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Beatrice permanecia deitada no sofá, de olhos fechados. Ainda eram oito e trinta e seis, sua mãe logo chegaria. Seus pensamentos voaram vagamente para o que Tristan havia lhe dito sobre Paris, mas logo aquilo foi substituído pelo loiro a descrevendo. Desde quando não estava mais sozinha? Como nunca notou?

Suas bochechas esquentaram violentamente ao perceber que estava pensando no loiro, mas estava imersa demais para notar seu rosto avermelhado. Há anos que Tristan tentava passar pela "muralha", mas por quê? O que a garota tinha de tão especial? Ele a considerava bonita... era isso?

A garota simplesmente deixou de ser invisível por conta própria ou ele havia tirado ela de lá? Todo mundo conhecia o Príncipe de Chilton, então por que ele falaria com a mesma do nada? Ou será que foi invisível apenas para os próprios olhos?

A mesma respondeu a pergunta com facilidade: Não. Sentiu os olhos lacrimejarem, lembrando de todas as vezes que tentou se aproximar dos colegas na escola, as vezes que ouviu todos falarem sobre festas que nem sequer sabia da existência, das vezes em que sonhou ter uma noite de garotas. Nunca teve amigos para nada, agora estava "cercada de pessoas", desde quando?

Abriu os olhos quando sentiu a primeira lágrima escorrer, ignorando a ardência e se forçando a olhar para o único abajur aceso. Sentou no sofá e respirou fundo, enquanto falhava em tentar espantar as diversas perguntas que a torturavam.

Seus devaneios estavam cada vez mais intensos, dificultando sua atenção quando sua porta abriu. Foi exatamente o que aconteceu, sua audição captou o barulho, Otinger, por outro lado, sequer reparou até que uma voz cortasse o silêncio.

— Credo, Beatrice! Parece uma assombração sentada no escuro desse jeito! — A garota assustou-se ao ouvir a voz de sua mãe.

Limpou as lágrimas rapidamente, fungando e olhando para a Otinger mais velha. O sorriso sumiu do rosto Judy, deixando de lado as provocações.

— Oi mãe. — A mais nova sorriu forçadamente.

— Por que estava chorando? Quem foi o desgraçado que fez isso com você?

— Está tudo bem.

— Com certeza... — A respondeu com sarcasmo.

— Mãe, eu só queria saber o dia que vocês marcaram aquela noite de jogos.

A mais velha suspirou, indo em direção à filha e sentando ao seu lado no sofá. A mulher levou suas mãos para o cabelo da mais nova, fazendo um leve carinho e franzindo as sobrancelhas em preocupação.

— Provavelmente vai ser perto do Natal.

— Mas ainda estamos em outubro!? — Exclamou confusa.

— Eles são de famílias chatas que tem que marcar com antecedência e tudo tem que estar perfeito. Além disso, eles querem comemorar a data juntos.

— A gente não vai passar o Natal em Stars Hollow?

Judy respirou fundo e então negou com a cabeça. Bea deixou sua expressão aborrecer-se mais uma vez, tombando sua cabeça para trás. Queria fugir desse mundo e passar um tempo com alguma amiga, pelo menos uma vez.

— Por que está assim?

— Porque eu estava usando drogas, mãe. — A garota brincou, arrancando um pequeno riso da mais velha.

— Agora me diga a verdade. — Voltou a acariciar o cabelo da filha e puxou a mesma para que se deitasse no seu colo.

— Não sei. Só estava pensando um pouco...

— Odeio fazer isso.

— É, eu também. Eu só fiquei reparando que agora eu tenho algumas pessoas na minha vida, além da minha mãe, claro.

𝐇𝐎𝐒𝐓𝐀𝐆𝐄, ᴛʀɪꜱᴛᴀɴ ᴅᴜɢʀᴀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora