tentando sair de perto de Dugray o mais rápido possível. Tentar correr do garoto era quase que impossível, principalmente quando o mesmo era alto e a alcançava sem esforços.

— Vai ir andando? — Perguntou.

— Espero que não esteja planejando me dar uma carona, porque eu sei pensar em vários modos de negar. Confesso que alguns não são muito educados.

— Já me coloquei no meu lugar! — Ergueu suas mãos como estivesse se rendendo.

Foi nesse momento que Beatrice paralisou, afinal, Tristan já estava inclinado sobre seu rosto, pressionando um beijo em sua bochecha.

— Que fofa! Você está ficando vermelhinha.

— Calado. — Falou tentando esconder o seu rosto. — E se você quer saber não é por vergonha que eu estou assim!

— Eu sei, Mary. Só que às vezes é bom fantasiar. — Soltou um sorriso, logo virando suas costas. — Até porque eu leria um livro idiota de romance pensando em você, docinho.

Foi a vez de Beatrice olhar o mesmo se afastando. "Docinho' que apelido brega", pensou. Apertou seus dentes quando o mesmo a flagrou o olhando. Dugray abaixou a janela de seu carro e a mandou um beijo. A morena levantou seu dedo do meio e saiu em passos rápidos do local.

• ⭒ •

Puxou o livro da estante. Havia terminado a prova mais cedo e foi na biblioteca passar o tempo. Achava melhor, já que não atrapalhava os colegas que faziam a prova e ajudava a mesma a desviar da ansiedade sobre a sua nota.

Procurou alguma mesa, mas todas estavam ocupadas. Suspirou ao ver o cabelo loiro e andou até a cadeira ao seu lado. Geller a encarou e Bea abriu um sorriso amarelo.

— Posso? — Perguntou ao colocar sua mão no encosto

— Tudo bem.

Beatrice quase deixou seus olhos saltarem para fora de seu rosto ao ver Paris concordar com o acontecimento. Esperava uma resposta afiada, ser ignorada ou que ela simplesmente se levantasse e saísse do lugar, mas ela concordou.

Desconfiada, sentou-se na cadeira. Abriu um livro de poesias e tentou ler, mas não deixou de notar a garota ao seu lado olhando inquietamente para todos os lados.

Ouviu Geller respirar fundo algumas vezes e olhou para a mesma. Mordeu seus lábios pelo impulso de perguntar se ela estava bem — até porque claramente não estava — e estendeu sua garrafa para a garota, que pegou sem pensar duas vezes.

— O que aconteceu? — Perguntou enquanto Paris tomava a água.

— Nada. — Respondeu no instante que deixou a garrafa em cima da mesa.

— Olha Paris... eu não vou te forçar a falar nada. Só quero que saiba que eu realmente quero ajudar, já que guardar para si mesma não vai adiantar nada.

A loira pareceu pensar por uns instantes. As duas se encaravam preocupadas. Otinger pela inquietação no olhar da garota à sua frente. Paris por medo de confiar em quem não deveria.

— Bom, eu tenho calmante aqui e...

— Não precisa. — Interrompeu a fala de Otinger, pegando os seus livros e saindo da biblioteca.

A garota não soube o que pensar. Suspirou com o nervosismo, jogando sua cabeça para trás e deixando que a dor de cabeça tomasse conta de si.

É, ela realmente estava preocupada com Paris Geller.






"One baby to another says, 'I'm lucky to have met you'
I don't care what you think unless it is about me
It is now my duty to completely drain you
I travel to a tube and end up in you infection"
DRAIN YOU - NIRVANA

𝐇𝐎𝐒𝐓𝐀𝐆𝐄, ᴛʀɪꜱᴛᴀɴ ᴅᴜɢʀᴀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora