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— ...e, então, nós nos beijamos. — Beatrice terminou a história, olhando para a rua pela janela do Luke's.

Uma semana havia se passado. Já fazia uma semana do beijo. Demorou uma semana para conseguir contar para as suas amigas e, por incrível que pareça, tudo estava normal. Bem, quase tudo, pois Tristan ainda a provocava, ainda passava cantadas ridículas e ainda fazia questão de a deixar sem graça. Beatrice perdeu as contas de quantas vezes segurou a vontade de gritar com o loiro. Mas, apesar disso, não conseguia olhar no seu rosto sem lembrar do momento após o baile... ou do modo em que o garoto se preocupou quando notou o quanto aqueles sentimentos eram novos para Beatrice. Tudo isso havia acontecido em uma semana.

— O que eu perdi? — Paris perguntou, entrando no estabelecimento e sentando-se ao lado da Bea.

— Beatrice e Tristan se beijaram depois do baile. — Rory falou rapidamente e a loira arregalou os olhos.

— Meu Deus!? — Geller exclamou. — Não acredito que deu certo!

— Eu mereço mesmo. — A Otinger bufou, deitando a cabeça na mesa.

Lane levou a mão e acariciou os fios pretos do cabelo da baixinha. Era engraçado ver as quatro reunidas na lanchonete, principalmente quando Kim e Geller não se conheciam e trocavam breves olhares. Beatrice não fazia questão alguma de as ajudar, estava perdida demais nos seus pensamentos sobre um certo loiro. Ou melhor, um certo loiro descobrindo que foi o seu primeiro beijo. Quando soube, ficou extremamente chocado, mas — como tudo que é bom dura pouco —, Tristan passou a lembrá-la a cada dois segundos.

Na terça-feira, um dia após os dois se entenderem, Dugray a abordou enquanto a baixinha mexia no seu armário. Foi um choque, claro, mas o garoto não perdeu a oportunidade de lhe dizer: "Mary, acho que eu mereço uma foto por ser o seu primeiro..." Bem, Beatrice não deixou que o mesmo terminasse a frase, pisando no seu pé antes que o loiro pronunciasse a última palavra. Isso arrancou algumas risadas... dela. Em sua defesa, ele falava alto demais.

— Já decidiram o que irão pedir? — Luke parou ao lado da mesa.

— Vou querer um café. — Beatrice respondeu, levantando a cabeça.

— Não vai comer nada?

— Não, só quero um café mesmo. — Afirmou.

— Você vai acabar com o seu estômago.

— Está bem, mãe. — A garota riu nasalado, vendo o homem respirar fundo. — Um café e um pão com queijo.

— Uma xícara de chá e um pão com queijo. — Concluiu o pedido, ouvindo a morena começar a negar. — Vão querer o que, garotas?

Beatrice bufou, vendo o homem a ignorar e anotar o pedido das suas amigas. Lane sorriu quando Luke saiu da mesa, olhando para a Bea, jogada contra o encosto da cadeira e com os braços cruzados em pura descrença. O biquinho formado em seu rosto, juntamente à suas sobrancelhas franzidas, fizeram a asiática rir. A baixinha virou-se para a garota que riu, negando com a cabeça, reprimindo um sorriso e rindo nasalado para a amiga. Sabia que mesmo que pedisse café diversas vezes, ele negaria. Ainda que Luke fizesse imensas xícaras de café, só deixaria as pessoas tomarem se tivessem plena certeza de que não faria mal... pelo menos era o jeito que agia com as Gilmore e a própria Bea.

— Às vezes o Luke é protetor demais. — Reclamou para a asiática.

— Ele é casca dura, mas tem um coração mole. — Kim concordou.

— Não sei não. — A Otinger riu. — Pode ser que ele só esteja sendo um rabugento. — Falou, olhando para o homem no balcão, que exibia uma carranca para a de cabelos pretos.

— Você demorou uma semana para nos contar sobre isso? — Rory retomou o assunto.

— É verdade. — A loira concordou. — É melhor que Tristan tenha uma boa explicação para não ter falado nada até agora.

— Não comecem. Uma semana ainda é bem recente, não demorei nada para contar para vocês.

— A Judy sabe? — Lane perguntou.

— Bem, quando eu cheguei em casa ela estava deitada.

— Dormindo? — Geller a olhou.

— Acredito que sim. — Beatrice mordeu o interior das bochechas. — Espero que sim.

Rory soltou uma risada, chamando a atenção das três amigas. Não que tivesse a intenção de rir do comentário, mas apostava que, se Judy soubesse, já estaria soltando fogos em comemoração. Este seria, sem sombra de dúvidas, o evento do ano. A Gilmore se apoiou em seus cotovelos na mesa, vendo a forma com que Beatrice parecia envergonhada sobre o assunto. Porém, os olhos a denunciavam, pela forma com que a de cabelos pretos não sentia remorso algum ao falar sobre Tristan na mesa. Realmente havia algo mudando; eram os sentimentos de Beatrice Mary Otinger.

— Bom, se a Judy tivesse visto, a minha mãe já saberia. — Rory a confortou. — E você realmente acha que Lorelai Gilmore ficaria quieta sobre isso? Uma semana é tempo o suficiente para ela falar disso comigo.

— É, você está certa. — Concordou. — Tudo bem, já deu sobre esse assunto. Lane, como está com a sua mãe?

— Normal. — Suspirou. — Na verdade, estou aprendendo a tocar bateria.

— Sua mãe deixou? — A Otinger perguntou surpresa.

— Esse é o problema... — A Kim desviou o olhar. — Ela não sabe.

— E aonde foi que você arranjou uma bateria?

— Bom, uma vendedora deixou eu tocar na loja. Só estou me sentindo meio culpada por não contar para ela.

— Ah, Lane, não fica assim. — A Gilmore a olhou.

— É. — A de cabelos pretos sorriu. — Não é sua culpa ela ser tão conservadora... Além disso, não acho que ela iria reagir bem se você a contasse.

— Eu só estou cansada de esconder tudo dela. — A asiática abriu um sorriso deprimido. — Estou cansada da forma que ela já planejou a minha vida inteira.

— Eu sinto muito. — A Gilmore falou.

Por outro lado, Paris se mantinha quieta do seu lado na mesa, o que fez a de cabelos pretos a observar. A loira continuou a encarar Lane. "O que estava acontecendo?", foi o que a Otinger se perguntou. Esperava que a Geller se soltasse um pouco perto de Rory e até mesmo a própria Beatrice.

Enquanto a Kim e a Gilmore mudavam de assunto, a Otinger continuou observando a loira que não tinha expressão alguma em seu rosto. A forma com que, ao mesmo tempo que olhava para a asiática, parecia que a garota não olhava para nada. Os olhos vazios e inexpressivos, Paris Geller estava claramente repleta de devaneios.

— É, minha mãe quer muito abrir aquela pousada. — Rory sorriu, olhando para a mesa.

— É o sonho dela. — Lane disse enquanto Luke se aproximava para entregar os pedidos. — Além disso, Lorelai e a Sookie já têm experiência o suficiente para serem suas próprias chefes.

— Elas vão abrir a pousada? — Luke perguntou, deixando os alimentos na mesa.

— Elas estão procurando o lugar certo, mas querem abrir. — Rory atualizou.

Beatrice mordeu o interior da bochecha direita... "Como será que Lorelai estava em relação ao Luke?" Parece que quem estava viajando em seus próprios pensamentos era a própria Otinger. Olhou diretamente para a xícara de chá à sua frente. Aparentemente o chá foi a melhor escolha, visto que já precisava acalmar os pensamentos que lotavam a sua mente. Se perguntava o porquê a mãe de Lane era tão rígida ou o porquê Luke e Lorelai não percebiam os sentimentos um pelo outro. Porém, agora quem a olhava era Paris, que deixou escapar um suspiro enquanto tinha os olhos focados diretamente nos de Beatrice, em um silencioso pedido para conversarem mais tarde.





"No more will my green sea go turn a deeper blue
I could not foresee this thing happening to you
If I look hard enough into the setting sun
My love will laugh with me before the morning comes"
PAINT IT, BLACK - THE ROLLING STONES

𝐇𝐎𝐒𝐓𝐀𝐆𝐄, ᴛʀɪꜱᴛᴀɴ ᴅᴜɢʀᴀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora